A eternidade é um dia sem meia-noite

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Deitei. O colchão era igualmente ruim. Eu fitei a vastidão do céu e seu manto estrelado é lindo. Quando me dei conta, uma última lágrima conseguiu se superar. 
Assim que o sol raiou, eu me coloquei de pé e minha caminhada se reiniciou. Passo... após.... passo... somente eu, minha dor e um monte de areia.

— Você já desistiu?
— Quem está aí? – eu berrei, conforme girava de um lado para outro.

Não havia ninguém e, por isso, segui em frente.


— Mais uma vez, você escolheu fugir, assim como fez comigo. Por quanto tempo vai preferir a solidão?
— Você é minha cabeça – respondi para miragem, sem parar – Sou eu quem deve sofrer as consequências.
— E quem disse que era a única saída? Mas, você só encarou a opção de a abandonar, assim como me abandonou.
— Você não entende.

Foi quando ela se materializou na minha frente. Eu estava certo. Era Lara - o nome mais próximo do real -, meu antigo amor, a mulher de minha tribo com quem eu deveria me "casar". Eu a amava, ainda a amava, mas precisei a deixar para trás, quando percebi que não poderia mais viver uma vida no mesmo lugar. Isso foi milênios atrás, logo, era o Saara, quem brincava com minha cabeça. 

— É mesmo? - ela perguntou, enquanto eu a atravessava como um portal - E por quanto tempo você acha que aguentará o isolamento? - ela ressurgiu ao meu lado e andou comigo - A eternidade é mais do que uma volta do sol.
— Não, querida, a eternidade é um dia sem meia noite.

O Deserto me JulgaráOnde histórias criam vida. Descubra agora