O jornalista entrou na sala de Gabriel. Ele devia ter 25 anos, no máximo. Trabalhava para um desses sites de notícias, o qual, Gabriel não deu importância, e nem se preocupou em gravar o nome.
Havia solicitado uma entrevista, sobre sua carreira, experiência de vida e saber como alguém tão jovem quanto Gabriel chegava aonde chegou, mal sabia ele que essa juventude era apenas aparente e que Gabriel já passara dos 50 anos.
Gabriel Achou a ideia interessante, nunca havia sido entrevistado antes. O horário foi combinado às 20 horas. O jornalista estranhou, a princípio, mas Gabriel alegou ser o único horário que tinha disponível.
O jornalista atravessou a sala, passando sobre o tapete de centro ladeado por duas poltronas. Ele trazia uma bolsa embaixo do braço, a alça cruzada sobre o peito. Gabriel estava atrás de uma mesa grande com tampo de vidro no fundo da sala. Atrás dele uma estante repleta de livros, alguns sobre economia, mas na maioria eram livros de ficção, “uma das vantagens da vida eterna é poder ler todos os livros já escritos” pensava Gabriel.
A sala não tinha janelas.
— Boa noite! — disse o jornalista, depois enxugou o suor da mão na calça e a estendeu.
Eles se cumprimentaram e Gabriel fez sinal para que se sentasse. Apoiou a bolsa na cadeira vaga ao lado da que ocupou, mas antes retirou um gravador de seu interior e colocou sobre a mesa.
— Podemos começar? — perguntou o jovem jornalista.
— Aceita uma água ou café, antes?
— Um café seria ótimo!
Pelo telefone, Gabriel solicitou o café para a secretária. Enquanto aguardavam, explicou ao jornalista as condições.
— Como conversamos anteriormente, peço que ouça meu relato até o fim, sem me interromper. — Gabriel usou uma entonação que tornava o jornalista mais suscetível ao seu pedido.
O jornalista concordou com um aceno de cabeça. Aurora entrou trazendo uma bandeja com uma xícara de café e uma taça com o “vinho” de sempre para Gabriel.
O jornalista acompanhou, com os olhos, cada passo dela, sem piscar uma única vez.
— Ela não é pro seu bico, meu jovem. Ela morde! É bom tomar cuidado. — disse Gabriel assim que ela saiu.
Suas faces ruborizaram, Gabriel podia ouvir os batimentos cardíacos dele se acelerarem. Ele tentou disfarçar o constrangimento pegou a xícara, suas mãos tremiam um pouco.
— Uma boa dica é nunca aceitar café ou água em uma entrevista de emprego, caso esteja nervoso. Sorte que não é esse o caso. — Gabriel disse para quebrar o gelo.
Ele mostrou um sorriso amarelo e pousou a xícara de volta na bandeja.
— Vamos começar? Imagino que o senhor não tenha muito tempo disponível.
— Reservei a noite de hoje para este evento. Pode ligar seu gravador.
Ele sorriu. Esticou a mão, apertou a tecla REC do aparelho e a fita começou a rodar.
— Entrevista com o senhor Gabriel, CEO da empresa Fator RH Recurso Humanos… — Disse o jornalista, como uma forma de introdução, talvez uma marcação do início da entrevista. Em seguida, se calou e esperou que contasse sua história.
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Fator RH
VampireEm uma entrevista para um site de negócios, Gabriel conta como foi sua entrevista de emprego e a dinâmica de grupo sinistra que participou.