Primavera III

132 16 2
                                    


John chega em 221 Baker Street. Ele toca a campainha. Ele ouve os passos descendo as escadas rapidamente e logo Sherlock abre a porta. Ele parece ainda mais lindo na luz da manhã, os cachos artisticamente penteados em sua cabeça, um terno perfeitamente adaptado em seu corpo, uma camisa de seda branca tão apertada quanto a violeta do dia anterior. As pernas de Sherlock parecem ter milhas de comprimento e o sorriso dele é aliviado e apreciativo ao ver John.

Sem uma palavra, Sherlock puxa John para si mesmo e para dentro do apartamento, ato contínuo ele fecha a porta. Os lábios de Sherlock encontram os de John em um beijo ganancioso e ao contrário da noite anterior o beijo é faminto, dentes mordendo, bocas chupando e línguas lambendo, e John se sente tão vivo, adrenalina boa percorrendo seu corpo enquanto Sherlock o prende contra a porta, seu corpo grande e alto apertando John em todos o pontos, fazendo-o se sentir protegido e aquecido.

Os beijos de Sherlock descem ao pescoço de John, inalando, lambendo, mordiscando a pele entre a junção do ombro direito e pescoço, fazendo os olhos de John fecharem em contentamento pelo zumbido de prazer que percorre do ponto onde a boca de Sherlock prende-se ao seu corpo para todos os seus poros.

Sherlock é expansivo e imparável. Sherlock é uma força da natureza, uma tempestade que sem palavras está desfazendo John em poucos gestos.

Sherlock o leva para cima, seus pés atrapalhados nas escadas parando a cada dois degraus para beijarem novamente porque eles não conseguem se manter longe da boca do outro. John ri de prazer e se entrega à tudo o que o detetive louco queira fazer com ele.

É temerário e John pode admitir para si mesmo que é uma das coisas que ele mais gosta, esse risco, essa audácia.

Quando chegam ao apartamento de Sherlock, suas roupas vão ficando pelo caminho, as mãos se tornam mais ousadas e as carícias mais profundas, os únicos sons audíveis são os pequenos gemidos de John e o seu nome sendo dito sedutoramente pela voz de Sherlock. Ninguém nunca falou o nome de John com tanto desejo. John treme involuntariamente.

Ao chegar no quarto de Sherlock, John olha ao redor, surpreendido e confuso. Há flores de todos os tipos espalhadas lá, mas não é uma confusão. Tudo parece ter sido artisticamente harmonizado. Velas aromáticas estão colocadas em pontos estratégicos. A cortina blackout não deixa a luz do dia penetrar e retirar a sensação aconchegante. É... Romântico. O tipo de romântico que é feito por casais de longo prazo.

Sherlock encosta-se às costas de John, o braço serpenteando em torno de sua cintura, o queixo descansando em seu ombro marcado pela cicatriz deixando um beijo longo, um encostar de lábios lá na pele franzida e em relevo. Curiosamente John não se importa.

— Você gosta de flores. — Sherlock ronrona em seu ouvido.

Dessa vez John não pergunta como Sherlock consegue acertar mais esse conhecimento sobre ele. Ele não está plenamente convencido de que o homem não seja no final das contas um telepata, por mais que ele negue.

John confirma com a cabeça, mesmo que não tenha sido uma pergunta e deixa o peso do seu corpo cair contra o de Sherlock, a paixão arrefecendo para dar espaço a um clima muito mais íntimo, muito mais emocionalmente intrusivo. Sherlock beija sua orelha com delicadeza, uma mão subindo para acariciar os cabelos na nuca de John e o loiro suspira em contentamento.

— Eu sentia falta delas no Afeganistão. — John revela, os olhos fechados. — Havia tanta areia que parecia se estender infinitamente. Eu conheci alguns lugares bonitos lá, mas eram raros e poucos. O deserto é cruel. É tão estéril, tão... Morto.

Sherlock assente mediante a revelação.

— Você não tem mais que se preocupar com isso. — Sherlock diz, arrancando uma rosa gorda de um dos vasos, e passa a flor de pétalas vermelho-sangue pela pele do peito de John. A sensação de veludo da pétala contra a sua pele é requintada.

PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora