Henry. Esse era seu verdadeiro nome. Ele acabou nossa brincadeira. Não queria mais ser meu Ross, o Ross da Rachel.
E de que namorado ele estava falando? E por que estava agindo tão friamente comigo?
Voltei ao restaurante e continuei o meu atendimento. A próxima hora passou rápido e logo já estávamos indo embora.
- Não tive tempo de perguntar, mas o que você foi falar com o boy magia? - perguntou John enquanto terminava de limpar as últimas mesas.
- Só queria agradecer pela ajuda e pedir desculpas pelo que presenciou.
- Hum, sei. E ele?
- Não estava de bom humor aparentemente – dei de ombros.
- Deve ter acontecido alguma coisa, ele saiu bem sério daqui, parecia chateado. - concordei com a cabeça.
- Podem fechar a porta da frente, eu vou levar o lixo pelos fundos e saiu por lá mesmo. - avisei ao John e a Kim.
A Mary saiu um pouco antes de nós assim que limpou a cozinha e o Jack ia ficar dentro da lanchonete fazendo as finanças da noite.
A noite estava escura, sem nenhuma estrela no céu, parecia que uma tempestade se aproximava e eu estava torcendo para ela só cair quando eu chegasse em casa. Ao passar pelo beco da décima avenida escuto um som atrás de mim. Alerta, eu procuro sua origem, mas nada vejo.
Deve ter sido só um gato. - penso.
Escuto passos atrás de mim e quando me viro novamente, vem a surpresa. O amigo do barbudo que me deu o tapa na bunda está vindo em minha direção. É claro que não pode ser boa coisa, ele e eu, a esta hora em uma rua deserta. De qualquer forma não ia esperar para saber quais suas intenções e começo a andar rápido, então o barbudo nojento aparece na minha frente.
- Onde pensa que vai vadia? - disse sorrindo.
- O que você quer? Já não basta o banho que te dei? - falo alto, tentando não demonstrar medo, mas meu coração já estava descompassado.
- Pois é boneca, aquele banho não foi suficiente para... Como foi que você disse mesmo? – ele dá um sorriso malicioso e vejo seus dentes amarelados por trás da farta barba – Não foi suficiente para apagar o fogo que tenho por você.
- Eu vou gritar, é melhor você me deixar passar. - estou de frente para ele, a poucos metros de distância.
- Pode gritar, você acha que alguém vai lhe escutar? - soltou uma gargalhada.
Eu sabia que não teria chance de correr por ele, mas mesmo assim tentei. Meu corpo já tremia de medo. Ele pulou bem na minha frente impedindo minha passagem, ficamos em zig zag até que eu entendi que jamais conseguiria passar por ele, então tentei correr na outra direção, mas o amigo dele, já estava bem atrás de mim impedindo qualquer passagem.
- Por que você não facilita nosso trabalho e fica bem quietinha, hein vadia? - os dois vieram em minha direção e fui dando passos para trás até sentir minhas mãos tocarem a parede, e percebi que estava encurralada, eu só podia tentar mais uma coisa: Gritar.
- Socorro, alguém me ajuda! - gritei com toda a força, mas como ele falou, ninguém iria me escutar àquela hora da noite.
Ao perceber que eu continuava gritando, ele empurrou meu corpo com força contra a parede fazendo com que eu batesse minha cabeça, fiquei fraca com a pancada e minhas pernas amoleceram. A dor que sentia era insuportável. Eu os vi se aproximar e passar a mão por meus braços em direção ao meu colo, eles falavam palavras que não conseguia entender, os escutava ao longe, apesar de estarem tão próximos, meus sentidos estavam falhando.
Senti a barba asquerosa percorrer meu pescoço e o pânico me dominou. Eu queria empurrá-los, mas meus braços não tinham força. Era como se eu não tivesse mais o controle do meu próprio corpo. Eles haviam bebido, podia sentir o cheiro do álcool em seus hálitos tão próximos do meu rosto. De repente, sem compreender muito o que acontecia a minha volta, vi um deles ser jogado para longe, enquanto o outro olhava espantado. Ele xingou e logo me largou, também sendo jogado longe. Percebi que eram eles que me mantinham em pé, por que assim que suas mãos largaram meu corpo, eu desabei no chão.
