Um

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Naquele dia chuvoso de outono um garoto pequeno se encontrava sentado em um balanço precário em um parque abandonado, o chão de terra sob seus pés cheio de folhas mortas e os galhos das árvores parecendo que a qualquer momento iriam desabar em cima dele.

Harry Potter era o nome daquele menino de 16 anos, tão pequeno e delicado que parecia ter 10, tão magro que os ossos de suas costelas eram visíveis se alguém erguesse sua camisa cinza muito grande para um garoto pequeno como ele. As olheiras sob seus olhos eram profundas e negras, suas bochechas estavam manchadas de lágrimas e as veias azuladas poderiam ser vistas através da pele tão pálida que parecia transparente.

Harry Potter estava definhando lentamente, morrendo só e abandonado na casa de seus tios, parentes que o odiavam e só cuidavam dele porque eram pagos. O colocavam para trabalhar como um escravo, batiam nele a cada respiração que saía de seu corpo e o deixavam sem comida por dias, às vezes até por semanas. Antes tivera um quarto, mas agora voltara a dormir no armário embaixo da escada porque os tios o culpavam por algo que ele não fizera.

O filho dos Dursley, seu primo Duda, se afundara no mundo das drogas e tráfico, por inúmeras vezes não voltava para casa e era esses dias em que o pequeno mais apanhava do tio, Vernon, que gritava dizendo que era tudo culpa de Harry, que o sobrinho havia amaldiçoado a família com a sua aberração e o deixava jogado no chão, sangrando e com a sanidade se esvaindo a cada segundo que seu corpo sobrevivia aos abusos familiares.

Estava naquele parque porque o tio recebia uma visita de um financiador de sua empresa que fazia perfurações, Grunnings, e a tia o quisera longe para que não houvesse nenhum incidente anormal. Harry apenas saiu então, sem olhar para trás, e desapareceu pelas ruas de Surrey, ombros baixos, olhos sem brilho algum, lábios rachados pelos vários socos que recebera e os óculos redondos quebrados.

Fazia mais de três horas que o pequeno Grifinório estava sentado com o olhar desfocado, o vento gelado revirando seu cabelo preto já naturalmente rebelde e tremendo de frio, mas ele não se movera, parecia uma estátua. Também fazia mais de três horas que dois homens o observavam, roupas longas negras e máscaras prateadas cobrindo todo o rosto, estavam entediados mas haviam recebido ordens do Lorde das Trevas para vigiar o garoto enquanto ele próprio não poderia estar ali.

Silenciosamente, quando o sol se pôs e a noite fria e nublada chegou, foi que o pequeno leão se moveu. Continuava a tremer mas sua disposição em voltar pra casa era nula. Deu somente três passos antes de cair por causa do ferimento em sua perna direita. Tentou se agarrar a lata de lixo à sua frente mas foi em vão, ela caiu junto com ele e todo o lixo se derramou por seu pequeno corpo. Ficou jogado ali, no meio do lixo, com seus lábios azuis e os olhos fechados esperando ansiosamente pela morte, mas esta não veio levá-lo para um lugar bom e seguro.

Não, na verdade, quem veio foi um homem alto, músculos firmes e pálidos escondidos pelas longas roupas negras, cabelos castanho-escuro e olhos brilhantes e vermelhos repletos de luxúria e paixão ao mirar seu pequeno bruxinho tão completamente só naquele lugar trouxa. Parou ao ver a situação de seu pequeno príncipe, seus olhos se encheram de um sentimento estranho enquanto ele se ajoelhava e acariciava o rosto muito magro e desnutrido. Seu coração apertou e o Lorde, conhecido pelo anagrama de Voldemort, se sentiu um alfa completamente inútil.

— Meu pequeno príncipe... — sussurrou, puxando sua varinha e, com um aceno simples, Harry estava limpo. O pegou no colo com cuidado e sentiu seu instinto, seu alfa interior, rosnar e uivar de dor pelo seu companheiro.

Our Little BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora