O café expresso estava esfriando na mesa, permanecendo intocado por seu dono. Aquela era uma das cafeterias preferidas Changkyun, era quente o suficiente para lhe deixar confortável naquele frio típico de Boston. Além disso, as janelas grandes do estabelecimento entregava uma vista linda do porto da cidade.
Changkyun observava por aquela janela as ondas quebrando nas rochas. O mar era mais escuro e não havia uma praia bonita, mas sua mente insistia em se lembrar do verão passado na Coreia do Sul. Em seus ouvidos, uma melodia suave era sua trilha sonora, o fazendo se sentir ainda mais melancólico.
Não gostava de pensar sobre Kihyun. Não gostava de relembrar como ele conseguiu encontrar e perder tão rapidamente o seu destinado. Recordar o dia em que ele se deitou com Kihyun não era tão agradável em sua mente, pois ela sempre relembrava também das lagrimas e das palavras ditas.
No dia, não pensou muito sobre o que faria. Changkyun desejava correr atrás de Kihyun e pedir perdão de joelhos por tudo que tinha acontecido, por toda a confusão que foi desenvolvida na vida dos dois. Mas o desejo do fotógrafo era que Changkyun sumisse de sua vida, então foi o que o garoto fez. Juntou suas roupas e sua bagagem com uma velocidade invejável, nem mesmo se justificou direito com seus recentes amigos sobre o que havia acontecido, apenas pediu um taxi e foi embora o mais rápido possível.
Pensar naquilo o machucava, e muito. Olhando para trás, entendia o quão errado foi ao esconder algo que importava tanto a Kihyun. Contudo, sentia-se ainda mais chateado quando pensava como o outro havia sido egoísta, pensando somente em sua dor e não a de Changkyun. Ele havia sofrido tanto, estava sozinho a tanto tempo.
A relação entre duas pessoas que tem problemas não resolvidos consigo mesmo tende a ser muito difícil.
Tanto Kihyun quanto Changkyun tinham suas próprias magoas do passado. Ambos não sabiam como lidar com a dor da perda e tendiam a se fecharem, se deixarem consumir em sua própria angústia sem buscar ajuda.
De toda forma, Changkyun agora entendia. Ele teve muito tempo para pensar sobre aquele feriado, na verdade, já havia se passado quase um ano desde a ocasião.
Ele não teve coragem de procurar Kihyun, apenas seguiu sua vida. Conseguiu se reerguer, havia voltado para sua antiga casa e enfrentado as lembranças que residiam naquelas paredes, lutando para que a pior parte do luto fosse embora, até que restasse apenas sentimentos bons e a saudade de seu querido pai. Demorou algum tempo, mas Changkyun conseguiu. Agora ele vivia tranquilamente, com seu emprego estável de horários flexíveis, uma boa casa para morar e um certo conforto financeiro.
Contudo, quando Changkyun saía do banho e deparava com seu reflexo em frente ao espelho, ele jamais assumiria que desviava o olhar e tentava se vestir rapidamente. A tatuagem ainda estava ali em seu peito, forte e brilhante, carregando o nome de quem ele gostaria de esquecer.
Porque, no final do dia, Kihyun se tornará o fantasma que o assombraria para sempre. Um reflexo paralelo de como poderia ser a vida de Changkyun ao lado de seu destinado para sempre.
Mas Changkyun manteria sua decisão. Era desejo de Kihyun nunca mais o ver, e ele cumpriria isso se fosse para que seu destinado nunca mais sofresse.
- Você vai querer algo para acompanhar seu café? – Uma voz soou mais alto que a melodia tranquila nos fones de Changkyun. Era a garçonete daquele lugar, uma moça que já lhe era familiar, seu sorriso era grande e ela não era nada feia. Típica beleza norte-americana.
Changkyun retirou seus fones e se assustou quando sua voz saiu mais rouca que o normal, em consequência da falta de uso. – Não, obrigado.
- Tem certeza? – Ela insistiu com uma simpatia que ia além de tentar convencer os clientes a consumir os produtos do estabelecimento. – Acabou de ficar prontos aqueles bolinhos que você sempre compra. Acho que você está precisando de algo a mais para adoçar sua vida, Chris.
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Tatuagens e Amores {Changki} - Completa
RomanceEm um universo onde as pessoas normalmente nascem com o nome de sua alma gêmea tatuada em sua pele, um grupo de amigos que não se reunia há muito tempo por conta de suas vidas adultas ocupadas, por conta de um longo feriado que estava chegando, deci...