I CAPÍTULO

16 1 0
                                    

Nada de tropeçar, nada de falar besteiras e, nada de gaguejar durante a entrevista, pensei comigo mesmo ao entrar no elevador e apertar o botão para o décimo segundo andar.

"Nhéc".

Foi o barulho feito, quando a porta do elevador se abriu.

— Está precisando chamar um técnico de manutenção. — Resmunguei no momento em que dava dois passos para se sair do elevador e seguir o caminho que a recepcionista indicara seguir.

"Quando você sair do elevador, vai ter um corredor que vai seguir direto e um que vai para a direita, e um outro que vai para a esquerda. Você vira para a sua esquerda e vai até a quinta porta a direita. Chegando lá você bate, e, o chefinho vai mandar você entrar,... E não esquecendo, o chefinho não está em um de seus melhores dias..."

As palavras da loura de cabelos curtos e com a boca vermelha-sangue, me veio à memória no momento em que tentei lembrar o caminho que devia seguir para chegar ao tal, "chefinho". Enquanto ela falava comigo e me explica o que devia saber, sempre seus dedos longos com suas unhas pintadas em um tom de azul que combinava com seu uniforme, tamborilavam em sua face.

Eu estava começando a imaginar que o tal do "chefinho", possuía um metro e meio ou menos, pela maneira que a lourona se referiu a ele. Lillyan, ia gostar de saber que ela era mais alta que o futuro homem que poderia me contratar, ou me dar um pé na bunda.

Lillyan, era uma pessoa muito próxima (melhor amiga, especificamente) que já participava de minha vida á dezenove anos. Eu sempre a chamava de Lilly, um apelido pegado em uma de nossas apresentações de trabalho em sala de aula. Morávamos juntas ia fazer cinco anos e Lillyan, era aquele tipo de amiga doidona, sabe?! Que sempre que tem a oportunidade de xingar alguém no meio da rua, xinga e ainda faz a dancinha da vitória, quando a pessoa fica sem palavras para xinga-la de volta. Que sempre que passa aqueles filmes de romance trágico, está derramando as lagrimas antes mesmo de começar o filme. Lillyan e eu, éramos parecidas em muitas coisas. Dramáticas sempre que via um filme de romance, loucas por gatos —mesmo que sua alergia não contribuísse, mas quem disse que ela ligava para a merda da alergia? —, mas as únicas coisas que não éramos parecidas, era que por exemplo: em uma briga, ela sempre se mantinha o mais calma possível, para não deixar os sentimentos naquele momento dominarem e ela agir depois e pensar de cabeça fria. E Eu?! Háá,... Sempre agia pelos sentimentos que estavam sendo expressos dentro de mim. Não posso esquecer, ela sempre se apaixona pelos caras com a mesma frequência que meu irmão vai nas festas, que no caso todos os fins de semana e nas quartas-feiras.

Logo que parei em frente à porta, tinha uma plaqueta que se lia: "Maxwillian – Gerente de Contrato/ Eng. Residente", e logo abaixo "bata antes de entrar". Eu já estava fazendo uma suplica em meus pensamentos para que fosse um velhinho de bom coração, carismático e menor que a Lillyan.

No momento em que bati na porta, já fui entrando com um grande sorriso no rosto para passar confiança tanto para mim, tanto pra mostrar pra quem quer que estivesse dentro do escritório.

Estava com a cabeça para dentro e metade do corpo para fora do escritório, quando percebi algo,...

Não era um velhinho de um metro e meio. Droga.

Era na verdade alguém mais ou menos de minha idade, ou mais jovem, percebi no momento em que meus olhos correram para a janela e encontraram um homem que parecia ter pelo menos um metro e noventa. Ele não estava virado de costas, ao contrário, estava virado para a minha direção. Além de estar falando com alguém pelo celular (maravilhoso, assim eu podia prestar atenção em tudo antes de começar a entrevista, além de prestar atenção no "chefinho"). Mesmo com toda aquela altura — eu não estava acreditando que a loirona o havia chamado de "chefinho", sendo que deveria ser chamado de "chefão" com toda aquela altura presente — seus traços eram suaves. Cabelos escuros, pele bronzeada, um maxilar de dar inveja em qualquer um e olhos verdes.

L'OCCASION-Tudo pode mudarOnde histórias criam vida. Descubra agora