Tudo termina

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Horas depois, acho que foi no dia seguinte, eu e Rúbia fomos reunidos em uma espécie de sala de reunião onde próprio Lázarus se encarregou de nos iniciar na nossa nova “vida”, por assim dizer.

Descobrirmos que ele bancava o acenssorista para conhecer melhor os candidatos e que ele era o patriarca daquele clã. Foi ele quem teve a idéia para a empresa Fator RH Recursos Humanos e foi o pai dos primeiros 7 membros, que formam a diretoria da empresa.

Apesar do nome Recursos Humanos, na realidade somos um banco. Um banco de sangue. 

Com o passar dos anos, as outras empresas que ocupavam o prédio ou se mudaram, ou foram “incorporadas” e assim conseguimos adquirir o prédio todo.

No subsolo 2 ficam, em animação suspensa, nossos “recursos humanos”. 

Diariamente coletamos o sangue deles que fica armazenado no subsolo 1 de onde é distribuído para nossos clientes e também serve para nosso consumo próprio.

Quando perdemos alguns de nossos recursos, realizarmos uma seleção de pessoal para repôr a baixa. Nos 3 primeiros andares ficam a parte administrativa onde alguns de nós trabalhamos, juntamente com alguns familiares. Familiares são humanos que nos servem durante o dia.

O restante do prédio serve de moradia.

***

— Como assim? Vampiros organizando entrevistas de emprego! Abrindo empresa para vender sangue! — o jornalista pega o gravador da mesa e aperta a tecla STOP - Isso é algum tipo de piada? Meu site é um site sério, falamos sobre empreendedorismo e carreira! Não somos uma dessas revistas Pulp que publicam contos de terror e fantasia! Senhor Gabriel, o senhor me ofende com esse tipo de piada!

— Não estou fazendo piadas! Tudo o que lhe contei é verdade.

— Se o senhor acha que vou publicar isso — ele fala sacudindo o gravador — senhor Gabriel, o senhor está enganado!

— Sei que não vai publicar…

— Sabe? Então… então porque me contou tudo isso?

A expressão de raiva e indignação do jornalista havia sido substituída por uma expressão de dúvida. Gabriel fez uma pausa antes de responder, entrelaçou os dedos da mão, Apoiou os cotovelos sobre a mesa e encarou fixamente o jornalista.

— Nunca tive a intenção de deixar essa história sair dessa sala! — o jornalista estava exalando medo, e Gabriel podia sentir -  Até eu acho esta minha história surreal, as vezes, e sinto a necessidade de compartilha-la com alguém. 

— E ppporque eeeu? 

— Nada de especial. Só achei a ideia de dar uma entrevista interessante. E também porque tenho um custume infantil de brincar com a minha comida!

Os olhos do jornalista se arregalaram, ele se levantou da cadeira tentou correr até a porta, tropeçou no tapete e o gravador se espatifou no chão.

O jornalista se levantou, olhou para trás. Gabriel continuava em sua mesa, sorrindo. O jornalista retomou sua corrida desesperada em direção a porta. Estava próximo, esticou a mão para a maçaneta, mas esbarrou em Gabriel. Ele estava ali, parado entre o jornalista e a porta, bloqueando a saída.

— A entrevista termina aqui. — disse Gabriel e no instante seguinte já estava sobre o jornalista.

O corpo do jornalista jazia inerte e exangue sobre o tapete. Gabriel se recostou numa das poltronas com sua taça em mãos contemplando o morto, perdido em pensamentos, num torpor provocado pelo sangue fresco e quente recém ingerido.

FIM

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