2. O Acampamento.

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- Você tem um destino grandioso pela frente, tem um futuro, por favor volte para casa, volte para mim, eu preciso de você! – Essa voz... Eu estou sonhando?

- Você não precisa de mim, eu só te atrapalho. – Eu me arrependo de ter dito isso.

- Eu amo você, Lian. Por favor volte pra mim. – Eu amo você também...

- O que? -Acorda, isso é só um sonho.

Abro meus olhos, estou deitado numa cama feita de lã de ovelha, muito macia e confortável, fazia um bom tempo que eu não dormia em um lugar tão bom, observo as pessoas ao meu redor, lá estavam os jovens, o casal e um senhor de idade bastante avançada, eles se viram para mim.

- Que bom que acordou, filho. Sirva-se de um pouco de comida e água, te ajudará a se sentir melhor. – Disse o senhor apontando para a bandeja que estava ao lado da cama.

Olhei para o lado e havia uma pequena cesta com algumas frutas e sementes, havia um jarro de água também.

Estiquei o meu braço com certa dificuldade e sorteei uma maçã, dei uma grande mordida na fruta, eu não conseguia lembrar de ter comido uma fruta tão saborosa como aquela em toda a minha vida, provavelmente a fome serviu como um tempero a mais.

Depois de terminar de comer a maçã, coloquei um pouco de água em um copo feito de barro e comecei a beber em poucos goles, olhei para a garota que estava em pé ao lado de sua mãe, presumi.

- Você está bem, moça? Tenho uma vaga lembrança de você ter machucado o tornozelo.

Ela desviou o olhar, e depois balançou a cabeça como se estivesse respondendo que estava bem, o senhor então se aproximou e perguntou:

- Meu jovem, qual o seu nome?

- Eu me chamo Lian, agradeço por me deixar dormir aqui e também pela comida. – Enquanto respondia à pergunta, peguei outra fruta, uma ameixa e mordi.

- Não há de que, Lian. Fique o tempo que precisar, os curandeiros o examinaram enquanto você dormia, você não tem nenhum ferimento, aparentemente desmaiou por fome, então fique à vontade para comer essas frutas e se hidratar, depois que acabar a refeição tente dormir mais um pouco. Nós vamos deixar você descansar agora, só queríamos ter certeza que você estava bem, amanhã conversamos melhor ok? – A voz desse senhor era tão gentil, me trazia uma segurança enorme.

Eu queria falar que não precisava e que já estava de partida, mas não consegui, apenas concordei com a cabeça e deitei novamente, meu corpo doía muito, então fechei os olhos por um instante e respirei fundo.

Quando abri os meus olhos o senhor e o casal estavam saindo da tenda, os dois jovens continuaram ali, me observando.

- Eai Lian, meu nome é Matheus, mas pode me chamar de Matt, essa é a minha irmã, Vitória. Só vim agradecer por sua ajuda, eu não conseguiria lutar sozinho, você nos salvou.

- É um prazer, Matt. E quanto a luta, não foi nada, você mostrou o caminho para conseguirmos fugir e também foi bastante ágil, você me segurou antes que eu desmaiasse, então estamos quites em relação a salvarmos um ao outro. – Tentei ser gentil, o Matt parecia preocupado. – Que lugar é esse, Matt?

- Ah, aqui é o Acampamento dos Guias Naturais, você está na enfermaria, o Ancião vai conversar com você amanhã e esclarecer suas dúvidas, tente comer e descansar, amanhã nós conversamos mais.

Concordei com a cabeça e peguei o copo para beber mais água, olhei para a menina que ainda estava em pé, ela parecia envergonhada e nervosa, resolvi falar com ela.

- Você realmente está bem, Vic? – Tomei um gole de água – Posso te chamar de vic?

- Sim estou, os curandeiros cuidaram da torção, não está mais doendo e pode me chamar de Vic sim, todos me chamam assim. – Sua voz era calma, seu rosto estava avermelhado e ela estava mexendo os dedos, como se o nervosismo estivesse tomando conta do seu corpo – Obrigada por me carregar até o acampamento.

Ano Um: Encontro Espiritual.Onde histórias criam vida. Descubra agora