Congelada no tempo
Mas não há como te apagar da minha mente
Eu atiro e viro
Vai doer não importa o que eu faça
All Again - Fifth HarmonySetembro de 2019
Eu tentava não suar, tentava não bater a sola do meu tênis contra o chão da lanchonete aconchegante em que eu me encontrava, tentava não limpar as mãos no meu jeans escuro, mas acima de tudo, eu me esforçava constantemente para não pirar diante de todos aqueles olhos que a qualquer momento poderiam demonstrar algum sinal de reconhecimento.
Isso era uma das coisas que mais me aterrorizava, ser reconhecida e consequentemente julgada.
Já haviam se passado três longos anos, no entanto a terrível lembrança daquela noite ainda me assombrava. Não importava se eu estivesse do outro lado do mundo, ou novamente em Berkeley, elas sempre ìriam me atormentar.
Era como se elas tivessem sido introduzidas em minha mente com algum tipo desconhecido de droga que me impedia de esquecê-las até mesmo em meus sonhos.
Olhei disfarçadamente ao redor da pequena lanchonete. Nada de incomum, nada de estranho, nada de suspeito, além de mim mesma.
Eu era a única com um comportamento consideravelmente bizarro ali, apesar de buscar sempre agir de maneira natural.
Se uma pessoa me olhava por mais de míseros cinco segundos eu já ficava alarmada e esperava da chuva de ofensas que ela possivelmente transferiria em minha direção.
Eu já havia sido encurralada três vezes por colegas da época do ensino médio. Eu nunca esperei que eles esquecessem o que eu supostamente havia feito, mas eu realmente tentei me iludir com a hipótese de não reeconcontrar nenhum deles na universidade, entretanto levando em conta que a universidade local era uma das mais prestigiadas do região, eu devia ter sido mais esperta.
Não que isso fosse mudar minha decisão de finalmente ingressar na universidade. Não, desta vez nada afetaria minhas escolhas, mas eu certamente tentaria me manter mais invisível.
Paguei minha conta, e checando uma última vez o relógio em meu pulso me levantei, mas só enquanto eu o fiz, uma mão delicada e ao mesmo tempo firme, fez pressão em meus ombros para que eu tornasse a me sentar.
_ Nada disso, você só vai sair daqui quando eu lhe contar todos os preparativos para o meu aniversário na semana que vem _ Uma voz conhecida falou, ainda em pé ao meu lado.
Eu olhei para cima e me deparei com Naomi Lohan. A única pessoa que ainda insistia em conversar comigo naquela maldita universidade. Não que os outros -pelo o menos os que não sabiam do meu passado- não tentassem, e sim porque eu preferia manter contato com o mínimo de pessoas possíveis.
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Raso e Profundo
RomanceEu um dia, Luísa Constantine possuía um relacionamento que ela julgava ser feliz ao lado do único garoto que havia sido capaz de realmente prender sua atenção por mais do que apenas duas semanas e entender de fato sua natureza caótica e peculiar, n...