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HINA

 O objetivo era conquistar a confiança dos meninos, para explicarmos tudo para eles de uma forma mais fácil, e tentar descobrir quem é o traidor antes dele... você sabe, trair. Mas tudo estava dando errado, pelo menos pra mim. Primeiro que eu nem dormi a noite. Eu juro que não entendi porque Odin tinha me mandado para essa missão. Existiam valquírias muito mais experientes que eu. Mas como eu fui treinada desde quando nasci, não deveria me preocupar. Mas algo nessa missão me deixava nervosa, como se tivesse alguma coisa que me iria me atrapalhar no futuro. Para piorar, ainda fui chamada por Heimdall quando fui ao banheiro feminino.

 Heimdall é o guardião de Asgard, mas também é um mensageiro e consegue ver as coisas além do nosso alcance. Odin tinha o colocado nessa missão para entregar notícias dos reinos nórdicos para mim, e ele podia aparecer a qualquer momento, mas somente em sua mente, ninguém mais poderia ver.

 - Hina, eu sei que não deveria estar te chamando agora, mas não tenho outra escolha. Vanaheim, um dos reinos nórdicos acabou de ser atacado. Nossas suspeitas se concretizaram. Loki e Hades estão atacando o nosso reino primeiro, provavelmente irão para Olimpo depois. Não fazemos ideia de qual será o próximo ataque e quando vai ser. Apresse a missão, faça do jeito que quiser. Mas esses meninos precisam ser reivindicados o mais rápido possível. A vida de todo o universo está em suas mãos. 

 Ah, ótimo, pressão nenhuma né? Fiquei um tempo tentando digerir essa informação, imaginando o acontecido. Vanaheim era a casa dos Vanir, o outro tipo de deuses nórdicos, mas eles não eram tão conhecidos como nós, os Aesir. Por mais que esses dois clãs não se davam bem, eu gostava muito de uns semideuses que existiam ali, e meu coração quebrou ao lembrar que eu não estava lá em cima, que eu não podia fazer nada por eles. Eu ainda estava pensando nisso quando chegou uma menina do meu lado.

 - Ei moça... Você está bem? Parece meio pálida, tá passando mal? - respirei fundo e me concentrei na missão. Odin tinha me enviado ali para salvar os reinos, então era isso que eu ia fazer. 

 - Desculpa, devo ter comido alguma coisa que me fez mal, mas eu acho que estou bem agora. - disse forçando um sorriso para a menina parada em minha frente - Aliás, eu sou a Hina.

 - Prazer Hina, eu sou a Yasmin - estendi minha mão a ela enquanto eu prestava atenção em seu rosto.

 Yasmin tinha cabelos longos e preto, com uma leve ondulação nas pontas. Sua expressão era feliz, como se ela estivesse feliz em me conhecer, mas ainda sentia um leve traço de preocupação no rosto, como se ela não tivesse acreditado na minha resposta anterior, mas não queria insistir. E não, eu não sou estranha em fazer isso. As valquírias são treinadas para ler os traços das pessoas, em caso de negociação em meio a guerra, então eu era muito boa em fazer isso.

 - Bom, eu vou indo agora, acho que já melhorei - falei sorrindo e já ia andando para a porta do banheiro, mas a menina pegou no meu braço, me impedindo.

 - Espera! Você é novata aqui né? Deixa eu te apresentar para as minhas amigas, elas vão te adorar.

 Por mais que eu quisesse sair correndo dali, eu tinha que forçar amizade com todo mundo para me encaixar, até os meninos forem reivindicados. Nunca fui uma menina muito social, não fazia muitos amigos fora das valquírias, então as pessoas dificilmente me agradavam. Mas eu deixei Yasmin me levar para o grupinho dela, já que eu tinha que me encaixar.

 - Oi gente, olha quem eu encontrei - as meninas olharam para Yasmin confusas - Uma novata gente, o nome dela é Hina... Alguma coisa. 

 - Yoshihara. Meu nome é Hina Yoshihara, prazer.

 - Nossa que nome difícil, você tem descendência asiática? - uma menina de cabelo enroladinho me perguntou

 - Ah... - antes de vir para a missão, eu tive que pesquisar uma vida falsa para mentir para as pessoas que me perguntassem - Sim, minha mãe é de Niiza, uma cidade do Japão, mas meu pai é norte-americano. Como vocês se chamam?

 - Aquela é a Mel, Mylene, Sophia e Victoria. Tá faltando uma menina também, mas hoje ela está andando com o namorado.

 - Laisa. - respondi sem pensar e as meninas me olharam se perguntando como eu sabia - Eu encontrei com ela na sala, ela levou eu e minhas amigas para conhecerem o namorado dela.

 - E como você sabia que era ela?

 - Chutei. - forcei um sorriso porque era mentira. Eu não tinha chutado, mas eu não podia falar com elas que eu pesquisei a vida dos meninos e da namorada do Jack, e que de bônus pesquisei a vida das amigas da Laisa também, então tive que improvisar.

 - Oi meninas, desculpa interromper... - virei o rosto para pessoa que tinha chegado na mesa e franzi a testa ao ver que era o Daniel, e que ele estava olhando para mim - Oi Hina, está bem? É que você foi no banheiro e não voltou, o povo da mesa começou a ficar preocupado.

 - Oi Daniel, eu estou bem, desculpa, é que as meninas me chamaram para conversar com elas.

 - Mas a gente já acabou. - Yasmin quase me empurrou para fora da mesa, e ela estava sorrindo quando olhei para ela - Vocês podem ir agora.

 - Ok... - Daniel falou rindo, enquanto eu não estava entendendo nada

- Ok, o que aconteceu aqui? - perguntei para o menino enquanto a gente andava para a sala de aula, já que o intervalo tinha acabado.

 - A Yasmin é minha vizinha, e ela sente pavor quando eu chego perto das amigas dela, falando que eu não me controlo perto de uma garota e que não quer que eu dê em cima das amigas dela, resumindo.

 - Bom, ela estava mentindo então - falei tentando não rir daquela situação. No momento em que eu bati os olhos no Daniel, eu já soube que ele era o maior pegador, e me sentia feliz por minha teoria estar certa.

 - Por que ela está mentindo? - ele perguntou, curioso

 - Bom, até agora você não deu em cima de mim, então... Um ponto pra você.

 Ele começou a rir e a gente entrou na sala, sentando nos mesmo lugares do horário anterior, mas duas pessoas estavam faltando.

 - Cadê o Jack e a Laisa? - perguntei para o Daniel

 - Ah, eles foram matar aula - ele respondeu, como se fosse a coisa mais simples do mundo

 Por mais que seja uma atitude que não precisava da minha atenção, não deixei de ficar preocupada. Não ver o Jack e a namorada na sala ativou meu modo preocupada, e eu não sabia dizer porquê. Eu só estava esperando, do fundo do meu coração, que Loki e Hades não fizessem nada com os dois nesse momento. A minha missão era vigiar eles, e eu já falhei nisso. Menos um ponto para mim.

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