Capítulo 3.

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Eu era um ímã para as confusões, era a única explicação lógica que pude achar, ou será que Lúcifer era? De qualquer forma eu acabava envolvido de um jeito ou de outro. Após nossa breve "conversa", ele foi embora me deixando chateado e com a palavra na boca, existiam muitas coisas que gostaria de dizer a ele naquele momento.

Não gostava de mentiras e muito menos de ter que esconder informação, principalmente a Miguel. Quando o treinamento foi parado repentinamente nossas roupas e armas desapareceram nos deixando novamente apenas com as vestes brancas que tínhamos desde a nossa criação, mas eu estava desejando intensamente ter minha espada de volta para pelo menos treinar sozinho e esfriar a mente.

Como se meu pensamento tivesse sido uma ordem, automaticamente a armadura e espada voltaram a mim me fazendo rir ainda em um estado de choque pelo que acabava de acontecer. Não era a primeira vez que via minha arma, mas continuava ficando admirado como se nunca tivesse visto ela e sempre fosse a primeira vez, ela era realmente esplendorosa.

Segurei corretamente a espada com minhas duas mãos ao mesmo tempo em que fechei lentamente meus olhos, eu apenas precisava me concentrar. Realizei o primeiro movimento ainda de olhos fechados, sentia que o artefato tinha controle sobre mim guiando cada um dos meus passos e percebi que Miguel estava certo, realmente tínhamos uma habilidade nata para a luta, mas sabia que esse não era meu poder, sabia que tinha mais dentro de mim, só não sabia exatamente o quê.

Contabilizei mais doze movimentos após o primeiro, cada um deles totalmente diferentes entre si. Já tinha me acalmado, mas treinar era tão relaxante que não queria parar mesmo quando abri meus olhos e tinha vários olhares curiosos nas minhas ações. Efetuei um último golpe que me obrigou a dar um giro e fazer um corte no ar com a espada, mas o mesmo se viu interceptado quando uma foice segurou a lâmina do meu armamento de luta. Essa não...

-Você precisa de alguma coisa Taphiel? - Tentei dar o meu sorriso mais agradável.

-Não... Apenas vi você treinando sozinho e pensei que tal vez quisesse ajuda - Ele era um terrível mentiroso.

-Eu justamente já acabei, mas se você quiser em outro momento podemos treinar juntos - Acenei e me virei disposto a ir embora.

-É uma pena, achei que você fosse um anjo corajoso e não um... Medroso.

Parei no meu lugar ao escutar ele falar e só consegui rir sem graça, sem acreditar no que tinha ouvido.

-Taphiel - Virei e olhei-o com um sorriso sarcástico. - Eu não sou menos corajoso por não treinar agora com você, acho que se eu fosse realmente um medroso como você diz não teria dado a opção de treinarmos juntos em outro momento. Não criemos desentendimentos entre nós irmão, não precisamos disso.

Eu ia continuar meu caminho sem me importar nada do que ele pudesse dizer, era óbvio que a sua presença não tinha outra intenção a não ser causar conflito. Cada vez mais a desconfiança que Miguel tinha em Taphiel fazia mais sentido para mim, ele tinha atitudes que podiam ser facilmente catalogadas como esquisitas.

Poucos metros me separavam do local onde tinha estado anteriormente quando meus sentidos ficaram alerta: Alguém estava vindo em minha direção nem um pouco contente, e eu dava graças ao meu Pai por não ter me permitido fazer com que a espada desaparecesse. Prestes a virar novamente pronto para me defender, pude escutar a colisão entre duas armas e uma voz extremamente conhecida carregada de fúria.

-O quê você estava pensando em fazer Taphiel?! Atacar um irmão pelas costas?! Isso é sério?! - Recuei três grandes passos junto com todos os outros anjos ali presentes ao ver Miguel tão enfurecido. - Eu estava totalmente certo em manter toda minha atenção em você!

SebastielOnde histórias criam vida. Descubra agora