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Any's POV
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O meu aniversário de 13 anos foi uma festa do pijama. Eu só convidei a Savannah, e Raissa, uma amiga brasileira minha.

Nós ficamos imaginando onde passaríamos nosso aniversário de 21 anos, se já conheceríamos o amor da nossa vida, se já teríamos filhos, se passaríamos em Nova York.

Falta exatamente 2 meses para o meu aniversário de 21 anos, e de qualquer situação que eu criei em nenhuma delas o Instituto Penal Misto de Manchester estava envolvido.

Só faz 10 minutos que eu estou dentro desse avião a caminho de Manchester, e não parece que eu vou voltar tão cedo pra casa.

Pra piorar, eu parecia uma pscicopata dentro do carro da polícia, enquanto me levavam pra delegacia. 

Quando eu era pequena, e o Bailey fazia alguma coisa errada, era eu que levava a culpa. Desde então eu ficava dizendo pra mim mesma, "você não fez nada, ele fez", porque se eu não dissesse isso, eu ia me convencer que a culpa era minha. Mas não era. Fui inventar de fazer isso no carro da polícia, agora, eles tem mais certeza ainda que eu matei alguém, e ainda acham que eu tenho um cúmplice.


"Se eu vou ser presa, preciso pelo menos saber o porquê" perguntei ao delegado algumas horas atrás, quando ainda estava na delegacia. "Homicídio culposo, quando uma pessoa tira a vida de outra, sem a intenção, por negligência, imprudência ou imperíncia"- ele faz uma pausa e antes de continuar,é o tempo que Bailey fala, num tom de voz quase inaudível: "É tão lesada, que não consegue nem matar ninguém propositalmente" pelo visto minha mãe também escutou, pois bateu no braço dele, que estalou, alguns policiais até olharam.

Solto um riso nervoso e balanço a cabeça.

Você só está piorando as coisas Any.

 "Está tudo bem?" Sr Gibson pergunta, eu assinto, e ele finalmente continua "No seu caso, é você quem precisa nos dizer o que aconteceu"

"Quem pergunta ao criminoso o que aconteceu?" dessa vez é o Noah que sussurra. E minha mãe faz a mesma coisa que fez com o Bailey, e estala, de novo.

Quem vai sair presos daqui vão ser eles, por desacato a autoridade.

Minha mãe, meu pai, o Noah, a Savannah, e o meu irmão estavam sentados em cadeiras um pouco afastadas da mesa do Sr Gibson, mas ainda sim na mesma sala, e por mais que eles falem baixo, todo mundo escuta. 

Solto um suspiro cansado, ninguém está do meu lado, é isso?

"Olha, Sr Gibson, eu sei que todo mundo que passa por aqui deve dizer que é inocente, certo? A não ser que a consciência esteja tão pesada que confesse logo. Mas no meu caso, eu nem sei o que estou fazendo aqui, e ainda sem meu advogado." pego fôlego e continuo "Mesmo sendo o crime, homicídio culposo, acho que eu saberia se  tivesse matado alguém, não?" falo do jeito mais sexy que consegui, e ele rir percebendo minha intenção.

Isso só funciona em filme Gabrielly.

Eu já podia ser presa, depois dessa eu só queria sair dali.

E saí.

Kyle devia estar em uma de suas noites de bebedeiras. Nós ligamos, ele não atendeu. O seu escritório estava fechado. E a gente não conhece ninguém com a mesma capacidade de Kyle. Apesar de ser quase alcoólatra, ele é um advogado muito sério.

Bom, ele não apareceu. E eu tomei no cu.

Agora vou ter que ficar em Manchester até minha audiência, que não tem data marcada, e segundo Sr Gibson "tem casos mais importantes que o seu".

Não acredito que esse dia vai chegar tão cedo, principalmente depois do meu surto.

Gosto nem de lembrar.

Não satisfeito, o delegado me mandou para um instituto misto, fora de Londres, que não vão poder me visitar toda semana.

E mesmo assim, eu não sei quem eu supostamente matei.

Depois de relembrar tudo que aconteceu no meu dia, uma coisa salvou ele. O nascer do Sol.

A viagem de carro entre Londres e Manchester é cerca de 3 horas, de avião, minha noção de tempo-nenhuma- diz que é entre 50 minutos e 1 hora.

Eu não estava tão errada, pois esse tempo deve ser o mínimo que estou aqui dentro, e já é possível ver a cidade.

O Sol está nascendo aos poucos, não sei que horas são, mas já passa das 5h. E por alguns instantes essa paisagem me faz esquecer que daqui a pouco eu vou estar atrás das grades.

Antes de me levarem para o instituto penal, eu passei pela delegacia de Manchester, onde passei pelo menos umas 5 horas esperando, devem ter cometido algum crime enorme nessa cidade hoje de madrugada. Depois de ser entrevistada pelo delegado, me levaram um almoço, um policial percebeu a minha cor, que se eu não comesse logo, iria desmaiar.  E finalmente, umas 3 horas depois fui levada ao Instituto Penal Misto de Manchester. A primeira coisa que procurei quando cheguei lá foi um relógio, já passava das 6h p.m., eu perdi total a noção do tempo.

Hoje é dia de visita na prisão, por isso, depois que eu passei por uma salinha que me deram as roupas adequadas, e algumas oritentações, e fui para um espaço  em frente as celas, não tinha ninguém. 

A roupa não era laranja como em todos os filmes, muito menos listrada como nos desenhos, nem amarela como em Vis a Vis. Era azul. Era uma blusa cor azul de prusia, e uma calça cinza. Nem uma das peças se ajustava direito no meu corpo, e eu devia está horrível, mas com certeza não era como eu imaginava.

Uma mulher falou várias coisas pra mim, mas eu não ouvi quase nada. Depois de deixar meus poucos pertences na Cela 9, que era a última do espaço feminino, eu fui ao espaço onde os presidiários passam o tempo livre. Falando  neles, foram aparecendo aos poucos. 

Eu achava que todos iam ficar olhando pra mim, comentando, mas não, parecia que minha presença ali era comum. Ou até nem repararam em mim. 

No refeitório eu me sentei sozinha, tentando ficar o máximo encolhida para que de verdade ninguém prestasse atenção em mim. 

Foi só quando eu me deitei pra dormir, e nenhuma das minhas colegas me desrespeitou, que a ficha caiu, eu não tinha voltado pra escola, eu estava presa.

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