Capítulo 9 (Parte 2).

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Estava novamente preso nas lembranças de Taphiel, ele tinha conseguido me introduzir em sua mente mesmo eu me negando. Até o que ocorria dentro da cabeça do anjo era perturbador, me encontrava no meio de uma tétrica escuridão que deixava o meu corpo gelado e me provocava profunda tristeza e desolação. Suas memórias logravam ser mais aterradoras do que ele, e eu não era capaz de dizer se era pior ver uma das suas macabras recordações ou estar parado naquele vazio escuro sem ter consciência do que poderia acontecer. Ele me deixaria ali para sempre? Me mostraria outro momento vivido?

Subitamente uma porta apareceu frente a mim e recuei assustado, como meu irmão conseguia me amedrontar mesmo sem estar presente? Não me sentia bem, Taphiel não me fazia bem. Olhei a porta detalhadamente e notei que já a tinha visto antes, era a mesma que tinha surgido na ala invisível e que tinha me levado até Lúcifer e seu parceiro. Uma parte de mim dizia para não abrir a porta, que esperasse o de olhos claros desistir e me tirar de lá, mas a outra parte sabia que eu só iria sair daquele problema se fizesse o que o anjo malvado queria, e isso era que eu abrisse a porta e visse o que se escondia trás ela.

Com a mão trêmula segurei a maçaneta e lentamente abri a porta, ficando surpreso ao ver que a sala na qual eu já tinha estado se encontrava ali, mas não havia nenhum outro ser além de mim. Confuso, entrei totalmente no local sentindo como a calma me invadia ao reparar que realmente estava sozinho, só não sabia por quanto tempo. Como previsto, a solidão não durou muito já que Lúcifer e Taphiel chegaram me impactando e assustando, pois estavam protagonizando uma feroz briga: o Querubim segurava com uma força esmagadora o pescoço do contrário enquanto este tentava se soltar, mas o único que conseguiu foi ser lançado contra a mesa produzindo um som estrondoso. Colei meu corpo à parede para não ser atingido pela brutalidade do de olhos escuros, mesmo não sendo possível tal coisa meu instinto de proteção se ativou.

Lúcifer andou lentamente até o anjo como se de um caçador intimidando a sua presa se tratasse, nunca o tinha visto tão furioso e com um olhar tão... Depredador. Pela primeira vez estava sentindo real medo do meu irmão e odiava esse sentimento tanto quanto odiava a que ponto tudo tinha chegado, por que ele tinha que ser assim? Por que dentro todos os anjos existentes justamente ele devia ser o traidor?

Taphiel olhava sem expressão no rosto o ser frente a ele, mas seu olhar demonstrava o medo que sentia pelo que o outro era capaz de fazer.

-Você ficou completamente louco! - Bravejou raivoso o Querubim. - Quanto tempo acha que vai poder esconder o que fez?!

Ao não obter resposta, Lúcifer socou fortemente a mesa na qual se encontrava o de olhos claros quebrando a mesma, provocando assim que nosso irmão caísse.

-Será que você pode se acalmar e me escutar? - Retrucou Taphiel. - Tudo tem uma boa explicação, o que eu fiz era parte do meu plano.

- Do seu plano? - O de olhos pretos levantou o seu parceiro puxando-o pelo cabelo. - Você fez um plano e o escondeu de mim, Taphiel?

-Eu o criei para te ajudar, você não pode dar conta de tudo sozinho.

-Por acaso está me chamando de incompetente? - Ele puxou com mais força os cabelos escuros da sua vítima.

-Não! Não, claro que não - Taphiel se soltou do agarre afastando-se. - Mas você disse que precisamos deixá-los fracos para poder atacar e assim ter maiores chances de vencer.

-Eu disse deixá-los fracos, mas não disse nada sobre matar! - A cólera do Querubim não fazia outra coisa a não ser ir em aumento. - Além do mais, como você conseguiu fazer tal coisa com um anjo?! Supõe-se que somos imortais!

SebastielOnde histórias criam vida. Descubra agora