Rain boy | [Johnten]

fourth: guerras internas

Johnny costumava acreditar muito que a vida era feita de acasos, coincidências, confluências, que nos levavam sempre a situações diferentes a cada dia. Era um fato para se perceber que nenhum de seus dias era igual ao outro.

Pelo menos esse dia realmente tinha sido muito diferente do que ele esperava.

Enquanto despertava devagar, Johnny criava teorias de como aquela pobre alma havia acabado naquela situação de abandono e angústia.

O céu ainda estava de mal humor consigo, já que as nuvens nubladas persistiam em tomar conta da atmosfera.

— Péssimo dia para quem detesta frio. — Esticou seu corpo em frente ao espelho do banheiro, olhando temeroso para o chuveiro. Depois de escovar bem os dentes, tinha que parar de enrolar e tomar seu banho frio de cada dia.

E logo após o tão famoso "banho de gato", ele decidiu ir se arrumar rápido para tentar preparar um café da manhã decente para o seu novo hóspede; o que era raro já que costumava apenas comprar um café expresso na cafeteria na esquina e algum petisco para enganar seu estômago.

Sua mãe surtaria se visse o quão mal ele estava se alimentando.

Decidido, ele caminhou até a cozinha do apartamento, tomando cuidado para conferir se o outro ainda estava dormindo.

— Oh, ele realmente tem um sono pesado. — Constatou ao ver o garoto encolhido em meio as cobertas no sofá, e sua gata ali também, o fazendo companhia no sono. — Perfeito, vou finalmente fazer as pazes com os seres superiores e nada de banho de chuva hoje.

Com um humor mais leve do que o normal, Johnny procurou todos os ingredientes para preparar as panquecas americanas que sua mãe tinha lhe ensinado e por alguns anos era seu prato preferido para o desjejum.

— Caramba, eu não lembrava como isso era complicado de fazer. — Reclamou ao colocar todos os ingredientes numa tigela e mexer com força, sentindo o braço doer no processo. — Eu deveria ter pego aquela batedeira em promoção ano passado, acho que ter gastado com aquela luminária em forma de lua não foi uma boa ideia. Principalmente depois que a Kuromi a quebrou uma semana depois. — Fez uma careta ao lembrar daquele fatídico dia.

Com a massa no ponto, colocou uma frigideira no fogo, e logo despejou a massa dentro com cuidado, vendo ela se espalhar uniformemente na panela.

— E minha mãe jurava que eu seria um perigo morando sozinho, adivinha quem está cozinhando agora, hm? — Virou a massa na frigideira com uma colher, para evitar acidente, e viu como o lado que ficou em cima havia passado um pouco do ponto, já que as bordas estavam escuras. — Tudo bem, é só eu cortar esse queimado aqui, e vai ficar delicioso!

— Você está cozinhando mesmo? O cheiro de queimado me acordou. — Johnny quase derruba a colher em sua mão ao perceber que não estava sozinho.

— Pelo visto a boa primeira impressão já era, e você descobriu minha fama de mau cozinheiro. — Sorriu ao voltar para a próxima massa para ser virada. — Espero que goste de panqueca sabor carvão. — E mais uma vez, uma parte da massa tinha queimado.

— Bem, tem uma primeira vez para tudo, não é? — O mais novo se sentou em uma das cadeiras da mesa, observando o Seo concentrado em não queimar outras massas.

Havia um silêncio confortável entre os dois, apenas o barulho do fogão preenchendo o ambiente. Ten não admitiria em voz alta, mas aquele momento lhe trouxe um novo significado de paz.

— E agora, se prepare para algo que você nunca experimentou em toda sua vida. —  Johnny carregava nas mãos um prato grande com uma tampa prateada em cima.