Começou a chover, as gotas batiam em meu rosto misturando-se as minhas lágrimas que escorriam freneticamente. A chuva meio que fez meu corpo despertar e depois de piscar várias vezes, consegui identificar os contornos de um homem dando socos em outro que estava deitado no chão. Percebi então que um dos barbados – o amigo do nojento – se aproximou por trás do que batia, tentando pegá-lo de surpresa. Mas não conseguiu, ele levou uma rasteira e caiu, sendo atacado com um soco logo em seguida.
Eu precisava me levantar e correr, não podia ficar caída ali, esperando para ver o que ia acontecer, eu era de longe a mais indefesa naquele beco. Tentei me mover, mas minha cabeça doía, latejava, na tentativa de aplacar a dor insistente eu passei a mão entre meus cabelos e senti um liquido quente, era sangue. Meu sangue. Muito provavelmente da batida na parede. Isso me assustou mais ainda, eu precisava suportar a dor que fosse e ir embora antes que tudo piorasse. Com cuidado, consegui ficar sentada e então outro susto. Uma mão pegou em meu ombro e se abaixou a minha frente, eu não acreditava que isso estava acontecendo novamente, eu achei que conseguiria fugir, mas não fui rápida o suficiente.
Comecei a me contorcer e bater os braços na pessoa.
- Não! - gritei suplicante. - Fique longe de mim!
Não sabia quem me segurava, por que o nervosismo era tanto, que sequer conseguia abrir os olhos, só queria que aquilo acabasse o mais rápido possível. A pessoa então segurou meus braços e não consegui mais me movimentar, ele era forte demais.
- Você está bem? - a voz me perguntou e eu nem sabia o que responder – Vai ficar tudo bem, fique calma, está tudo bem agora, ninguém vai te machucar. - a voz falou de forma branda me acalmando, isso me deixou confusa.
Criei coragem e abri meus olhos, percebo que o desconhecido me examina com intensidade, meu coração batia tão alto que mal conseguia ouvia a sua voz. Apesar de estar escuro e com alguns cabelos molhados no rosto dificultando minha visão, aquele azul penetrante do seu olhar só podia ser de uma pessoa.
- Ross? – Sussurrei e ele abriu um sorriso perfeito enquanto tirava as mechas de cabelo do meu rosto.
- Vai ficar tudo bem Rachel, eu vou cuidar de você.
E ao ouvir essas palavras, seus olhos azuis foram ficando distantes, e cada vez mais escuros... Eu não queria me distanciar deles, mas eles iam embora lentamente... Eu perdi os sentidos.
Não sei quanto tempo fiquei desacordada, mas quando abri os olhos estava em seus braços fortes, ele andava rápido e eu não sabia para onde ia, mas para falar a verdade não me importava, eu confiava nele, me sentia segura. Eu estou ficando louca por confiar e me sentir segura nos braços de alguém que só vi umas duas vezes? Eu queria falar, dizer que estou acordada, mas a visão que eu tinha, não me permitia, será que eu estava tendo alucinações? Eu olhava com admiração a sua barba por fazer, seu maxilar rígido de preocupação, não parecia machucado depois da briga.
Eu podia sentir cada dobrinha do seu abdome definido colado ao meu corpo e seus braços fortes que me envolviam com tanta proteção, me carregando com aparente facilidade.
Que homem era aquele? Não sabia quase nada sobre ele, mas de uma coisa eu sabia, finalmente eu sabia por que ele mexia tanto comigo, sabia por que me doeu tanto ter dado aquele fora nele, e me chateou completamente vê-lo com aquelas morenas essa manhã... eu estava completamente apaixonada, em outras palavras, eu estava "ferrada".
E assim meus olhos se fecham novamente.

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Primeira vez Amor
RomantikA vida é muito surreal. Às vezes você está vivendo o que acha ser o melhor daquilo que pode conseguir. Aí algo ou alguém aparece na sua vida e faz você perceber que sua vida é medíocre e que pode conseguir mais. Percebe que os valores e princípios q...