Melissa[Pov]
Tristeza, alegria, medo, infelicidade, insegurança, sentimentos que carregamos ao longo dos anos de nossas vidas. Sentimentos profundos que nos encorajam e nos enfraquecem, sentimentos intensos que nos amedrontam e nos fortalecem, sentimentos que as vezes nos fazem evoluir ou regredir.
A questão é, qual sentimento esse que estou sentindo? Eu diria que aceitação, não aceitação de um modo positivo mas aceitação de que irei morrer de qualquer jeito, fazendo o tratamento ou não, então eu diria para a Melissa do amanhã para sentir coragem. É, sinta coragem Melissa, sinta coragem e viva.- Sabe Dylan...o que você fazia antes disso tudo?
- Bom, eu me formei em engenharia e tenho minha própria empresa de engenharia que agora está sendo tocada pelo meu pai, devido a tudo que está acontecendo.
- Hmm, interessante.
- E você? Terminou de estudar? O que gostaria de fazer? Já pensou nisso?
Olho pro Dylan e encolho meus ombros me encosto no travesseiro e olho pro teto.
- Eu nunca fui a escola...
- Nunca?
Nego com a cabeça e ainda fico olhando o teto branco de gesso que olhei durante a minha vida toda, por anos.
- Nunca, sempre tive aulas com professores particulares aqui no hospital mesmo.
- Caramba, você tem isso desde que nasceu?
- Bom, meus pais descobriram quando eu tinha meses de vida e meu caso sempre foi bastante complicado... ~viro meu rosto olhando para ele que me olhava~ eu estou morrendo Dylan e eles sabem disso...
- Não diga isso, temos que ter fé sabia?
Seus dedos toca minha buchecha me fazendo carícias e fecho meus olhos me permitindo senti-lo, seus dedos macios fazia minha pele meio que se arrepiar uma sensação completamente desconhecida para mim.
- Você tem? Você tem fé Dylan?
- Muita!
Abro meus olhos o encarando e fico olhando em seus olhos claros por alguns segundos, seus olhos me fitavam de uma forma tão estranha era como se nossos olhares conversassem entre si.
- Você é linda sabia?
Coro envergonhada e abaixo a cabeça.
- Não diga besteiras...meu cabelo começou a crescer novamente tem três anos mas ainda está bem ralo.
- Ficou carequinha é?
- Uhuum.
Ele sorri para mim.
- Adoraria te ver carequinha, sem dúvidas que ficou linda do mesmo jeito.
- Kkkkkk, para! Você até que é adorável quando quer senhor carrancudo.
- Kkkkkkkkkkkk, vai insistir em me chamar de carrancudo?
- Sem dúvidas.
Ele revira os olhos ainda rindo de mim, sorriu e me ajeito na cama me sentando direito.
- Dylan...
- Oi?
- Se apaixonar é bom?
- É bom demais.
- É como nos contos de fadas e nos livros de romance?
- Bom, mais o menos, tudo tem seu lado ruim também,nem tudo na vida são flores.
- Hm, você já viajou?
- Viajar? Muito é uma das minhas maiores paixões.
- Eu sempre quis viajar o mundo.
- Aé? Pra onde a senhorita gostaria de ir?
- Eu nunca pensei em um lugar específico, eu só queria ir um lugar que trouxesse paz e segurança.
- Hm, mas não tem nenhum lugar que sonha em conhecer?
- Bom, meu sonho é ir para... Maldivas, aquele lugar é lindo é literalmente um sonho.
- Realmente, tenho que concordar.
- Já foi a Maldivas?
- Nunca, mas acho que agora irei colocar em minha lista de afazeres.
- Você tem uma?
- Claro!
- Dylan, o que os médicos diz sobre o seu tratamento?
- Tenho chances de ser curado Mel, pois descobrimos estava bem no início a minha leucemia se desenvolve bem rápido, porém descobrimos a tempo de impedir que ela se desenvolva.
- Hmm.
Olho para ele e dou um sorriso e não sei o porque mas me ajeito me encostando minha cabeça em seu peito, não sei qual foi a reação dele mas sei que depois de alguns segundos ele começa a fazer carinho em meu cabelo ralo.
- Vai ficar tudo bem Dylan.
- Eu sei que vai, para nós dois Melissa.
- Dylan?
- Oi?
- Obrigado.
- Pelo que?
- Não sei, você só me fez bem.
O sinto colocar o queixo em cima de minha cabeça e continuar a fazer carícias em meu cabelo o que vai me deixando completamente sonolenta.
Dylan[Pov]
Desde que cheguei ao hospital a garota do 308 me chamou atenção, talvez era aquele seu sorriso ou seu olhar puro e sincero, talvez o seu jeito sereno e pela sua forma ingênua de ser. Detalhes que escondiam bem suas cicatrizes na alma, detalhes que camuflavam suas feridas e seu olhar de tristeza e infelicidade, detalhes que poucos poderiam notar.
Fico acariciando ela, até que percebo que ela havia adormecido e fiquei sem coragem alguma de acorda-la até que a porta do quarto é aberta e uma moça que suponho seja a sua mãe pelo fato de ser muito parecida a moça abre a porta falando com alguém atrás dela e para assim que a vê em meu peito, o que me deixou muito envergonhado por estar com a sua filha menor de idade em meu peito e eu a acariciando e minha mãe aparece logo atrás dela.- Estávamos assistindo filme, e ela dormiu...
Falo um pouco sem jeito e a moça apenas me dá um sorriso e vejo minha mãe sorrindo também mas continuo acariciando a pequena garota em meu peito sentindo o cheiro de chocolate que tinha seu cabelo, a minha mãe entra no quarto e a moça entra também fechando a porta.
- Muito obrigado por fazer companhia a ela, normalmente ela fica bem sozinha fico feliz por ela ter feito amizades.
- Ela é adorável e mandona.
- E um papagaio..
- Sério? Melissa nunca foi de conversar muito, nunca foi de se permitir se aproximar das pessoas.
- Mesmo? Ela me pareceu uma menina tão espontânea senhora Parke.
Minha mãe e a mãe da Melissa se sentam no sofá que tinha ali no quarto conversando como se eu e Melissa nem estivéssemos ali, sorriu balançando a cabeça negativamente e foco em fazer carícias na garota em meu peito enquanto fingia que não prestava atenção na conversa.
- Melissa nunca foi de se aproximar das pessoas, ele sempre dizia ao pai que se ela fizesse amigos e morresse ela iria deixar mais pessoas triste e que ela não queria levar isso com ela, pois já basta tudo que ela faz eu o pai passar. Nunca entendi esse seu comportamento, o que sempre nos preocupou bastante, ela é uma menina super especial e inteligente fiquei feliz quando ela me contou que fez amizade com o rapaz do quarto da frente, nunca a vi tão entusiasmada falando sobre alguém.
- Ela é uma graça senhora Parke, uma menina muito atenciosa e inteligente.
- Sem dúvidas.
Sorriu escutando as duas e olho para Melissa que respirava tão profundamente, cubro seu frágil corpo e coloco o notebook na poltrona ao lado da cama, abaixo um pouco a cama e nos ajeito deixando a gente confortável.
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Quarto 310
FanficEu sempre convivi com a leucemia desde quando nasci, mas eu só fui entender realmente a dor que ela causa quando eu o vi praticamente morrer diante dos meus olhos, meu Dylan. . . . . . . Boa Leitura!