Melissa[Pov]
Os dias se passavam com uma lentidão diante dos meus olhos, eu me sentia presa em um abismo profundo e escuro onde as trevas e a dor predominava e o medo da morte sempre me rondava, esse abismo é o abismo que eu chamo de minha vida. O qual eu mais temia por estar viva do que estar morta, pois para mim eu vivo como uma morta, será que na minha morte eu finalmente terei uma vida? Se for uma vida de paz onde não existe câncer e nenhuma doença terminal e nem um tipo de dor, eu não via a hora de morrer então.
Sexta-feira e tudo que eu queria neste momento era ir a uma lanchonete sentar em uma mesa de canto e tomar um delicioso milkshake de ovomaltine e ficar olhando o tempo passar pela enorme janela de vidro como nos filmes, como uma pessoa normal, mas ao contrário da minha imaginação a minha realidade é estar sentada na minha maca com uma agulha no braço lendo um livro qualquer para poder me distrair dos dias entediosos no hospital.- Lendo senhorita?
Desvio meu olhar do livro vendo o Dylan sentado na sua cadeira de rodas com um sorriso nós lábios, conforme os dias foram passando nos aproximamos um pouco, hoje é o 4° dia dele aqui e ele insisti em me atazanar desdo dia em que chegou, pois depois do dia da medicação fiquei fazendo companhia a ele no dia seguinte porque a mãe dele tinha ido em casa ficar com sua irmã menor e ficamos conversando bastante, e claro ele insultando mas eu sabia que por de trás daquela cara carrancuda tinha uma rapaz legal, apenas triste e frustrado com a vida que leva, assim como qualquer pessoa estaria se tivesse em seu lugar, quando se é portador de leucemia as pessoas só esperam duas coisas, para quem tem chance de cura mesmo sendo de 0,3% esperam ser curadas, para quem é paciente terminal apenas espera a morte.
- Bom, é o que parece né.
- Ui, alguém acordou com um péssimo humor hoje. ~ele entra em meu quarto~
- É a convivência com você, mais dois dias estarei carrancuda que nem você.
- Kkkkkkkkk, não sou carrancudo Melissa.
Pela primeira vez escuto ele realmente rir e sendo sincera que risada mais gostosa, um sorriso se forma em meus lábios enquanto observo ele rindo.
- Sem dúvidas você é!
- Você teve uma péssima primeira impressão de mim né, naquele dia não estava muito bem.
- Não precisa explicar eu sei como é.
- O que está lendo?
- A Bailarina Fantasma.
- Hm, as vezes esqueço que você só tem 17 anos e que é uma adolescente que ainda gosta de bobagens de adolescente.
Arqueio uma sombrancelha e ele me encara fazendo uma cara de deboche.
- Igualmente, as vezes eu esqueço que você tem só 28 anos com esse jeito carrancudo parece um velhinho de 80 anos amargurado.
Ele começa a rir novamente e se aproxima parando sua cadeira de rodas de frente para minha maca.
- Você está terrível hoje.
- Você que está mexendo com a minha língua.
- Kkkkkkkkkk, ok mas vim te convidar para irmos ao cinema.
- Ao cinema? Kkkkk está doido que cinema?
- Bom está vendo aquele quarto bem em frente ao seu com um número 310, bom ele vai virar um cinema e hoje vai passar Velozes e Furiosos 7.
- Hm, bom pode ser mas tenho que terminar a medição.
- Não precisa, levamos para lá e você senta na cama comigo e assistimos juntos no meu notebook.
- Bom, sendo assim então vamos né.
Marco a página do meu livro e o fecho, desço da cama e pego meu soro com medicação que estava dependurado e levo para o quarto do Dylan com ele vindo atrás de mim, dependuro o soro ao lado da cama e me sento me ajeitando, o Dylan entra no quarto desliga a luz e fecha a porta e vem até a cama pega um notebook na bolsa que estava em cima da poltrona ao lado da cama e se senta na cama ao meu lado.
- Temos que assistir Velozes e Furiosos mesmo?
- Tem uma sugestão melhor?
- Mas é claro.
- Diga então.
- Como eu era antes de você.
Ele revira os olhos e abre o notebook e o liga colocando na Netflix.
- Nunca assisti mas só pelo nome já sei que é meloso.
- Aaaa para, é lindo esse filme.
- Ok, vamos assistir isso então.
- Olha, você está bonzinho hoje.
Ele sorri e coloca o filme, ele se ajeita na cama e passa o braço a minha volta para ficar mais confortável e começamos a assistir o filme.
Após terminarmos de assistir filme que tinha uma duração de 1hora e 50minutos a enfermeira entra no quarto tira a agulha do meu braço e sai do quarto novamente fechando a porta.- Então, o que achou do filme.
- Meloso, como eu disse e além de meloso o tal do Will é suicida.
- Não o acho suicida, cada um sabe até aonde suporta e ele já não estava suportando, eu o entendo.
- Entende? Teria coragem de fazer o mesmo?
- Sim!
- Sei que as coisas é difíceis mas nunca pediria para tirar a minha vida.
- Isso tudo que vivemos é cansativo Dylan e você sabe disso, eu passei a minha vida inteira em uma rotina de tratamento hospital tudo isso é frustrante sabe, a gente luta para ter mais um pouquinho de vida mas acaba passando esse tempo no hospital eu queria ser normal pelo menos um dia na minha vida, tenho 17 anos e nunca fiz um nada.
- E me diz o que gostaria de fazer?
- Gostaria de sair ir a lanchonete e tomar um milkshake comer um lanche grandão e depois sair para dançar e viajar pelo mundo para qualquer lugar que me traga paz e felicidade, gostaria de viver pra mim pelo menos um dia, gostaria de me apaixonar beijar na boca e fazer sexo.
- Fazer sexo? ~ele me olha sorrindo e arqueia uma sombrancelha~
- Sim ué, qual o problema? Pessoas normais fazem sexo não é?
- Obviamente, você nunca fez senhorita Parke?
Coro com a sua pergunta e abro a boca algumas vezes mas nada sai, olho pra ele que me olhava com um sarcástico sorriso nós lábios.
- Não, eu nunca fiz, como eu falei eu vivo isso desde quando nasci, você já fez?
- Já fui casado Melissa.
- E o que aconteceu com a sua mulher?
- A peguei na cama com o meu melhor amigo, 1 anos depois descobri que estava com leucemia.
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Quarto 310
FanfictionEu sempre convivi com a leucemia desde quando nasci, mas eu só fui entender realmente a dor que ela causa quando eu o vi praticamente morrer diante dos meus olhos, meu Dylan. . . . . . . Boa Leitura!