Capítulo 1 - Rusty

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Mais um dia começa e Rusty abre seus olhos na cama gigante e vazia a qual estava deitada. Ela encara o teto iluminado pela luz do sol nascente, enquanto apenas ouve o silêncio que a casa ecoa. Três pessoas que residem em uma casa que não é tão grande assim, porém com um silêncio de um cemitério, como se todos estivessem mortos. Rusty se levanta para um novo dia no qual será ignorada pelo homem que ama e mal cumprimentada pelo próprio filho.

Mesmo com esses pensamentos, ela se arruma para Cyan, seu marido que tanto ama. Coloca um vestido que combina com seus lábios vermelhos e bochechas rosadas. Um vermelho forte, lembrando o calor de sua paixão pelo seu marido, que está frio demais para acolhê-lo. Rusty se olha no espelho. Está bonita e radiante, até mais do que sua mãe um dia já foi. Mas isso não a alegra mais. Não há ninguém para a olhar. Ninguém importante para ela. A pessoa que lhe importa já não lhe olha mais.

[...]

Após fazer o café da manhã, ela chama a todos para comer. Apenas Jett aparece. Ela sabe que, mesmo que se for chamar Cyan, ele não virá. Os dois sentam-se na mesa enquanto desfrutam da comida deliciosa que fora preparada.

- A senhora vai para algum lugar hoje? - perguntou Jett de forma repentina.

- Bom dia Jett, sempre cumprimente uma pessoa antes de começar a fazer questionamentos sobre sua vida. E sim, tenho que comprar algumas coisas para a casa. E para... o seu pai.

- Ah, desculpe-me. É que da última vez que eu voltei após minha... comemoração de aniversário, só estava meu pai aqui. E eu não gosto de ficar sozinho com ele, já que é a mesma coisa que não ter ninguém.

- Escute aqui, seu pai trabalha duro para sustentar suas comemorações, não trate ele como um zé ninguém!

- Mas ele não trabalha mais, não é? - um silêncio atordoou ambos deixando Rusty sem resposta - Ele só fica trancafiado com aqueles quadros e aquela tinta que provavelmente estão fazendo ele ficar insano. Ele nunca me deu atenção e agora não dá atenção para você também, Senhora Moses.

Ambos ficaram em silêncio depois dessa discussão. Jett mastigou mais um pedaço da comida e depois levantou com raiva. Saiu direto para seu quarto, fechando a porta com força. Rusty apenas ficou imóvel na mesa durante alguns minutos. Ela realmente não recebia mais atenção de Cyan como antes. Era horrível. Antigamente, Cyan era tão amoroso, e era uma época tão boa que Rusty viajava horas pensando no passado. Parecia ser uma boa ideia, focar apenas no passado. Nos momentos bons que tivemos com pessoas especiais. E era o que geralmente a morena fazia todos os dias quando não estava tentando chamar a atenção de Cyan ou reclamando com as atitudes do filho incompreendido.

[...]

Agora com uma cesta de palha com seu interior coberto por um pano, Rusty saía nas ruas frias de Amsterdam a caminho do local onde sempre comprava os condimentos e ingredientes necessários para cozinhar. Hoje era um dia assim como todos os outros. Apenas observar as pessoas nas ruas enquanto caminha para um destino pré-determinado. Nunca fazia nada de diferente ou que não fosse voltado para agradar Cyan ou Jett. Cyan, Cyan, Cyan. Esse nome ecoava na mente de Rusty. Era sua paixão, afinal. O homem perfeito. O homem que ela amava e ela tinha certeza disso.

Caminhando pela rua, Rusty avistou uma nova loja na qual ela nunca tinha sequer espiado. E esta, aparentava ter tudo o que ela queria comprar. Algo diferente do cotidiano ao qual estava acostumada. Por que não? Rusty, então, entrou na loja observando seus detalhes charmosos e atrativos. Um balcão com uma pequena portinha de madeira que separava os clientes do caixista que tomava conta da loja. Os produtos eram organizados em fileiras, as quais haviam as prateleiras de madeira e os produtos recém-chegados do campo. Haviam dezenas de vegetais e frutas, perfeitas para o preparo de receitas bem saborosas, além de alguns temperos pouco vistos comumente em outros locais. Repentinamente, um homem aproximou-se com alguma intenção que não era, obviamente, ajudá-la a escolher legumes.

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