• 𝙰𝚂𝙶𝙰𝚁𝙳 •

17.

JONAH

 Minha cabeça ainda girava pelo fato de Atena ser minha mãe. Claro, já tinha passado por minha cabeça, igual a todos as outras deusas. Mas Atena estava longe de ser minha primeira opção, pelo falo de eu não gostar de uma das filhas dela, Christina. Enquanto nós voltávamos para o palácio, cada um reclamando de dor diferente, eu pensava naquilo escutando os comentários dos outros.

 - Filha de Atena? Não me choca você ser tão inteligente por causa disso.

 - Irmã da Christina? Essa é nova.

 - Meu irmão? Sério, mãe? Não tinha outro não?

 - Sinceramente? Agora consigo ver a semelhança...

 - Cala boca, Zach. Você nunca nem viu a Atena.

 - Agora só falta Zach e Corbyn para serem reivindicados...

 Os comentários cessaram quando Hina fez esse último comentário. Por mais que eles não mostravam, eu sabia que Zach e Corbyn estavam aflitos por serem os únicos a não saberem quem são seus pais. Mas por outro lado, todos estavam aflitos pois, quanto mais pessoas eram reivindicadas, mais perto a batalha estava.

 Entramos todos juntos no palácio. Jack estava pálido, precisando de água. Zach foi direto pra janela para pegar sol. Christina desabou no chão, jogando sua lança e seu escudo para o lado. Corbyn andava de um lado para o outro, parecendo confuso. Olivia sentou em um canto para meditar. Hina foi ao encontro das outras valquírias, pra ver se elas tinham se machucado, a Tate a acompanhou. Eu ainda estava muito chocado com a revelação, então sentei em uma cadeira para digerir tudo.

 Todos estavam fazendo alguma coisa, mas Daniel era o único determinado, que andava diretamente para o trono vazio. Segui o menino com os olhos, pra ver o que ele ia fazer. Ele subiu no topo da escada, ficando de frente ao trono e gritou:

 - Cadê vocês? Os deuses poderosos? Hein? Encara a gente! Vem ver o que vocês fizeram!

 Eu teria levantado e tirado o Daniel dali antes que ele fizesse mais besteira se não fosse Tate me alertando:

 - Não. Você é um semideus grego, não tem fala aqui em Asgard. Deixe ele fazer o que quer que esteja fazendo.

 Nesse momento, os portões se abriram. Dois homens parecidos entraram. Eles tinham o mesmo tamanho, e um deles tinha cabelo e barba brancas, um de seus olhos era azul, e o outro era tampado com tapa-olho. Ele também usava um tipo de capacete com pequenas asas brancas, uma de cada lado. Pelo o que eu já vi, aquele era Odin, o mais poderoso deus nórdico. Do seu lado, tinha um homem da mesma altura, com cabelo e barba que se misturavam entre branco e preto. Os olhos eram cinzas como nuvem em dia de chuva, e ele usava um terno azul. Em um momento, senti uma vontade de ajoelhar, então fiz. Não sei como, mas eu sabia que ele era Zeus.  Os deuses mais poderosos do universo estavam aqui, bem na minha frente. Como Asgard sustentava tanto poder?

 - Semideuses, valquírias. É um prazer conhecê-los, uma pena que tem que ser nessas circunstâncias. - Odin disse

 - Não, não tinha que ser assim. Vocês poderiam ter ajudado a gente naquela batalha. Era a nossa primeira vez lutando uma deusa e um lobo gigante. Tem gente aqui que nem foi reivindicado ainda. A gente não treinou, não tínhamos nenhuma experiência, e mesmo assim tivemos que lutar, sozinhos. Sendo que os deuses mais poderosos do universo estavam aqui.

 Daniel literalmente tirou as palavras da minha boca, mas eu nunca teria coragem de falar isso na frente de Odin e Zeus. Na verdade, nem Daniel teria esse tipo de coragem, então ele deveria estar muito nervoso pra fazer isso. 

 - Muito inteligente, enfrentar-nos assim, para um filho de Thor. - Zeus zombou e Odin levantou o braço

 - É do meu filho que está falando, Zeus.

O deus não falou mais nada, mas pela sua expressão, ele ia soltar uma hora ou outra. Odin voltou sua atenção para Daniel, mas eu não conseguia dizer se ele estava com raiva da atitude do menino, se estava orgulhoso, surpreso, ou sei lá. Sua expressão era a mesma de antes, vazia. Eu não tinha reparado antes, mas mesmo tendo milhares de anos, Odin não parecia tão velho. Segurei um sorriso quando percebi que, se eu tivesse falado isso em voz alta, Zach com certeza faria uma piada falando que Odin usa produtos Jequiti.

 - Admiro a sua coragem, jovem filho de Thor. Mas é inútil. Você está na minha casa, no meu palácio, e está a frente de meu trono.

 - Correção: eu estou na nossa casa. Asgard é minha casa também. É a casa de meu pai. É a casa da Olivia e da Tate, e das valquírias. É a casa dos deuses. E mesmo assim, você confiou o reino na nossa mão. Adolescentes fracos que não faziam ideia do que estavam fazendo. 

 - Eu confiei meu reino em suas mãos, porque eu sabia que vocês iam vencer.

 - E se alguém tivesse morrido?

 - Mas não morreu. - Zeus interviu - E não iria, de qualquer forma. É o que a profecia diz.

 Daniel ficou calado, olhando para o deus grego como se ele tivesse falado, bem, grego. Até eu fiquei sem palavras. Profecia? Como assim profecia? Ninguém tinha comentado sobre isso. Olhei para os meninos, e eles estavam confusos. Olhei para as meninas e elas encaravam o chão, menos Hina, que ainda cuidava das valquírias, mas podia ver certa tensão na expressão da menina. Então elas sabiam. Todas elas sabiam, mas não nos contaram.

 - Que profecia? - Daniel perguntou

 - Francamente, Odin. Não contou para os meninos? - Zeus perguntou, revirando os olhos

 - Não. Achei melhor eles não saberem. Queria protegê-los.

 - É direito de todo herói saber, independentemente do quão aterrorizante é. - Zeus deu um passo pra frente, encarando Daniel - Vocês deveriam ter escutado isso antes de aceitarem a missão. Por isso, a profecia vai chocar a todos. 

 Enquanto Zeus falava, eu ia prendendo o ar cada vez mais. Corbyn perdeu o equilíbrio quando escutou. Daniel ficou atordoado e saiu do salão, indo para o quarto. Todos nós o seguimos. Tranquei a porta para que as meninas não entrassem. Não queria vê-las antes que eu digerisse aquela informação. Jack ajudava o Zach a não ter um ataque de pânico. Daniel se trancou no banheiro. Corbyn sentou no chão e encarou o mesmo. Eu fui o único que deitei na cama e tentei dormir. Mas toda vez que fechava os olhos, as palavras de Zeus martelavam a minha cabeça.

Mitologias se juntarão.

5 semideuses perdidos uma missão liderarão.

Um os trairá,

outro se perderá,

mas no final, a guerra vencerá.