eighteen

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boa leitura.

Elizabeth Jones.

Pisquei.

Lembrei dele passando suas mãos sujas em mim.

Pisquei.

Lembrei da minha melhor amiga, como eu iria contar isso para ela e para sua família?

Pisquei.

Maldita saia.

Pisquei.

Minha mãe está em cima de mim me perguntando se eu estou bem, mas quase não consigo escutar sua voz.

Pisquei.

Escuto a voz dele ao invés de ouvir a da minha mãe.

Shhhh..

Pisquei.

Um médico pediu para que eu me concentrasse nele, e eu o fiz.

Minha mãe e meu pai estão em pé a minha direita, Allya e a Abby, a mãe da Allya, a minha esquerda. Eu não sinto minhas pernas direito, e eu espero que isso seja efeito de algum remédio para dor, caso contrário eu senti uma pontada de "estou fudida".

— O que aconteceu? — Pergunto pros meus pais. Minha mãe com lágrimas nos olhos faz um semblante de alívio e solta um Graças a Deus.

— Meu pai disse que você teve um ataque e enfiou a faca na sua barriga enquanto ele estava sentado no sofá da sala. — Foi a vez de Allya falar. — Beth, você está bem? Estava tomando algo e não me contou?

O que caralhos aconteceu enquanto eu estava dormindo, dopada de remédios e quase, eu disse quase, morrendo de dor na barriga?

Como assim eu mesma enfiei uma faca em minha barriga?

Como assim? Por acaso eu virei alguma suicida ou algo parecido?

Meus olhos se arregalaram quando tais palavras saíram da boca da Allya, pois estávamos falando do pai dela. Ele mentiu.

— Eu quero ficar com meus pais por um tempo. — Pedi arrogantemente, mesmo que a culpa não seja delas.

Ally me dá um beijo na testa sussurrando um fique bem e sai pela porta junto de sua mãe, que pega em minha mão antes.. Fechei os olhos por alguns segundos, pois eu sabia que iria perdê-la.

Ele mentiu. Era a palavra de uma criança de 19 anos contra a de um pai de família sem nenhum antecedente. E por isso, me calei.

Tenho alta do hospital no domingo e saio tomando remédio para depressão, pois para cometer tal coisa, só se eu estivesse totalmente deprimida.

Descobri que naquele dia, o Sr. Riley roubou minha voz, minha inocência e uma parte da minha família.

Quando chego em casa, corro em direção ao banheiro e acabo tomando um banho de três horas. Eu me senti suja, senti vergonha, senti vontade de morrer, senti vontade de gritar, senti vontade de dizer para o mundo o que havia acontecido naquela noite de sexta, mas a minha voz não existia mais. Eu me esforço para falar, porém o esforço é em vão.

Nas semanas seguintes, além de Allya me ligar três vezes ao dia e eu sempre dar a mesma desculpa — que estou tentando me recuperar do ocorrido. — minha mãe percebe algo em mim que nem eu fui capaz de perceber.

— Você precisa me contar o que realmente aconteceu naquele dia, você está mentindo para mim. — Ela começou dizendo apoiada na maçaneta da porta do meu quarto. — Elizabeth, eu estou aqui para você, eu respiro por você minha filha, você precisa se abrir comigo. — E foi nessa hora que ela teve a certeza de que eu estava escondendo algo, pois quando eu levantei a cabeça, involuntariamente uma lágrima caiu em meu rosto.

— Mãe, está tudo bem. — Não, não está. Mas eu tinha que ficar.

— Chegou algo para você, é da Seoul National University. Não sabia que você tinha se inscrevido para tão longe. — Ela mal sabia que a minha vontade era ir o mais longe daqui, e provavelmente nunca mais voltar. — Não vai abrir?

Levanto da cama com mais medo do que coragem, mas levanto. Minhas mãos estão trêmulas e eu nem sei dizer o motivo, porém boa coisa não era. Eu nunca tinha sorte na minha vida, mas dessa vez ia ser diferente, eu podia sentir isso.

APROVADA.

Prezada Senhorita Jones;

É com grande alegria que informamos sua aprovação em nossa universidade. A senhorita deve se apresentar em janeiro do ano de 2020 em nossa faculdade com todos os documentos necessários.

Atenciosamente, Kim Hyun-ah (diretora da área de medicina)

Chorei.

Chorei muito.

Gritei.

Gritei muito.

— Beth isso é incrível. — Ela começa a pular junto comigo. — Eu tenho tanto orgulho de você.