capítulo 5

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Ainda era tarde do segundo dia, comecei a andar pelo cômodo, observando tudo com atenção.
As janelas estavam trancadas e o que se via do lado de fora não era nada mais que árvores.

De vez em quando, um dos capangas de edmundo passava.

Um, dois, três, quatro..., cheguei a contar sete deles.

Caminhei em direção a porta para olhar pela brecha da fechadura, onde pude ver mais dois homens sentados jogando cartas em uma mesa redonda e ao lado havia duas espingardas apoiadas uma em cada cadeira.

Virei-me e tentei evitar ficar muito preocupada, meus pais já devem estar a minha procura. Eu preciso me manter forte e confiante enquanto espero pelo resgate, não sei o que meu pai fará, mas eu acredito que ele encontrará alguma forma de me tirar daqui.

Olhei para o Sr.Bennett, até pouco tempo ele tinha se mostrado muito irritante, mas nesse momento ele estava em pé de frente a uma antiga lareira com as mãos no bolso, era notável que a notícia sobre seu pai o abalara.

Em meus livros, o herói sempre estavam dispostos a correr perigos e aprender atráves das dificuldades a superar os desafios com bravura, mas o Sr.Bennett não passava de uma pessoa comum e impotente agora.

Fiquei parada atrás dele

- " O medo é que faz que não vejas, nem ouças, porque um dos efeitos do medo é turvar os sentidos e fazer que pareçam as coisas outras do que são!" - recitei uma frase dos meus livros

Ele olhou por sobre o ombro e se virou para mim

- " Quando o coração trasborda, a língua fala " - complementou ele ainda tinha as mãos no bolso da calsa - Dom Quixote

- ah, então você sabe ler - brinquei

Ele sorriu e ficou calado me observando até eu achar que não iria falar mais nada

- fazia alguns anos que eu estava fora de londres, quando cheguei para ver o meu pai... - me confidenciou - ele parecia bem

Fiquei calada para que ele se sentisse a vontade para falar.

- há muito tempo nós... tínhamos brigado e eu decidi me afastar

- E para onde você foi? - perguntei ainda curiosa sobre o motivo da briga, mas eu ao queria me intrometer em um assunto família.

- Chipre - o canto de seus lábios se elevaram em um sorriso amigável - agora chega de falar sobre mim - ele deu um passo a frente - quero saber sobre você, Srta.Carter.

Eu me senti desconcertada e comecei a olhar para os lados procurando o que fazer.

- Não tem muito o que saber sobre mim, diferente de você, minha vida não se baseia em viagens ou em brincar de pirata no mar mediterrâneo - retruquei

- Mas o que você gosta de fazer? - insistiu ele

Pus meu cabelo atrás da orelha, pensando no que falar

- Eu não vejo graça em ir a bailes, porque se for pra tomar chá de cadeira é melhor eu ficar em casa, então eu passo a maior parte do meu tempo na lendo na biblioteca, com os meus pais ou com o Thomas.
As vezes eu recebo cartas da minha irmã e...

- quem é Thomas? - pergutou ao se aproximar de mim

Eu não tinha mensionado ao Sr.Bennett o nome do meu cachorro.

- ah, ele é o meu melhor amigo e talvez o único que me entende

Ele olhou para baixo, ainda obsorvendo o que eu acabara de falar.

Tentei continuar com o semblante despreocupado.

- E a sua irmã? O que você iria me contar sobre ela?

- ah, ela é minha única irmã e se casou bem jovem.

Sophie se casou no mesmo ano em que debutava com um Visconde e causara uma confusão envolvendo fulgas e uma corrida de cavalos.

- Ela sempre foi diferente de mim e sua beleza sempre chamava atenção de todos - continuei

- Se me permite a ousadia srta. Carter, a senhorita também é muito bela.

- voce fala isso porque ainda nao à viu e eu aposto que você também fala isso para todas

Ele me surpreende com um sorriso caloroso que deixa minha pernas bambas.

- ah Srta.Carter, pode ter certeza que eu gostaria muito de tê-la conhecido em uma ocasião menos embaraçosa que essa.

Alguém que me transborde (Em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora