Retomando Os Laços

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Uma linda sexta-feira pra vocês

Boa leitura.

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- Eu passei quase uma semana trancada no meu quarto depois do enterro dela. Não queria comer ou beber nada, eu nem queria respirar.

- Toda noite eu ligava no seu celular e deixava tocar até cair na caixa postal, só para que eu pudesse ouvir sua voz outra vez.

- Depois de muita insistência, o pai conseguiu me fazer sair do quarto. Ele não dizia nada, mas eu podia ver a decepção nos seus olhos. Nossa mãe me olhava com repulsa toda vez que me via. Ela mal me dirigia a palavra dentro de casa.

- As coisas em casa ficaram bem ruins por um tempo e só voltaram a "melhorar" quando eu apresentei o Jonas pra família. - Rafa derramava algumas lágrimas ao terminar de contar.

Marcela POV

Eu tinha escutado cada palavra que a minha irmã me dizia em silêncio e conseguia entender muitas coisas da sua vida agora, como por que ela sempre escutava aquela caixinha de música antes de dormir, ou por que me defendia com tanto apoio das grosserias da nossa mãe e porque nunca comemorava seu aniversário.

Talvez em seu lugar eu fizesse o mesmo. Eu podia sentir nas suas palavras que ela se culpava por tudo que tinha acontecido, mesmo tendo plena consciência de que a culpa não era dela.

Eu fui bem diferente da minha irmã quando era adolescente, principalmente nos quesitos relacionamento e amor. Tive vários relacionamentos, porém nunca fui apaixonada por nenhuma delas.

Eu gostava dessa "liberdade de escolha" de poder ficar com alguma garota sem me apegar a ela, o que tornava meus namoros sempre curtos.

Dei meu primeiro beijo em uma garota aos 15 anos, na minha melhor amiga, Emilly, e naquele mesmo ano perdemos nossa virgindade juntas.

Sorri ao relembra-la. Nós ficávamos de vez em quando, mas não tínhamos nenhum compromisso sério, até porque ela era bissexual e vira e mexe estava de rolinho com algum garoto.

Foi nessa época que a minha mãe nos flagrou, juntas, no meu quarto.

Ela surtou, literalmente. Depois de botar Emilly para fora de casa quase escorraçada ela e eu entramos num embate poderoso.

Quando nossa discussão estava no auge Rafaela entrou na sala encontrando nossa mãe extremamente alterada. Eu nunca fui de baixar minha cabeça para ninguém e como sempre havia jogado algumas verdades na cara dela quando sua mão me estapeou com tanta força que cai sentada sobre o sofá.

- Mãe! – Gritou ela – A senhora enlouqueceu – correu até nós pondo-se entre minha mãe e eu.

- Louca esta sua irmã! – Respondeu – Eu a peguei se esfregando com a Emilly agora pouco. Uma pouca vergonha dessas dentro da minha própria casa.

- Aquilo não era pouca vergonha mãe! – Respondi levantando-me – pouca vergonha é você se achar no direito de julgar a mim quando nem sequer sabe ser uma mãe de verdade! Você nunca se preocupou com a gente, nunca esteve presente, só se importa com sua fotinha ridícula estampada nas colunas dos jornais isso sim.

- Cala a boca Marcela! – levantou a mão novamente, mas Rafaela a segurou.

- Chega mãe! Eu não deixarei que encoste a mão na minha irmã.

- É claro que você vai defendê-la, não é? Ela é igual a você!

Eu achava que sermos iguais se referia ao fato de sermos irmãs, de termos gostos parecidos e sermos sempre unidas. Mas não era isso que minha mãe quis dizer.

A Namorada Da Minha Irmã - Gicela - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora