E cada vez que eu olho nos teus olhos
Te espelho com desejo, eu te beijo e me vejo decretando o fim
Tão simples como o fogo, eu tão novo não sabia, só queria
E de novo, era um novo início pra mim
- Poesia Acústica #2: Sobre Nós / Delacruz
Obs: Não a...
"Você acha que me mete medo? Eu já conheci o medo, e você não tem o sorriso dele!"
- Arlequina
ELLIE
A casa até fica deslocada numa comunidade, não é por nada, mais dá para perceber que quem mora é alguém com grana, bem no topo, fazia sentido demorava muito pra chegar ali, os meninos armados até os dentes que ficam lá na frente.
Ele me fez andar por cada canto, me mostrou cada cômodo, apesar da ameaça de mais cedo, me mostrou tudo com calma, como se fosse super normal por uma arma na cara de qualquer um que visse, provavelmente ele fazia isso mesmo, eu em, folgado, posso tá me borrando, mais não baixei o olhar. Voltamos para a sala, ele foi até um barzinho e pegou uma bebida, me olhava de cima a baixo, comecei olhar mesmo para ele, tipo, que homem, olha foi feito pra seduzir, mais por fora plena.
- Você vai cuidar apenas da minha mãe a dona Rosana, como tem algum conhecimento e ainda faz medicina, fica mais fácil, o doutor que cuida do caso dela vai te mostrar o que fazer, leve isso como um treinamento, ela tem câncer começou no seio, agora tá por tudo. – Ele falava olhando como se tivesse no mundo da lua. – Por minha causa ela se nega sair do morro, ninguém me conhece lá fora, mesmo assim procuro não ficar saindo, é simplesmente como se eu não existisse, o tratamento dela é aplicado aqui mesmo, só uma forma de adiar o inevitável. – Ele fez a expressão de estar tomando algo muito ruim, não julgo. - Durante a semana se puder posar aqui me ajuda bastante, agora com os remédios ela até dorme de noite, mais não gosto de deixar sozinha. – Era como se ele tivesse no automático.
Ele terminou de mostrar as coisas e eu fui no quarto da mãe dele, que estava sentada olhando para o nada, assim que me viu abriu um sorriso leve, dava pra ver que estava cansada, peguei o prontuário dela, já sabia fazer uma leitura, ela começou com um modulo maligno no seio direito o problema é que espalhou, existe câncer hoje no corpo todo, ela pode ter falência múltiplas dos órgãos por conta da quimioterapia. Só tem 60 anos, relativamente nova em comparação para o câncer.
- Oi, Sra. Rosana, tudo bem? Sou a Ellie, vou trabalhar aqui, se precisar de algo. – Olhando bem dá para ver que ele é uma versão masculina dela.
- Que moça mais bonita. – Tosse – Não se preocupe querida, muito obrigada, me chame de Rosa, Sra. me lembra de uma velha chata, não acha? – Deu uma risadinha leve.
- Você está longe de ser uma velha chata. - Fui sincera, pois ela é toda fofa.
- Filho, olha só que moça mais linda e educada. – Levei um susto quando olhei e vi que ele estava no quarto, como pode ser humano chegar sem fazer barulho parece uma sombra.
- Mãe, Sra. está bem? Não faça esforço mulher. – Olhar "humano" dele para ela. - Ela até que é bonita mãe.
Ele disse até que ela é bonita? Meu filho aqui é carne de primeira, não é as marmitas que você tá acostumado. Se eu falei isso em voz alta? Falei nada, gosto de estar respirando.
Ele deu um beijo na testa dela, os dois são bem queridos um com o outro, aqui ele não é o pior traficante do Rio, é só um filho que cuida da mãe.
- Filho estou bem, pare de assustar a moça e ela é linda moleque. – Ela olha com bastante carinho para ele.
O radinho apitou me deu aquela encarada e ele saiu do quarto para ver o que era, fiquei ali conversando com a Rosa, uma mulher incrível, apesar de estar passando pela fase difícil estava cheia de vida na medida do possível. Ela me contou que fora o médico que vem todo dia, havia mais duas enfermeiras que sempre faziam trocas. Ele deixa uma equipe bem preparada para qualquer imprevisto.
Ela não conseguia manter uma conversa por muito tempo, pelo fato de se cansar, mais é bem atenciosa. Eu saí do quarto e fui atrás do Coringa, ele pediu para eu dormir aqui, preciso saber como isso vai funcionar.
Eu não conheci meus pais, no orfanato nunca me contaram como eu fui parar lá, só sei que eu era apenas uma bebê recém-nascida, sem detalhes apenas isso. Então não sei como deveria lidar com a situação da Rosa.
O Coringa demonstra bastante carinho por ela, do jeito dele, e o olhar dela é de quem ainda está aqui por ele é visível, está bastante cansada e isso é bem normal no atual estado dela.
Apesar de conhecer várias faces do meu chefe, vulgo Coringa, dá para perceber que família é o importante aqui, cuidar de uma comunidade e manter a vida da mãe é o que ele faz.
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