Capítulo 2

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Ela recebeu o nome de Hinata, porque significava 'lugar ao sol' e Naruto achou que era exatamente do que Sasuke precisava para sair daquela escuridão taciturna na qual se encontrava. Foi um pouco de provocação velada, mas Naruto realmente não se importou com retaliações quando percebeu em que tipo de situação estava.

Hinata era um bebê dócil, mas ainda assim um bebê. Logo ficou claro que Sasuke não a desejava por perto, ainda que na mesma casa, e Kurenai sugeriu que fizessem da torre norte o lar da garotinha. Naruto não concordou com nada naquilo no começo. Achava que se precisava aguentar os choros e incômodos de um bebê pequeno, então Sasuke também deveria, mas não foi exatamente assim que as coisas aconteceram, porque Sasuke adquiriu o habito de desaparecer por dias, permanecendo na forma de lobo durante a maior parte do tempo. Além disso, nenhum dos outros membros na alcateia parecia satisfeito com a presença de Hinata. Principalmente Sakura, que insistia em ser hostil apesar do pequeno bebê ainda não ser capaz de entender nada sobre qualquer hostilidade. Por tudo isso, Naruto acabou cedendo as sugestões de Kurenai e se mudando para a torre norte com Hinata.

Ele não era bom com crianças, não sabia nada sobre elas e na maioria do tempo apenas tentava impedir que a bebê morresse de fome, de frio ou de qualquer idiotice que ele mesmo pudesse fazer. Por causa disso, os cuidados mais importantes sobre ela dependeram de Kurenai, que durante os três anos precisou abandonar os jardins.

Hinata aprendeu a andar e a falar no mesmo período em que passou a se interessar pelos jardins. Naruto garantiu que ela se mantivesse afastada da mansão e que seus pequenos passinhos errantes nunca passassem do jardim exterior ou da horta cercada. Ele se preocupou com o que poderia acontecer a ela caso se encontrasse com Sakura ou Sasuke e prometeu a si mesmo que a manteria segura. Com o tempo, tudo o que fazia por ela deixou de estar relacionado a alcateia, mas à ele mesmo e aos sentimentos profundos que desenvolveu por ela. Hinata se tornou tudo que ele nunca teve, o amor incondicional que nunca sentiu. Ela costumava correr para ele com os bracinhos abertos quando o via. Ela costumava tecer colares de flores, que colocaria sobre sua cabeça, em suas tardes no jardim. E ele aproveitava seu tempo com ela, se ocupando em deixá-la feliz.

Por quatro anos, Hinata viveu nessa bolha, sem nunca ir além das fronteiras impostas por Naruto e Kurenai. Seu mundo era a torre e o jardim e suas únicas companhias, além dos dois mentores responsáveis por sua criação e segurança, eram as flores. Mas, quanto mais ela crescia, mais desenvolvia um estranho fascínio pela mansão e pela floresta escura que circundava a propriedade. Seus olhos opalescentes e curiosos sempre observavam as grandes árvores, de copas altas e flexíveis, que se balançavam em tardes de vento forte. Apontando com o pequeno dedo gorducho, ela costumava pedir com suas palavras infantis para brincar em meio aquele verde que tanto a atraia, mas Naruto era sempre veemente em negar seus pedidos. O mesmo acontecia em tudo que se referia a mansão.

Em uma tarde fria, quando as nuvens estavam se acumulando e precedendo chuva, Hinata encontrou sua primeira oportunidade para escapar da vigilância constante. Ela estava brincando nos jardins, cavando a terra com as mãozinhas, formando pequenos buracos nos quais depositaria sementes, enquanto Naruto cochilava encostado contra uma das cerejeiras, quando a atração daqueles bosques escuros se tornou mais intensa do que ela poderia suportar.

Não haviam muros ou cercas que separassem a propriedade da floresta, a mansão, que ficava de frente para o lado sul, se estendia em sua forma retangular por metros e metros quadrados, com inúmeros jardins ao redor. A torre norte era apenas um anexo, que havia sido construído de frente para o norte, ao inverso da mansão. Elas não se interligavam, mas ambas eram cercadas pela densidade verde escura do bosque.

Se levantando da onde estava sentada, a pequena Hinata caminhou pé ante pé, atravessando o jardim. Ela passou pelas fileiras de cerejeiras, a grama bem cortada roçando a sola dos seus pés descalços a cada passo em direção a densidade escura. As árvores retorcidas daquele lugar pareciam misteriosas para uma pequena menina, mas ela foi corajosa o bastante para passar por elas sem pestanejar. A grama macia deu lugar a terra úmida e aos galhos secos, o sol fraco desapareceu quando ela se viu engolida pela floresta, embrenhando-se ainda mais por aquelas árvores sinistras.

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