— Tome muito cuidado querida— a voz de Sophie soou aflita, enquanto a mesma me deu um longo abraço.
Tão longo que mais se pareceu com uma despedida.
Minha mente tem se tornado uma espessa tempestade nublada desde que recebi ontem a notícia de que seria eu, a pessoa a averiguar a situação que Sölandis se encontra. Não consigo me animar de modo algum, na verdade tudo o que consigo sentir no momento é a tensão tomando conta do meu corpo, juntamente com o sentimento agonizante de medo. Mas, não qualquer medo, e sim o mesmo que eu senti sete anos atrás quando decidi me aventurar cometendo um erro tão trágico e estúpido que roubou a vida dos meus pais. Quando acordei pela madrugada esse sentimento doloroso já se encontrava no meu peito, foi quando percebi que não iria embora tão cedo, ao menos, não até que eu volte para a aldeia no final do dia e veja que tudo continuou perfeitamente bem.
Passei as primeiras horas da madrugada passei reunida com todos os caçadores e arqueiros, responsáveis por defenderem a vila. Eu os alertei sobre todos possíveis pontos de ataque dos vampiros, sobre suas prováveis presas, e até mesmo em que lugar eles deveriam levar todas pessoas para se esconderem caso a situação saísse do controle— para a escola, já que a mesma possui um porão com uma passagem secreta, que leva até a uma pedreira próxima. Também pedi para que controlarem a taxa de pessoas, principalmente crianças e adolescentes, que gostam de sair da área da vila para explorar o bosque ou se banharem nas águas da cachoeira que fica nas proximidades. Além disso tudo, não haverá caças hoje. Todos precisam estar focados em apenas uma coisa: vigiar a vila, proteger as pessoas.
Depois da reunião, no momento em que o sol surgiu clareando tudo, eu soube que estava na hora de me arrumar. Alyson, o ferreiro, me entregou novas flechas como um presente e um pedido para que eu consiga voltar. Sophie me entregou sua longa capa negra, para que meu rosto não ficasse conhecido na cidade, isso iria ser péssimo, para mim e para todos.
Me armei e me vesti como se estivesse verdadeiramente indo para a guerra, o que em partes poderia acabar virando uma. Possuo uma faca escondida na minha bota, assim como meu arco e minha aljava estão presas nas minhas costas, escondidas pela capa longa. Nunca sabemos que tipo de confusão e imprevistos podem surgir na capital dos vampiros. Ah, e claro, na minha aljava também está escondido o veneno, que ontem ainda tirei tempo para que fabricasse mais.
Respirei fundo e me afastei da mulher, encerrando nosso abraço caloroso. As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, fazendo uma dor agonizante se alastrar pelo meu peito. Na expectativa de fazer essa maldita dor sumir, olhei para Amy. Quase engasgo na minha própria saliva ao encontrar a garota limpando uma lágrima, e tratando de colocar um sorriso maléfico nos lábios rececados como uma forma de disfarçar. Ela tem estado estranha desde ontem, depois que eu contei que não consegui salvar a garota ela pareceu meio perturbada, e então logo depois ela soube que eu iria para a capital. Desde então não me atazanou fazendo piadinhas maldosas, ou, se vangloriando pois enfim iria poder mostrar para todos suas habilidades magníficas devido a minha saída.
Parece que alguém finalmente está tirando a máscara de vilã.
— Pare de me encarar assim!— exclamou enrugado as sobrancelhas castanhas. Não me contive e abrir um sorriso fraco.— Tenha cuidado.
— Pode deixar, eu não sou tão boba. Não mais.— respondi vendo o rosto da garota se suavizar. Eu iria levar seu aviso da maneira mais séria possível, afinal, todo cuidado é pouco.
Girei meus tornozelos, deixando para trás a vila e todos nela, e antes mesmo de entrar na densa vegetação. Ouço um bater de espadas como modo de comemoração, além de todos gritarem o meu nome fazendo um sorriso crescer nos meus lábios. Eles confiam em mim mais do que em qualquer outra pessoa. Eles confiam em mim para essa missão. E eu não vou decepciona-los. Me esquivo das armadilhas de ursos, meu peito se agita um pouco quando quase piso em uma, eu não me lembrava dela. Colocaram armadilhas novas? E esqueceram de me avisar, igual a sempre. Não sei porque ainda fico surpresa com essas situações.
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Reino De Trevas E Sangue
Ma cà rồngA ignorância humana nos cega de uma maneira que chega até a ser incompreensível. E mesmo esse tendo sido o causador dos nossos erros, sendo o causador de tanta dor, sofrimento há sete anos atrás, simplesmente não conseguimos mudar. Estamos cometen...