Conto 2: The Course of Love

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Aprendendo a traçar o esboço da vida.

Capitulo um: CURSANDO O AMOR.

Me chamo Ikaro, tenho dezessete anos. Desde os meus dez anos descobri que não gosto de meninas, o que me deprime, isso por que minha mãe me cobra muito uma namoradinha, coisa que é supernormal na minha idade. Quando esse assunto "TABU" me surge, mudo de conversa para tentar não contar a verdade á minha mãe, eu morro de medo só em pensar que ela possa descobrir quem eu "REALMENTE SOU".
Desde pequeno sempre gostei muito de desenhar. Tenho cabelos negros e sou meio magro. Moro sozinho com minha mãe que é cobradora de ônibus há quatro anos, é raro conseguir vê-la, pois ela sai quando vou para escola só chegando de madrugada deixando todas as responsabilidades do lar para eu cuidar; louças, contas, compras.
É meio deprimente ficar sozinho por tempo integral, mas ao menos já sei como seria quando eu for morar sozinho. O que não é muito ruim a meu ver, só estou dando tempo ao tempo.
Um dia, andando com meu melhor amigo na rua enquanto vi um panfleto colado no poste com um anúncio de curso de desenho em que havia muita vontade de fazer faz tempo. Nele estava escrito:
________Cursos variados grátis_________
Venha fazer parte dos novos cursos que estão dando o que falar. 

Somente esse mês inscrições gratuitas até o dia 23/03. Você que sempre sonhou em ser um profissional na área artística ou esportiva, essa é a sua hora. Não perca mais tempo. 

Os cursos disponíveis são:

*Natação. *Judô.
*Capoeira. *Artesanatos.
*Manicure e Pedicure.
*Pintura. *Desenho e Quadrinização.
Local: Centro de Artes Alberto Gomes Nº323 - Centro (próximo ao Mercado Vale +)
Venha nos visitar!

