Prólogo

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Bárbara Garcia
Pedro do Rio, Petrópolis

Quando eu era Criança, me recordo do meu pai ter me dito que eu teria um mundo inteiro me aguardando do lado de fora, que era para eu aproveitar o meu dia como se fosse o último porquê nunca iríamos saber quando esse dia chegaria.

Hoje, parada em frente um esquadrão de Bandidos armados até os dentes eu soube que seria o meu fim. Fito os olhos do Canário, implorando para que me fosse dado uma última chance mas ele desvia o olhar, fitando a pareda atrás de mim. Abaixo o olhar em meio as lágrimas dolorosas que caem dos meus olhos, as mãos amarradas por cordas grossas doem assim como os meus braços que foram amarrados para que eu ficasse suspensa. Dói, tudo dentro de mim dói.

—Por favor..— Imploro entre soluços —eu prometo que vou pagar tudo, eu vou conseguir o empréstimo e vou pagar tudo. — falo com a voz entre cortada, cogitando me entregar a Júlio em busca de dinheiro, indo contra qualquer escrúpulos que eu tive um dia.

A risada asquerosa do que imagino ser do Tucano soa distante, meu corpo é tomado por um alerta simultâneo e eu pisco freneticamente para afastar as lágrimas. O avisto entrar no Galpão, meu corpo por inteiro estremece ao mirar os olhos na sua direção.

— Olha só quem temos aqui. —Abre um sorriso cheio de dentes, engulo em seco e trinco a mandíbula.

Conto seus passos até mim, quando está diante do meu rosto me analisa de cima a baixo com um sorriso nojento nos lábios. Levanta a mão e eu reprimo os olhos esperando pelo tapa, ele não vem. Meus cabelos são agarrados pela suas mãos e eu prendo a respiração, tentando controlar as lágrimas que de nada me adiantava agora.

— Tu é o docinho que trouxeram para mim? —Pergunta com um sorriso nojento, desliza as pontas dos dedos pelo meu corpo com sutileza. De repente, intensifica o toque nos meus cabelos e rosna —Cadê a minha Grana.

Eu vou pagar, eu só preciso de mais uns dias eu..

Cadê a minha Grana. —Rosna mais alto, abro meus olhos após o seu rugido e inspiro fundo mirando os olhos nos seus

Eu só preciso de mais um dia, eu juro que vou te pagar tudo em dobro, eu juro. —Ele da risada, uma risada forçada e rancorosa, ele me dá as costas e quando retorna a se aproximar está com a arma e a destrava na minha frente fazendo o desespero tomar conta de mim.

Eu só vou perguntar mais uma vez, sua vagabunda. —Segura meu rosto, empurrando o cano da arma dentro dos meus lábios. —Ou você diz onde está a minha grana, ou eu estouro a sua cabeça. — As lágrimas confundem minha visão, imploro por Deus que não doesse tanto. — Cadê. A minha. Grana?! —Seu dedo alcança o gatilho, sou tomada por uma onda de terror e fecho os olhos com força e rezo mentalmente, pedindo perdão a Deus.

Chega. — Uma voz áspera, tão grossa quando a de Tucano soa em meus ouvidos.

Penso ser Deus, querendo me avisar que infelizmente as portas do Céu estão fechadas para mim nessa vida, que depois de tanto tormento e pecados, meus perdões não seriam ouvidos.

Mas ao abrir os olhos devagar, percebo que ainda estou no Galpão e que meu coração ainda batia firme no meu peito. Procuro pelos dono da voz, encontro um homem alto caminhar pelo mesmo caminho que o Tucano fez, ele é alto, bem alto e forte, com certeza treinava com pneus de trator para ter essa potência toda. Bastava um tapa, para me derrubar de uma só vez.

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