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Pov Camila

Era meu último dia aqui no Brasil pelos próximos dois anos e eu estava ansiosa. Ainda não consigo acreditar que esse sonho está prestes a se tornar realidade, mas meu coração tem estado meio doído por imaginar que estarei longe dos meus pais e minha irmã mais nova por tanto tempo.

Sei que quem não me conhece direito pensa que eu sou muito "foda-se" para as coisas e muito rebelde (N/A: talvez um pouco) por conta da minha falta de amigos, pois preferia ter colegas, e as tatuagens que eu possuo pelo corpo (que fiz mesmo contra a vontade da minha mãe), entretanto, eu sou muito carinhosa e apegada a minha família que, inclusive, deve estar me esperando sair de chuveiro e me vestir para tomar café e me levarem ao aeroporto.

Ao sair do banheiro já vestida com minha calça de couro preta, minha camiseta branca e uma jaqueta também de couro preta, além dos meus inseparáveis coturnos preto e meu óculos escuros.

Olhei para o lado e o relógio de cabeceira marcava sete e trinta da manhã de uma quinta-feira.

Aproveitei para checar as malas mais uma vez e desci para tomar café.

– Bom dia, filha! Animada? – disse meu pai levantando da cadeira e vindo me dar um abraço e um beijo na testa.

– Sim, pai. Estou ansiosa, mas ainda fico apreensiva de deixar vocês e a Sofia aqui.

– Besteira, Kaki! Eu já sou uma moça e posso tomar conta de tudo aqui por você. – dessa vez foi a voz de Sofia que preencheu o ambiente – não invente de me trocar por essas suas amigas nova-iorquinas com quem você vai dividir o apartamento, tá me ouvindo?!

– Eu sei que você já é uma moça e não se preocupe, nunca vou esquecer de você, meu bem. – disse já enchendo a de cheiros nos cabelos longos e castanhos.

Sofia já estava com quatorze anos e muito bem desenvolvida para a idade dela, se querem saber. Ela era muito inteligente e, diferente de mim, levava muito jeito com as matérias da escola e era aluna premiada todos os anos.

– Onde está a mamãe? – perguntei ao me dar conta que a matriarca não estava na sala de jantar.

– Foi buscar uma coisa no quarto e já está voltando, por hora, vamos comer porque às dez horas você precisa estar no avião, filha. – disse meu pai, começando a devorar um prato de waffles com calda de chocolate

– Hm, tudo bem. – me juntei ao meu pai e minha irmã na mesa e comecei a tomar o meu café da manhã.

Meia hora depois minha mãe apareceu com um pacote nas mãos e os olhos inchados, muito provavelmente ela estava chorando momentos antes porque eu iria partir, olhando pra mim e com um meio sorriso no rosto.

– Mãe? O que houve?

– Então filha, como você sabe, eu nunca fui a sua maior incentivadora nessa ideia de seguir a carreira de tatuadora, mas eu entendo agora que é seu sonho e torço muito para que você consiga atingir o sucesso, mas independente de qualquer reconhecimento nacional ou internacional, você já é motivo de orgulho para todos nessa casa. – Olhei para trás e vi meu pai e minha irmã acenando com a cabeça positivamente, voltei minha atenção para minha mãe e dessa vez eu quem estava a ponto de chorar. – Fiz questão de ir no shopping e escolher isso para você. Espero que goste, meu amor.

Ao abrir o pacote que foi entregue em minhas mãos, pude observar se tratar de uma máquina de tatuar com minhas inciais gravadas.

– Obrigada. – eu consegui falar mesmo estando chorando abraçada aos meus familiares.

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