Alas caminhava no pátio principal do palácio observando os recém-chegados a legião de Querubins. Nem todos se tornariam novos soldados, alguns seriam desviados para funções dentro do palácio enquanto outros seriam movidos para outras castas angélicas.
Uma vez a cada determinado tempo, Calandriel recebia a liberdade de solicitar novos soldados. Por ser a legião responsável por basicamente defender todo o paraíso, constantemente membros da legião eram mortos, fosse na terra ou em outros planos físicos.
Os infernais, seres assim chamados por virem de uma dimensão oposta ao paraíso, caracterizando o chamado inferno entre os homens, estavam quase que constantemente envolvidos nesses ataques contra a legião dos Querubins. Os infernais eram os únicos seres até então que conseguiam se aproximar do plano físico dos homens e os causar pertubações, isso por que o inferno era formado por almas humanas. Quando morrem, almas atormentadas não conseguem adentrar o paraíso e isso pode ocorrer por inúmeros motivos.
Não se desprendendo de sua antiga vida, elas então ficam vagando por esse plano, atormentadas demais para partir do plano físico, podendo voltar e atormentar outros homens, porém completamente inconscientes de suas ações.
Esses seres não distinguem o plano físico, do plano infernal, do plano astral. No inferno não há líder, o que torna as almas que ali ficam presas ainda mais descontroladas e claro, como os Querubins normalmente eram os mais envolvidos nas questões em outros planos, esses cujos quais os infernais também vagavam, contendas e mortes eram constantes para ambos os lados.
Qualquer celeste que se considerasse capaz ou que o General vislumbrasse talento poderia tentar a sorte.
- Temos bons candidatos esse ano. – Comentou Hesdrus, companheiro de legião e também amigo do subcomandante. Um Querubim astuto, de longos cabelos ruivos e olhos verdes.
- Sim, temos. – Alas concordou com um aceno. – Por exemplo, o terceiro da quinta fileira. Soube que era um anjo da guarda. – Alas suspirou. – Não consigo imaginar alguém como ele fazendo tal coisa.
- Ora, por que não? – Hesdrus perguntou.
- Ele tem pelo menos o dobro de músculos que eu e é vinte centímetros mais alto. Com toda certeza estava na função errada. – Hesdrus soltou uma risada cínica.
- Alas, engana-se se pensa que ser um anjo da guarda não requer o mínimo de experiência em luta. Por vezes, o protegido é cercado por coisas ruins. Coisas ruins que vão desde simples infernais a maldições hereditárias.
- Que seja. – Alas murmurou de mau gosto, afinal, ele odiava não estar com a razão. Virou as costas e passou a caminhar, tendo sua atenção novamente chamada por Hesdrus.
- Não ficará para ver quem serão os escolhidos? – Alas deu de ombros.
- Eu os conhecerei de qualquer forma. – Encarou o amigo sobre o ombro. – Estarei treinando em campo aberto, qualquer coisa.
Tornou a se afastar enquanto o outro celeste acenava em negativa. Alas se tornava alguém mais distante e frio a cada novo dia.
- Hesdrus! – O General se pronunciou com um sorriso se aproximando do amigo. – Avaliando os candidatos?
- Avaliando Alas, na verdade. – Hesdrus encarou Calandriel por alguns segundos e em seguida acenou de maneira simples para que o General o acompanhasse. – Estou preocupado General.
- Com Alas? – Uma ruga formou-se na face celeste. – Por quê?
- Não acha que o comportamento dele tem estado estranho? Desde que se tornou um Querubim ele parece ter perdido seu lado mais altruísta.
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ALAS
FantasyAlas era um simples anjo, responsável pelos acervos bibliotecários particulares dos celestes, local onde é guardado todo o estudo sobre os homens, sobre o universo e sobre a vida, mas a rotina de estudos não fazia o celeste feliz. Em certa ocasião...