Capítulo 6

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Henrique

Cheguei na faculdade no dia seguinte, e não sei porque, mas tive a impressão que as pessoas estavam me encarando.

- Ae Henrique. - Um cara gritou. - Imaginava isso de você não. - Riu.

Mas do que esse doido tá falando?

- Cuidado hein Andrew, senão você fica igual. - Outro carinha riu.

- Do que esses loucos estão falando? - Andy perguntou sem entender.

- Molecada, chega aí. -  Natan disse nos puxando pra dentro de uma sala vazia.

- Tu sabe de algo parça? Por que tá geral me fitando? - Perguntei confuso.

- Cara, não sei como aconteceu. Mas parece que alguém espalhou boatos que tu gosta de dar. - Falou e Andy caiu na gargalhada.

- COMO É QUE É? - Perguntei perplexo. - E quem foi o filho da puta?

- Não sei. Sabe como é fofoca, né? - Natan disse se sentando em cima de uma carteira.

- Mas eu não sou gay. - Falei indignado.

- Nós sabemos, mas eles não. - Natan disse mas a única coisa que eu conseguia ouvir eram as gargalhadas de Andy.

- Eu tenho lá minhas dúvidas. - Ele disse tentando recuperar a fôlego.

- Vai se fuder. - Falei rindo com a risada dele. - Agora precisamos descobrir quem foi o filho da puta. - Conclui sério. - Vou quebrar na porrada.

Fiquei a aula inteira pensando em quem poderia ter espalhado esses boatos sobre minha pessoa. Não tinha muitos inimigos na universidade.

Tocou o sinal e sai rápido. Várias pessoas vieram com gracinha, mas eu não me importei, eu não era gay, tinha consciência disso, então não vou ficar me justificando para um bando de babacas.

- Oii Henrique. - Escutei uma voz doce.

- Olha, se for me zoar, já vou avisando que estou sem paciência. - Me virei.

- Não é isso. É que eu vim perguntar se eu tenho chances, mesmo tu sendo gay. - Ela disse toda delicada.

- Claro que tem. - Comentei. - Até, mesmo porque eu não sou gay. - Sorri e ela arregalou os olhos e depois sorriu.

- Sério? É que a A... - Ela parou de falar e sorriu nervosa.

- A quem? - Perguntei curioso.

- Ninguém, deixa quieto. - Se virou mais eu corri e parei de frente pra ela.

- Quem disse que sou gay? Prometo que não digo que foi tu quem me disse. - A olhei.

- Foi a Davis. - Falou bem baixinho.

- Davis? Alice Davis? - Perguntei levantando a sombrancelha.

- Sim - Disse ela cerrando os dentes.

- Obrigado gatinha. Qual é seu nome mesmo? - Perguntei por educação.

- Lúcia. - Ela disse sorridente.

- Valeu, até mais Luciana. - Sai correndo.

Alice

Eu estava sentada na biblioteca, lendo meus livros de anatomia. Medicina é complicado.

- Alice, eu vou te matar. - Ouvi uma porta bater.

- Shii, silêncio senhor Bontequiéw. - A senhora que trabalhava na biblioteca disse em voz baixa.

Puta que pariu, era o Henrique.

- Pois não. O que houve? - Me virei para ele com um sorriso no rosto.

- Não seja sonsa. - Ele disse me pegando pelo braço e me puxando para fora da biblioteca. Logo depois, me levou para uma sala cheia de produtos de limpeza, bem isolada.

- Você está louco? Quem pensa que é pra encostar assim em mim? - Perguntei furiosa. - Você me machucou sabia? - Falei sacudindo meu braço no rosto dele.

- Foda-se. - Ele disse levantando a sombrancelha. - Por quê disse pra Lucrécia que eu sou gay? - Perguntou

- Quem é Lucrécia? - Perguntei sem entender.

- Uma menina morena, de olhos cor de mel, alta e com lindas curvas. - Ele disse com um sorriso maldoso no rosto e revirei os olhos.

- Lúcia, o nome dela é Lúcia. - Falei bufando.

- Tanto faz. Lúcia, Lucrécia, Luciana, Larissa... Tudo a mesma coisa. - Ele disse impaciente. - Por que mentiu?

- Porque você mereceu. - Falei colocando o dedo na cara dele.

- Olha aqui, eu sei que você é toda mimadinha e tudo que você faz, seus pais passam pano. É a princessinha do papai e da mamãe, né? E é por isso que você é uma fraca! - Ele disse colocando o dedo na minha cara também. - Mas eu não deixar isso ficar assim.

- Fala isso porque você tem inveja de mim, afinal eu tenho um pai que mesmo sendo um filho da puta, me ama. - Me enfureci. - E tenho uma mãe que me enche de amor e carinho. E você tem o quê? - Perguntei puta da vida. Quem ele pensa que é pra me chamar de mimada?

Ele me prendeu contra a parede, e segurou meus pulsos fortemente. Mas eu o encarei séria, escondendo que meu pulso doía.

- Eu posso não ter um pai amoroso, ou uma mãe viva. Mas pelo menos, eu nunca apanhei do namorado. - Ele disse e eu estremeci. Ele disse algo que mexia muito comigo. - Acho que no fim das contas, ele saiu vitorioso. Afinal, Não precisa mais namorar você. - Eu puxei meu braço e dei um tapa na cara dele.

- Escuta aqui seu merda. Não fala o que você não sabe... - Gagueijei. - Quer saber? Não vou perder tempo falando contigo, você não merece meu tempo. - Meus olhos ficaram marejados.

- Alice... - Ele disse respirando fundo com um olhar arrependido.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. - Vai se fuder! - Falei saindo de lá batendo a porta.

Aquele babaca não tinha noção, de como eu sofri na mão do Matheus, e como lembrar dele me machucava.

"...No fim das contas ele saiu vitorioso. Afinal, Não precisa mais namorar você" - Ele saiu vitorioso mesmo, porque quem ficou com o psicológico fudido no final, fui eu.

Nem fui para as outras aulas, resolvi ir embora mais cedo, melhor do que chorar em público.

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