Ela puxou a corda fina com a ponta dos dedos, sentindo-a se esticar. Sua outra mão segurava firmemente o arco de madeira, seus olhos focados no alvo. Todo o seu corpo estava relaxado, apesar da postura tensa e da respiração presa e quando seus dedos finalmente soltaram a corda, seus pulmões soltaram o ar que estavam segurado e seus olhos tentaram, inutilmente, acompanhar a velocidade da flecha, que atingiu em cheio o centro do alvo.
– Excelente! – sua professora elogiou, a fazendo ter um pequeno sobressalto. Não tinha percebido estar sendo observada tão de perto já que haviam outras seis garotas praticando arco e flecha naquela tarde. – Foi muito bom, Hinata!
Ela abaixou lentamente o arco.
– Obrigada. – agradeceu timidamente, sentindo as bochechas corarem.
Tinha sido uma das exigências da escola que todas as internas praticassem pelo menos dois esportes e ela optou por arco e flecha tão logo as opções lhe foram apresentadas. Sua outra escolha tinha sido completamente infeliz e se arrependeu dela já nas primeiras aulas, porque, embora o Tênis demandasse intensa concentração, assim como o arco e flecha, também exigia intensa agilidade física, aspecto em que ela deixava muito a desejar.
Quando a aula terminou e as meninas se dispersaram, ela devolveu o arco ao seu armário no vestiário e foi dar uma volta nos jardins. Mal tinha saído da área de treino e percorrido o corredor que cortava algumas quadras, quando Ino a alcançou.
Ela estava com os cabelos loiros molhados e soltos, o que indicava que havia saído da aula de natação há pouco tempo.
– Onde está indo? – perguntou ela.
Hinata deu de ombros.
– Eu só estava indo dar uma volta, pelos jardins, você sabe.
Ino revirou os olhos.
– Você passa tanto tempo nesses jardins. Não sei o que vê de tão interessante em andar sozinha no meio do mato.
– Só é tranquilo. – Hinata sorriu, mentindo um pouco.
A verdade era que tranquilidade nada tinha a ver com seus passeios pelo jardim. Ela sentia falta da floresta, do verde intenso dos bosques de Konoha, das árvores centenárias, do cheiro das folhas, do ar úmido e do vento frio, mas, mais do que tudo isso, ela sentia falta de Naruto e Kurenai e sentia tanta falta do seu lobo negro que quase a sufocava.
Ino fez uma careta.
– Você tem gostos estranhos.
Ela riu.
Você nem faz ideia. Pensou.
Faziam oito anos que estava distante de Konoha, oito longos anos longe de mansão e da floresta, longe daqueles que amava. Lembrava-se do dia em que foi obrigada a partir, Naruto tinha dito que ela deveria ficar com humanos por um tempo, até ser adulta o bastante para escolher voltar. Ela não queria deixá-lo, não queria deixar Kurenai e o seu lobo, mas o dono da mansão – Sasuke, como Naruto havia dito – tinha decidido por ela. Ela logo perceber que era ele quem regia o seu destino, um homem que ela sequer conhecia e por quem mantinha um desprezo velado. Ele a tinha afastado de Konoha e mesmo que teoricamente fosse pelo bem dela, como Kurenai havia insistido, isso a tinha feito extremamente infeliz no começo.
Viver com humanos deveria ser uma experiência de vida. Ela precisava aprender como ser um deles, afinal. Kurenai e Naruto nunca saberiam explicar à ela coisas naturalmente humanas, como emoções, sentimentos e costumes. Ela era diferente deles.
Por um tempo, isso não trouxe nada mais do que angustia ao seu coração. Ter sido afastada daqueles que a criaram para ser inserida em um ambiente desconhecido, com pessoas desconhecidas, foi um pouco traumático. Por sorte, ela não era a única. Muitas meninas da idade dela também eram calouras no internato no ano da sua admissão. Ino foi uma delas e rapidamente elas se tornaram amigas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ōkami
FanfictionEle a esperou por décadas, sustentado pela certeza de poder restaurar seu clã, mas quando ela finalmente veio, não foi como ele esperava. Hinata era uma criança humana, destinada a se tornar a sua marcada. Ela era pura inocência diante da sua raiva...