•• Bakugou Katsuki ••
Depois de dois segundos processando o que estava acontecendo, correu até o armário e pegou o frasco com os remédios. Levou até Deku com um pouco de água da pia mesmo. Ele tomou a droga com dificuldade. Esperou que ele falasse algo, mas ele ficou cabisbaixo com um olhar distante ainda apertando a camisa. Bakugou não sabia o que falar ou fazer. Estava preocupado e ao mesmo tempo puto por não estar entendendo nada.
Estalou a língua e colocou o esverdeado nos braços, tentando ignorar os grunhidos de dor que lhe causavam um aperto no peito ao ouvir... Foi até o quarto, sentou na cama encostando a cabiceira acolchoada e soltou o menor devagar entre suas pernas abertas. Deku se moveu lentamente até achar uma posição confortável se escorando com as costas no peitoral de Bakugou que o envolveu com delicadeza.
— Kacchan… Eu pos-
— Espera essa droga aí fazer efeito. Depois você fala... Porra Deku. — Apoiou o queixo na cabeleira abaixo e suspirou — Faz dias que tô aqui com você e não sei quase nada do que aconteceu depois que você veio embora... Não quero te precionar mas não tô entendendo porra nenhuma e isso é irritante pra caralho.
Estava ansioso pra saber de tudo, mas não queria ouvir a voz já trêmula de Deku sendo cortada por gemidos dolorosos. Queria abraça-lo com mais força mas talvez isso o machucasse. Não podia fazer nada relacionado a dor que ele sentia e isso era frustante, uma das piores sensações. Tentou ficar calmo mesmo com sua mente focando na respiração falha do outro.
•• Midoriya Izuku ••
Os minutos passavam devagar, junto com a dor que o lembrava de um passado desagradável. Kacchan estava em silêncio, acariciava seu cabelo verde com uma mão e com a outra tamborilava os dedos na própria perna. Dava para sentir a inquietesa que ele estava por dentro, mesmo não querendo demonstrar dava para sentir a impaciência transbordando dele. O barulho da chuva que começou a cair deixava o clima mais tenso. Teria que contar tudo agora, mesmo sendo difícil relembrar tais momentos...
A dor já estava diminuindo, estava mais fácil de respirar. " Como pude esquecer de tomar o remédio?" respirou fundo e começou a falar.
— Uhn... Vou resumir tudo ok... Quando nos mudamos pra cá, foi um pouco difícil se adaptar mas não foi tão ruim... Não entendi bem por que minha mãe quis vir. Ela disse que essa casa era do meu pai e que ficaríamos até ela resolver um problema pessoal, que eu nunca soube o que era... Terminei os estudos, conheci o Mirio, comecei o curso de enfermagem… Tudo estava indo bem, embora eu sentisse saudade da nossa antiga cidade, das pessoas… De você… Mesmo pensando que eu não estava fazendo falta, eu ainda queria te ver de novo... Eu iria começar um estágio no hospital daqui. Eu estava bem animado e mamãe mais ainda... Uhm... Mas no dia em que comecei, ela viajou. Disse que seria rápido… Eu já estava ansioso por estar terminando o curso e já começando um estágio, só queria que tudo desse certo sabe? — Fez uma pausa pra respirar fundo. Sentia novamente uma dor no peito, mas dessa vez não era física e sim emocional. Continuou
— Foi a primeira vez que fiquei sozinho nessa casa, e nessa noite eu não dormi bem. Não sei se eu estava só nervoso com o estágio, ou estava preocupado por ela não ter ligado para avisar que chegou, ou se era medo do escuro, ou se eu só estava sentindo que havia acontecido algo... Quando amanheceu, a tia Mitsuki veio me falar que ela tinha sofrido um acidente e que o carro em que ela estava pegou fogo. — Kacchan o apertou um pouco, provavelmente sem perceber " É claro que ele não sabia disso " — A ajuda demorou bastante e depois... Encontraram o corpo do motorista e o dela quase completamente carbonizados. A tia Mitsuki pediu pra cremar o que sobrou e me trouxe as cinzas em um pequeno pote de vidro bem bonito e delicado... Uhn...Tem um rio a alguns quilômetros daqui, seguindo por aquela mata. A mamãe disse que foi lá que meu pai pediu ela em namoro e depois em casamento — Apontou pra direção onde ficava o túmulo da mãe — Ela amava aquele lugar, então decidi jogar as cinzas dela lá quando a tarde chegasse. A tia Mitsuki foi comigo, ela tentava me confortar mas eu estava muito inerte em meus pensamentos, não ouvia quase nada do que ela falava... Eu não queria ouvir— Sentiu os olhos marejarem e seguiu falando em um tom mais baixo — Me senti inútil e bastante perdido. Não pude fazer nada. Mal nos despedimos e isso estava me deixando sem chão. Na verdade eu nem estava acreditando, não conseguia chorar muito menos conseguia aceitar. Foi estranho e repentino demais.
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Destino
RomanceApesar de estarem afastados, um incidente faz com que Katsuki e Izuku se reaproximem de maneira inesperada pois não é todo dia que maldições familiares faz você reatar laços cortados com alguém que ja foi e ainda é muito especial em sua vida. Parand...