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Após ler o endereço contido no papel, lá fui à tardinha depois de tomar um banho pus minha roupa mais bonita. O tal curso não era tão longe e era situado em um grande galpão com vários cursos ao mesmo tempo. Lá fui ao encontro de uma pequena salinha branca logo na entrada com uma placa de informação sobre a bancada.
De lá de dentro surge Dona Lúcia, uma senhora muito gorda com óculos fundo de garrafa. Ela aparentava ser uma pessoa muito seca e ranzinza, mas a me ver ela abre um grande sorriso amistoso dizendo:
_Boa tarde, em que posso lhe ajudar meu lindo rapaz?
_Ah... Senhora poderia me dizer se ainda tem vagas para o curso de desenho?
_ Pois não, mas é claro que sim minha belezinha, temos sim.
_Que ótimo. De que eu preciso pra me matricular senhora?
_Não precisa me chamar assim, me chame de Lúcia! Você só precisa de seus documentos originais e cópias que eu farei sua matrícula agora. E você já poderá começar depois de amanhã.
Me animei.
_Mais que maravilha. Aqui estão todos os documentos, eu já vim preparado.
_Por que enquanto eu faço sua matricula aqui você não da uma voltinha por aí, vai que talvez você não se interesse por mais de um curso. Ali no pátio ao ar livre está tendo aulas de Judô, pode ir lá ver.
Lutas não era a minha praia, nunca foi, mas fui assim mesmo. Talvez por curiosidade ou para respeitar a Dona Lúcia. Sei como coisas burocráticas demoram a serem resolvidas. Assim que me matriculei ela me explicou como tudo funcionava aqui, me passou o horário, então apertando sua mão parti.
Os dois dias demoraram muito para passar.
No primeiro dia, infelizmente cheguei atrasado. Ao abrir a porta chamei para si todos os olhares, a sala estava completamente cheia fazendo-me abaixar a cabeça com uma timidez repentina. Não entendi, eu estava no horário a mim dado pela Dona Lúcia. Cheguei até cedo de mais.
O professor que explicava o dever ficou abismado comigo se aproxima e diz tranquilamente:
_Ah me desculpe, eu não fui notificado que havia aluno novo hoje. É que por motivos pessoais eu acabei adiando a aula de hoje para uma hora mais cedo, não haveria como você ficar sabendo. Tudo bem pra você?
Ele era lindo. Mudo e de cabeça baixa eu continuei. Apenas acenei que sim.
_Qual o seu nome? O professor abaixou o pescoço para tentar olhar-me nos olhos.
_Ikaro.
_Ah sim. Gente, esse aqui é o Ikaro, espero que se enturmem com ele. Sente-se ali do lado do Sérgio.
O Professor chama-se Yuri, ele é branco e acabou de fazer vinte e quatro anos. É ruivo e bem alto. E digo de novo... É l-i-n-d-o.
"Entrei no curso para se aperfeiçoar nos meus desenhos, mas o que não iria imaginaria é que esse curso mudaria a minha vida."
Como sempre me esforço em tudo que faço de começo tentei desenhar uma linda princesa amazona correndo em seu cavalo que até então para mim estava perfeito, então Yuri passa pela minha carteira e vendo meu desenho ele comenta:
_Bem... É? Começou ele tentando relembrar meu nome.
_Ikaro. Respondi esperando por um comentário positivo.
_Isso, Ikaro. Olha aqui... O seu desenho está desproporcional. Ah, o corpo está muito pequeno e a cabeça muito grande, sua guerreira amazona ta parecendo um ET.
Ele deu um pequeno riso que me enfureceu, logo respondi:
_É claro que meu desenho está desse jeito, não sou profissional, eu não tenho diploma. E você deveria me explicar o que fazer e não rir do meu desenho!
_Me desculpa se te ofendi, mas meu dever é te ensinar. Tenta diminuir a cabeça, ta? ele sorriu e virou para outra carteira.
_Que saco esse cara falando mal do meu desenho, como se fosse o melhor. Só por que é professor. Ele até que é bonito, mas se acha demais. Pensei comigo.
Felizmente esse foi o único furo que me ocorreu nesse dia.
O curso acabou, peguei os meus pertences e parti para casa. Para chegar em casa eu passava por um caminho inóspito, era uma longa estrada com pasto dos dois lados nem ao menos havia asfalto na merda da estrada. Misteriosamente me aparece um carro negro com insul-film não dava para ver quem estava dentro, ele aproximava-se a cada segundo, e eu acelerando os meus passos para tentar manter distância, mas não haveria como eu disputar com um carro desconhecido. Fui para o canto da estrada para dar passagem ao sujeito oculto que depois de passar por mim desligou o carro e parou a minha frente, conforme eu aproximava-me o vidro abaixava revelando a pessoa que estava me irritando, sem parar eu disparei:
_O que você quer?
_Calma. Você é sempre estouradinho assim? Disse Yuri que revelou-se de dentro do carro.
_Não.
_Você quer uma carona? Ele me perguntou.
_Não sei.
_A gente podia sair e conversar, beber alguma coisa? Insistiu ele.
_Isso já está me parecendo um encontro. Cortei rispidamente.
_Entenda como quiser. Ele riu malicioso.
_Não obrigado. Era só isso que você queria? Parei de caminhar e lhe olhei nos olhos.
_... Ele nada disse então eu dei as costas e fui embora.
Nesse momento Yuri se recosta no banco e pensa:
_Ah se você soubesse que quanto mais raiva você tem de mim, mais vontade eu tenho de te beijar. Yuri da à volta com o carro e vai para casa.
Eu achei muito abuso de sua parte me seguir até perto de minha casa no primeiro dia de aula para me chamar para beber... Quem ele acha
que é? Ele acha que eu vou sair aceitando tudo que ele quer, ele nem me conhece direito.
Já faz um mês que estou no curso de desenho, e não suporto mais as tentativas frustradas do professor. Por esse motivo acabei me tornando uma pessoa fria e sem nenhum amigo, causando raiva dos alunos da classe, me sentia tão na defensiva que quando alguém se aproximava da minha mesa para puxar assunto ou para sentar-se do meu lado eu os olhava com muito ódio e levantava uma sobrancelha em seguida retornando meus afazeres.
Um dia, estava ainda terminando um desenho, a aula já havia acabado e o pessoal estava partindo, peguei rápido minhas coisas e saí com pressa após ter escutado alguma conversa do pessoal dos fundos envolvendo meu nome. No fim do papo um deles disse com uma gargalhada:
_Vamô seguir ele!
Eu fiquei cego, ainda sem colocar minha mochila nas costas já estava para fora do portão do galpão. Olhando breve para trás pelo ombro antes de virar a esquina notei um trio me procurando, foi aí que eu corri, nossa como eu corria deles. Acabei entrando num beco fedido coberto de vala negra e lixo por toda parte, esse beco sairia na rua principal e depois eu pegaria a reta até a estrada que da pra minha rua.
Antes de terminar o beco eu vejo Bruno o líder do grupo me esperando do outro lado de braços cruzados, eu parei de correr e olhei para trás e havia Jorge e Claudio. Acabei de participar de uma grande cilada. Não acredito que eles me seguiram para me bater.
_Achou que iria fugir da gente, Ikaro? Gritou Bruno á frente.
_O que vocês querem? Respondi com firmeza.
_Vem cá, você se acha o tal é? Perguntou Jorge, o magrelo gigante.
_Só por que o professor puxa o teu saco, isso não te da o direito de ficar se sentindo moleque! Gritou Claudio o mais gordo dos três.
_Eu não ligo para o que o professor fala, eu não gosto nem dele e nem de vocês... Me deixem passar! Gritei nervoso.
_É por isso que você vai apanhar, sua bicha! Disse Bruno enquanto me desferia um soco na boca lançando-me para trás.
Jorge segurou meus braços de um modo que eu não conseguia me soltar. Bruno e Claudio começaram a me bater sem parar em todo o meu corpo, quando não me aguentei mais de pé e caí sobre a poça negra, eles me pisotearam sem dó alguma. Cada músculo do meu corpo doía, eu tremia de dor e acabei desmaiando na possa negra que acabou ficando vermelha.
_Isso é pra você aprender, seu viadinho! Bruno cuspiu na minha cara.
O trio só para quando um carro preto buzina várias vezes com o motorista gritando de dentro do carro:
_Deixem ele em paz! Larguem ele, estou ligando para a polícia!
O bando de Homo-Erectus foge ao ver que estavam chamando muita atenção para eles fugindo pelo beco todos somem sem ninguém ver seus rostos. Yuri sai do carro correndo para socorrer aquele ser destruído, quando ele finalmente me reconhece entrando em pânico me colocando todo sujo de lama no banco de trás do carro e partindo para o hospital mais próximo da região.

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