I - Matador da Barghest

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Ao cair do sol sobre o horizonte e das montanhas rochosas de Brelistok, quatro homens, ogros patifes resmungavam caminhando com uma carroça, próximo a uma taberna, com paredes de pedras acinzentadas coberta por palha e madeira, uma construção bem alta por sinal, aparentando ter um sótão ou dois andares apenas.

O homem que atiçava o cavalo na carroça falava tão alto que sempre espantava o outro magrelo e bigodudo a sua direita.

Na parte traseira da carroça vinha os outros dois, um que parecia ser seu irmão, de mesmo porte grotesco, porém com uma camisa folgada marrom e um chapéu preto desbotado, e o outro mais novo, filho ou sobrinho de algum deles, que ao contrário do homem que conduzia a carroça, ele não emitia nenhum som.

Ao aproximar-se da taberna, os quatro descem e o berrão de calças justas deixou seu cavalo, cansado e sedento, amarrado próximo a um cocho de água. Em seguida, todos eles, ainda gritando um com outro, entram no estabelecimento, que estava lotado por habitantes de Brelistok.

 Sem se quer querer notar quem estava ali, eles se sentaram na mesa mais próxima, retangular, com um banco longo nas extremidades, ao som de gaita de fole no fundo, bêbados caídos e prostitutas querendo seu ganha pão.

Logo, o berrão chama a atenção do dono da taberna com um tapa na mesa de madeira, pedindo cerveja para os viajantes.

- Que espelunca, eles olham as pessoas entrarem e mesmo assim não oferecem nem lavagem! – indignado.

- Se soubessem quem somos nós, certamente nos serviria com respeito e temor – fala com um sorriso no rosto, o bigodudo.

- Não conhecemos Brelistok, talvez eles tratem o rei deles dessa forma e achem que é uma cordialidade, estupido!

Sem passar muito tempo, a porta da taberna é aberta com toda força, como se o vento de uma tempestade a empurrasse, dela entra um soldado vestido de aço, armadura cinza detalhada em vermelho, seu elmo era precisamente tenebroso, de modo que seu rosto não tinha como ser visto, sua mão segurava o cabo da espada que estava coberto por um longo tecido vermelho preso as suas costas.

Lentamente ele caminhava em direção ao balcão, onde retirou seu elmo, pondo sobre balcão, mostrando seus curtos fios de cabelo caramelo e seu rosto fino desbarbado, pedindo apenas um copo de água e cerveja.

- Se nos vestíssemos como guerreiro talvez fossemos tratados como ele, irmão! – diz o gordo de chapéu.

- Armadura e seda não matam criaturas, homens matam criaturas, ele pode parecer ter respeito, mas nunca matou um Barghest, como eu! – bate na mesa roçando os dentes.

- Como nós, senhor, e se posso interferir, era um filhote de Barghest! – diz o garoto.

- Garoto, olha como fala com seu tio, Haldem, cala a boca do seu filho que me chama de mentiroso, como sabe que aquele é um filhote? Ele tem um metro e meio de altura.

- Cuidado como fala com seu tio, meu filho, ficou calado toda viagem e quando abre a boca fala asneiras.

- Não pai, é verdade, ouvi histórias quando passamos por Gadur Vogar, antes de acharmos esse Barghest, a história de um homem, a muito tempo atrás que matou um verdadeiro Barghest.

- Tolice, que homem é esse afinal? – curioso.

- Ele é mais que um homem, dizem que foi amaldiçoado pelas divindades, mas eu direi com mais calma seu feito.

I

A uns 50 anos atrás, durante a guerra dos cinco reinos, já beirando em seu fim, havia um homem que por ventura havia sido capturado por um dos exércitos rivais, nesse momento ele era escravo do exército de Wadoheim, em Tragovern, nessa época, chamada de era de sangue, os conflitos entre reinos foram levados ao limite, sendo quase catastrófico, levando mais de dez mil pessoas a morte.

Maldito - Memórias do DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora