Capítulo 9 (Parte 1).

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No momento em que saí da sala me surpreendi ao ver que tinha parado de chover, mas comecei a ficar com medo quando o céu se escureceu dando passo à noite. Nunca chegava a noite no paraíso, motivo pelo qual o meu primeiro pensamento foi que algo terrível iria acontecer. Na primeira vez que tivemos uma drástica mudança climática ela veio acompanhada da trágica morte de Laylah, então eu não conseguia ter nenhuma concepção positiva sobre o repentino anoitecer que tinha invadido o nosso lar.

Cada vez escurecia mais e mais, dificultando poder enxergar qualquer coisa. Era em momentos assim que me arrependia por não estar continuamente ao lado de Miguel, ele saberia o que fazer e não entraria em pânico como eu.

-Mas o quê é isso? – Minha voz saiu trêmula quando fiz aquela pergunta, mesmo não tendo ninguém para me responder.

A lua mostrou-se, mas ela estava tremendamente sinistra: Sua clássica cor tinha sido substituída por um vermelho muito intenso, lhe dando um ar completamente aterrorizante. Mais do que nunca tinha a certeza de que havia algo errado e afastando os meus medos fiz a espada aparecer, minha promessa de proteger os meus irmãos ainda estava em pé e eu não erraria como tinha errado com a ruiva.

Deixei que meu inconsciente me guiasse e novamente me vi no local da criação, por algum motivo sempre tudo acontecia ali. Todos os anjos se encontravam reunidos formando dez extensas filas, e cada um deles portava sua respectiva arma e armadura. Andei pelo espaço livre até chegar ao início das tropas onde já se encontravam os três Arcanjos, me surpreendeu a rapidez com a qual todos tinham aparecido, fazendo que me questionasse quanto tempo havia perdido na minha tentativa de entender o que acontecia com a lua.

Posicionei-me junto a Miguel e olhei-o perguntando-lhe silenciosamente o que estava havendo, e ele simplesmente apontou em linha reta me fazendo ver o que ocorria: Frente a nós muitos dos nossos irmãos se juntavam também em filas, mas a diferença era que eles nos olhavam com ódio, rancor, raiva, como se fossemos uma ameaça.

Rafael se encontrava ao meu lado esquerdo e Gabriel ao lado direito de Miguel, ficando eu e o castanho no meio. Eles também tinham em sua posse as suas espadas, mas o Arcanjo principal se diferenciava por também ter em seu poder o característico escudo que tinha gravado nele um trecho do Livro dos Anjos.

-Miguel – Ele me olhou. – O quê significa tudo isto?

-Eu não sei Sebastiel, a minha única certeza é que não é nada bom.

Ia continuar com as minhas perguntas, mas me detive ao notar como os nossos opoentes criavam distância entre eles deixando que pelo caminho que tinha se formado aparecessem Taphiel e...

-Lúcifer? – Perguntamos eu e Miguel ao mesmo tempo, eu sem poder esconder a surpresa e ele a cólera.

-Olá irmãos – Ele sorriu maliciosamente, mas apenas olhou o Arcanjo. – O que acharam desta reunião familiar?

-O que você está fazendo, Lúcifer? Que ideia louca é esta? – O castanho não conseguia controlar a sua ira.

-Nada demais, apenas quero que vejam quem é Deus realmente.

-Do que você está falando? – Questionou Gabriel. – Você enlouqueceu?

-Todos vocês acham que ele é tão puro, tão bom, tão bondoso, mas estão errados! – O Querubim começava a aumentar o seu tom de voz. – Se ele é tão bom como vocês dizem, pois que apareça! Que apareça e se enfrente a mim! Que os poupe da guerra que está prestes a acontecer, que o seu Pai misericordioso os salve!

-É isso o que você quer, Lúcifer? – Rafael foi quem falou desta vez. – A atenção do nosso Pai?

O de cabelos escuros riu sem graça.

SebastielOnde histórias criam vida. Descubra agora