Prólogo

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Olhos apressados e múrmuros nervosos eram apenas uma lasca da ansiedade sufocante e densa na sala. A luz, intensa e pálida, era alarmante, gritante. A presença mais marcante no brilho único e constante, em seu silencio perturbador, do que uma sirene barulhenta.

Uma única voz se sobressaía das outras, em gritos de dor que beiravam o desespero. Os dedos comprimidos e magros da mulher apertavam o metal frio da cama, em uma força que anulava a circulação do sangue em suas extremidades. Lágrimas finas escorriam, se misturando com o suor sobre a pele avermelhada.

Então, entre o vermelho viscoso e ar carregado, o primeiro grito veio, capaz de intimidar até mesmo a luz agressiva que os cobria. Os pulmões se encheram de oxigênio, exigindo tudo o que poderia reivindicar no seu primeiro respirar. Era um grito de vitória.

Nos segundos seguintes, de mão em mão, o corpo jovem passou. Mas não realmente chegando aos braços de sua mãe. Não, não se aproximou deles.

Na verdade, seu grito de vitória foi ofuscado por um segundo. Talvez mais alto e vivo, completo. Mas era o mesmo timbre, na voz de alguém que não exigia nada além do poder de tomar o ar. Foi último a soar. E talvez o único que permaneceu constante pelos próximos minutos. A pele dele foi agraciada com o calor do corpo materno.

A vida foi concedida.

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