Eu não Estou com raiva
Eu estou na dor
E você me colocou aqui
A pessoa a qual, supostamente, me amava mais do que qualquer outra coisa.Capítulo 1
23 de setembro de 2019
Meu apartamento estava um completo caos. A três meses atrás, quando eu cheguei da Alemanha, eu havia convencido Rose a adquirir o imóvel para mim. Não havia sido uma tarefa muito terrível. Tendo em vista que ela me queria bem longe de sua magnífica casa, eu não precisei insistir muito na ideia, mas se ela passasse por aquela porta agora e observasse a anarquia que a minha sala havia se transformado, ela com certeza mudaria imediatamente de ideia.
O lugar não estava sujo, afinal mesmo com toda a minha síndrome de garota rica privilegiada que não trabalhava, eu ainda prestava para lavar uma louça, limpar um chão ou ariar um banheiro.
O grande problema ali era a desorganização. Havia botas e tênis jogados pela casa a fora. Roupas em cima da escrivaninha do quarto, e algumas caixas de pizza do dia anterior ainda descansavam em cima da mesa. Eu costumava, por um breve momento, deixar as coisas em seus devidos lugares, porém quinze minutos depois a desordem retornava.
O único lugar intacto de todo o meu apartamento era a minha cama, porque quando eu não estava na faculdade, era ali que eu passava a maior parte do meu tempo, e eu gostava dos meus lençóis bastante organizados e limpos, no entanto naquela noite eu surpreendentemente não iria só me deitar cedo naquela cama e esperar o sono me atingir enquanto me torturava com pensamentos insanos e infelizes.
Não! Eu tinha um compromisso real naquela sexta feira. Não era sem pôr cento seguro, mas era real.
Encarando meu reflexo no amplo espelho do banheiro, pensei em deixar meus fios soltos, mas desisti quase que imediatamente. Cabelo solto e volumoso eram minha marca registrada e como minha intenção onde quer que eu fosse era nunca ser reconhecida, decidi optar novamente pelo rabo de cavalo alto e apertado que eu havia aderido desde minha volta a Berkeley.
Vesti uma roupa simples de cores neutras. Uma calça jeans clara, e uma camiseta lisa branca sem sutiã. Eu sempre odiei usar sutiã e disso eu não tinha como abrir mão. Não passei absolutamente nada no rosto, o que era um grande avanço para mim, tendo em conta de que eu odiava sair na noite sem um batom vermelho. Demorei vinte minutos para encontrar o outro par do meu coturno de salto e quando o achei, meu telefone tocou no quarto. Eu caminhei até lá com uma bota na mão e a outra já calçada.
O nome de Naomi ilustrava a tela do meu iPhone quando o peguei. Por um minuto eu me iludi com a hipótese de que se eu me atrasasse, ela desistiria de me arrastar para seja qual fosse o pub em que ela pretendia ir, mas aparentemente Naomi era mais insistente do que eu havia achado inicialmente.
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Raso e Profundo
RomanceEu um dia, Luísa Constantine possuía um relacionamento que ela julgava ser feliz ao lado do único garoto que havia sido capaz de realmente prender sua atenção por mais do que apenas duas semanas e entender de fato sua natureza caótica e peculiar, n...