13- cadê meu chão?

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MEL

Assim que o policial me falou do acidente do Pedro meu coração parece que vai sair pela boca.

EU NÃO POSSO PERDER MEU MARIDO, MEU AMOR, MEU TUDO, O PAI DOS MEUS FILHOS.....

Escutei uma voz longe me chamando, me tirando dos meus pensamentos.

- senhora Melissa, chegamos...- eu saio do carro e entro no modo automático- essa é Sheila a assistente social que vai ficar com sua filha, enquanto você resolve as coisas- a assistente estica os braços para pegar Ayla do meu colo que está dormindo e eu nego.

- Não precisa, eu trabalho aqui, ela vai ficar a creche dos médicos pois ela já conhece as tias de lá- eles assentem e eu levo Ayla para creche.

As tias da creche até me perguntam por que estou aqui mas me limito a dizer que é uma emergência.

Como trabalho aqui eu me infiltrou na emergência ao invés de ficar na sala de espera, nesse trajeto encontro a Du que também trabalha aqui comigo.

- Mel o que você tá fazendo aqui? Seu turno já acabou faz horas, vai pra casa mulher!- Ela ri e eu permaneço imóvel- Melissa, Mel, eiii, fala comigo!- eu olho para ela

- Não tô aqui a trabalho, Du- Ela levanta a sobrancelha me perguntando silenciosamente o motivo de estar ali- o Pedro sofreu um acidente- me limito a dizer isso, olhar para frente e sair andando. Um tempo depois do choque ela vem correndo atrás de mim mas não diz nada.

Eu me dirijo para emergência e pelo vidro eu vejo os médicos tentando reanimar Pedro, fazendo vários procedimentos e suturas. Esse não é o meu Pedro, meu Pedro é indestrutível...

Depois de 45 minutos de muitos procedimentos e tentativas frustradas de reanimação, o médico encarregado do caso declara o óbito. Sinto meus olhos marejarem e automaticamente me abraço.

O médico sai da sala e me olha.

- Mel, você conhece ele?- eu o olho com os olhos cheios de lágrimas e afirmo com a cabeça

- tente avisar os parentes dele, esse caso foi impossível, ele já chegou aqui praticamente morto- lágrimas pesadas rolam pelas minhas bochechas- Você é o que dele? Por que está tão abalada?

- NÃO SEI DR. GIBSON, TALVEZ PORQUE O SENHOR ACABOU DE ME CONTAR DA MANEIRA MAIS INFORMAL POSSIVEL QUE O MEU MARIDO MORREU!!! MAS SE ISSO NÃO FOR SUFICIENTE PRA VOCÊ EU REALMETE NÃO SEI O QUE PODE SER- grito no meio da emergência e todo mundo olha pra mim- O QUE FOI? NUNCA VIRAM UMA MULHER PERDER SEU MARIDO?? OU UMA MÉDICA CHORAR?? POIS É ISSO ACONTECE MÉDICOS TAMBEM PERDEM PESSOAS E TAMBEM CHORAM!!!!

- Mel, eu sei que é difícil mas eu preciso que se acalme se não vou ter que sedar você...

- VOCÊ SABE QUE É DIFÍCIL?? VOCÊ JA PERDEU SUA ESPOSA, A MÃE DOS SEUS FILHOS, SUA ÚNICA FAMÍLIA??? SE NÃO PERDEU, NÃO ME VENHA FALAR QUE SABE COMO É A MINHA DOR- continuo gritando

- Que bagunça é essa aqui na minha emergência?- o chefe dos residentes, que eu nunca nem vi, apareceu mas eu conheço esse rosto..... É o Hugo que me deu concelhos da faculdade-

- chefe, a Melissa acabou de perder o marido e ....- Hugo o interrompe

- Tá tudo bem Gibson, eu cuido disso, vai trabalhar- ele assente e sai. Ele aproveita para se aproximar de mim que agora estou chorando com a mão no rosto.- Mel, Melissa Montenegro

Eu olho para ele com os olhos cheios de lágrimas e ele abre os braços pra mim. Imediatamente eu o abraço

- Hugo, ele...e-ele mor...morreu- eu afundo minha cabeça em seu peito e ele mexe no meu cabelo

- Eu sei....Eu sei...- eu olho para ele

-Ele prometeu que jamais iria me abandonar, mas ele me deixou aqui, sozinha, eu e Ayla....- respiro fundo- o que eu vou fazer agora??-

- calma, eu tô aqui com você, vou te ajudar, agora vamos sair dessa emergência. Vou te levar pra um lugar reservado.

CONTINUA...
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