Capítulo 8.

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Após a morte da Laylah nada voltou a ser o que era, principalmente eu e o clima, posto que não havia parado de chover. Afastei-me dos meus irmãos e ter uma conversa comigo era considerado quase um milagre, pois eu estava sempre tentando evitar a todo custo qualquer tipo de contato com eles.

Miguel permaneceu o tempo todo ao meu lado mesmo que em silêncio, ele disse que em um momento de tantas incertezas o pior que podíamos fazer era ficar sozinhos, mas eu precisava do meu espaço, precisava dos meus treinos e precisava me manter focado no meu objetivo: Encontrar quem tinha tirado a minha irmã de mim.

Por outro lado, Lúcifer não fazia ato de presença desde a tragédia. Mentiria se dissesse que isso não me incomodou um pouco, mas esse sentimento sumiu rapidamente quando reparei que com a sua ausência eu iria conseguir o que queria: Solidão.

O que realmente me perturbava era a quietude e o silêncio de Taphiel, tinha o visto entre nossos irmãos quando a ruiva faleceu, mas assim como o Querubim ele não tinha voltado a aparecer. O de olhos azuis foi o primeiro anjo no qual tinha pensado na minha busca por culpados, mas tempo depois tive que descartá-lo ao lembrar que os Arcanjos tinham a foice em seu poder. Obviamente, isso não queria dizer que ele deixava de ser suspeito.

Encontrava-me na Arena onde costumava treinar com meus irmãos quando escutei passos vindo em minha direção, motivo pelo qual detive o meu treino para olhar a minha nova companhia.

-Sabia que te encontraria aqui – Falou Miguel avançando lentamente até mim, duvidando das suas ações.

-Não é como se eu saísse muito deste lugar – Respondi voltando ao que fazia antes de ser interrompido.

-Você não pode continuar assim Sebastiel, eu estou preocupado com você.

-Eu estou bem Miguel, esta é a minha forma de superar o que aconteceu.

-Esta é tua forma de se preparar para uma vingança, e isso não é correto.

-Vingança? – Olhei-o com incredulidade. – Você acha que o que eu quero é vingança?

-Não encontro outra explicação lógica para as tuas atitudes.

-E quais seriam essas minhas atitudes?

-Se isolar, passar todo o seu tempo aqui treinando. Você já não treina sequer comigo, tampouco se junta aos treinos dos nossos irmãos, é como se fosse só você no mundo.

-Quem permitiu que eu deixasse os treinamentos com os anjos para começar a treinar aparte foi você, muito facilmente poderia ter me negado a sua ajuda e me obrigado a continuar treinando com eles. Eu preciso que compreenda que apenas quero duas coisas: Ter a minha irmã de volta e justiça. Como a primeira opção é impossível, pelo menos conseguirei a segunda.

-As coisas não funcionam assim, irmão – Miguel começava a se exasperar. – Admito que realmente você teve a minha permissão para treinar sozinho, teve até privilégios pois quem treinamos você fomos Lúcifer e eu, mas você também precisa entender que se o nosso Pai permitiu que acontecesse o que aconteceu, é porque assim devia ser.

-Assim devia ser? – Repeti as suas palavras com fúria. – É isso o que você tem a dizer sobre a morte da Laylah?

-Eu apenas digo que o Pai deve ter as suas razões para ter permitido aquilo.

-Quais seriam essas razões? Por favor, que Ele apareça agora e me diga – Sentia a raiva crescendo dentro de mim. – Eu estou cheio de vontade de lhe perguntar o porquê dele ter deixado uma filha morrer de maneira tão horrível e cruel. Ela não merecia isso!

-Chega, Sebastiel! – Miguel gritou colérico. – Você parece o Lúcifer questionando o nosso Pai!

-Sabe a diferença entre nós, Miguel?! Enquanto eu consigo ver que o Pai não sempre acerta nas suas decisões, você escolhe o caminho fácil que é se esconder no nome d'Ele! Você é um grande guerreiro, um grande irmão, mas isso não quer dizer que vou concordar com a tua ideia de deixar a morte da minha pequena para trás.

SebastielOnde histórias criam vida. Descubra agora