Sasuke aumentou a velocidade enquanto corria livremente pela floresta, sentindo o cheiro do orvalho da manhã e da terra úmida. Tinha passado a noite caçando, se movendo na escuridão, impaciente demais para suportar as paredes restritivas da mansão. Ele não entendia a impaciência que o fazia ficar agitado, era como se algo estivesse acontecendo, algo intimamente ligado à ele, que estava o modificando. Mas pensar sobre aquilo parecia inútil, os últimos anos haviam sido pacíficos e nenhum evento recente se destacou entre os habituais. Talvez fosse só sua natureza selvagem se rebelando, desejando a caçada e a floresta.
Fazia muito tempo que não caçava ou ficava tanto tempo na floresta. Seus negócios tinham tomado grandes proporções nos últimos anos e foi preciso muito comprometimento e trabalho para escolher a quem delegá-los. Ele não se importava com o dinheiro, sabia que sua alcateia poderia sobreviver muito bem na natureza, mas eles precisavam manter um padrão social aceitável para não levantar suspeitas. Sua mansão nas montanhas de Konoha era uma herança de família e também o único lugar onde podiam viver sem levantar suspeitas. Konoha era uma cidade pequena e a maioria dos habitantes já tinha esgotado qualquer nível de curiosidade que pudessem ter sobre o Clã Uchiha, com o tempo os moradores da mansão se tornaram apenas parte de uma face oculta daquela cidade, uma face que raramente era comentada ou lembrada.
Se aproximando das bordas da floresta, ele parou, se metamorfoseando novamente para a forma de homem. Então, caminhou lentamente, saindo da proteção das árvores e entrando na clareira na qual fora construída a mansão Uchiha. O calor confortável do sol da manhã aqueceu sua pele nua enquanto ele caminhava em direção a construção imponente. Seus pés descalços subiram os poucos degraus, atravessando a varanda de madeira polida e adentrando o primeiro jardim interno.
Acostumado com a enorme variedade de flores e árvores que haviam ali, apenas ignorou aquela beleza incomum. Seus pés sujos da floresta roçaram a grama baixa e bem cuidada e o sangue que escorria das suas mãos, que antes foram garras, manchava os crisântemos brancos que ladeavam o caminho. Ele ouviu o suspiro resignado de Kurenai e a viu surgir por uma das portas abertas. Ela realmente detestava que alguém, qualquer um deles, pisasse no jardim, mas nunca diria nada à ele, porque ele era o Alfa afinal.
Quando alcançou a porta aberta, onde Kurenai estava, ela lhe estendeu uma yukata.
– Alguma notícia de Karin ou Naruto? – perguntou ele, enquanto deslizava o tecido preto pelos ombros e atava o obi ao redor da cintura.
Kurenai negou.
Ele bufou.
Fazia três dias desde que tinha tido notícias de Naruto e Karin e isso o estava deixando irritado. Nenhum dos membros da alcateia deveria partir para longe sem avisá-lo antes, ele era o responsável pela segurança de todo o grupo e deveria saber de cada passo dado, cada decisão tomada. Obviamente poderia chamá-los se quisesse, eles sentiriam o seu chamado e o atenderiam, mas queria ver até quando aquela ausência duraria.
Dando as costas para Kurenai, ele caminhou pela sala e subiu as escadas. Os corredores do andar superior estavam semiescuros, a luz do sol ainda não era alta o bastante para que a luminosidade tivesse alcançado toda a mansão e as antigas árvores da floresta ao redor geralmente a mantinham coberta por sombras. Andando lentamente, virando por corredores e atravessando portas, ele finalmente chegou ao próprio quarto.
Diferente do resto da casa, seu quarto estava iluminado. As portas duplas, que davam acesso a varanda, estavam totalmente escancaradas, deixando que o ar fresco e a luz fraca da manhã entrassem. Ele se desfez da yukata e foi em direção ao banheiro. Seu reflexo em frente ao espelho do lavabo o fez parar e olhar para si mesmo. Seus olhos negros estavam um pouco vidrados, talvez por conta das noites sem dormir, suas pupilas pareciam dilatadas. Seus cabelos pretos estavam emaranhados e sujos. Suas mãos estavam cobertas de sangue seco, que também manchava seu queixo, pescoço, cotovelos e alguns outros pontos da pele pálida.
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ōkami
FanfictionEle a esperou por décadas, sustentado pela certeza de poder restaurar seu clã, mas quando ela finalmente veio, não foi como ele esperava. Hinata era uma criança humana, destinada a se tornar a sua marcada. Ela era pura inocência diante da sua raiva...