Desculpem-me o capítulo pequeno, me faltou criatividade KKKK
Espero que tenham uma boa leitura, meus docinhos ❤️🩹
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Talvez ser um pouco supersticioso fosse do feitio de Johnny, afinal, não passar por debaixo de escadas e evitar ao máximo quebrar espelhos parecia lhe garantir mais um período de sorte e tranquilidade em sua pacata vida.
Porém, para o seu azar, Ten não acreditava em nada disso, e continuava a testar sua sorte como um gato preto teimoso. Mexia em espelhos e adorava se arriscar subindo em escadas, especialmente as mais instáveis. Era maluco, com certeza.
— Eu acho que você é maluco. — Johnny suspirou, observando o tailandês subir mais uma vez as escadas para ajeitar alguns livros no alto de um armário, sem qualquer sinal de hesitação. — Se você precisava de ajuda, por que não me chamou?
Dando de ombros, Ten nem ao menos parou seus afazeres para responder. A luz do fim de tarde atravessava a janela ao seu lado, criando um jogo de sombras e luz sobre seu rosto concentrado.
— Gosto de ser independente, e não ficaria feliz em atrapalhar seu trabalho. — Respondeu enquanto organizava os livros com precisão quase meticulosa.
O americano o observava de uma distância segura, ainda tentando entender como alguém tão pequeno era ao mesmo tempo tão seguro e perspicaz. Ten era um mistério em forma humana, alguém que parecia carregar um mundo inteiro escondido atrás daquele sorriso.
Johnny estava prestes a se virar e sair em busca de seu material de trabalho, mas uma questão lhe invadiu os pensamentos. Era algo que sempre o intrigara, mas que, até então, nunca tivera a coragem de perguntar.
— Ten, — ele começou, cauteloso. — Desde que você chegou aqui, eu nunca o ouvi falar sobre sua família… — Coçou a nuca, tentando disfarçar o desconforto que sentia por estar entrando em um possível terreno delicado. — Eu sei que é algo pessoal, mas—
— Não tenho nada a dizer. — Ten o cortou abruptamente, a expressão suave de antes agora fechada, quase dura. — Se é o que você quer saber, estão todos mortos, sou filho único e meus parentes estão na Tailândia. Cortei relações com todos ao decidir me mudar para cá.
Com um longo suspiro, ele desceu as escadas com passos lentos e cuidadosos, parecendo pesar cada palavra que acabara de dizer. Johnny engoliu em seco, sem saber como reagir. As palavras de Ten soavam frias, mas havia uma dor latente nelas, uma dor que Johnny não podia ignorar.
— Uh, eu… sinto muito, não queria, sabe, tocar num assunto delicado…
Ten apenas balançou a cabeça, desviando o olhar enquanto terminava de guardar os livros. Um silêncio desconfortável pairou entre eles, denso, quase palpável, como se ambos estivessem esperando que o outro quebrasse o gelo.
— Eu sei que você não queria, — Ten murmurou, por fim, a voz suave, porém firme. — Mas algumas perguntas… não têm respostas fáceis. Algumas coisas ficam melhores no passado, Johnny hyung.
Johnny assentiu, respeitando o limite imposto, mas não pôde deixar de perceber o cansaço escondido no olhar de Ten. Algo nele clamava por ajuda, mas era como se ele mesmo não soubesse como aceitar.
— Sei que não preciso saber de tudo. — Johnny disse, tentando suavizar o ambiente com um sorriso compreensivo. — Mas, se precisar de alguém para subir em escadas perigosas ou… só para ouvir, pode contar comigo.
Ten pareceu surpreso com a oferta, seus olhos se fixando nos de Johnny por alguns segundos a mais do que o normal. Por um momento, Johnny viu uma fagulha de algo mais suave naquele olhar, algo que tentava resistir à desconfiança.
— Obrigado, Johnny. — Disse Ten, o agradecimento vindo quase como um sussurro, um gesto que, embora sutil, carregava mais significado do que ele imaginava.
Nos dias que se seguiram, Johnny passou a observar Ten de uma forma diferente. Ele estava sempre atento ao tailandês, notando cada gesto, cada expressão, como se estivesse tentando montar um quebra-cabeça cuja imagem final ainda não conseguia vislumbrar. Sentia um misto de curiosidade e preocupação, algo que, de certa forma, o conectava a Ten de uma maneira que ele não sabia explicar.
Em uma tarde chuvosa, enquanto Johnny revisava alguns documentos no escritório, ouviu um estrondo vindo da sala de leitura. Seu coração disparou. Quando chegou lá, encontrou Ten ajoelhado no chão, tentando limpar os cacos de um espelho pequeno que havia quebrado. Ele estava pálido, as mãos tremendo levemente, mas o olhar focado no chão, como se tentasse esconder algo.
— Ten! — Johnny exclamou, sua voz carregando uma mistura de alívio e repreensão. — Você sabe que espelhos quebrados trazem sete anos de azar, não sabe?
Ten soltou uma risada breve, mas seu tom era amargo, como se o riso fosse uma máscara para algo mais sombrio.
— Bom, já tenho azar suficiente para uma vida inteira… Sete anos a mais não devem fazer diferença.
A resposta pegou Johnny de surpresa. Ele ficou parado, observando o rosto de Ten, os traços rígidos, o sorriso que não chegava aos olhos. Johnny se ajoelhou ao lado dele, estendendo a mão para ajudá-lo a recolher os cacos. O silêncio entre eles era denso, mas Johnny sabia que aquele era o momento certo para dizer algo.
— Sabe, — ele começou com cautela. — Não importa o quanto o passado possa ser ruim… Você pode reconstruir tudo o que foi quebrado.
Ele abaixou a voz, sua mão tocando levemente a de Ten, num gesto de apoio silencioso.
— Ou, pelo menos, tentar.
Ten respirou fundo, fechando os olhos por um instante, como se estivesse absorvendo aquelas palavras. Johnny quase conseguia ver a batalha interna que se passava em sua mente, uma luta entre o desejo de se abrir e o medo de mostrar suas fragilidades.
— Talvez eu devesse tentar… — Ele murmurou, a voz quase inaudível, mas Johnny captou cada palavra.
Sem soltar sua mão, Johnny deu um leve aperto, um gesto que dizia mais do que qualquer palavra poderia expressar. Estavam ali, debaixo de um céu nublado e com a chuva batendo nas janelas, compartilhando uma promessa silenciosa de que, juntos, enfrentariam qualquer sombra que o passado de Ten ainda guardasse.
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Eu espero muito que esteja dando para entender, ainda tem um pouco mais para explorar, porém, espero muito que esteja compreensível até aqui 💗
Beijinhos meus girassóis ✨
Até a próxima ❣️
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Rain boy | [Johnten]
FanfictionJohnny sabia bem como o universo adorava pregar peças com a sua vida, e certas reviravoltas eram mais que esperadas na vida do jovem fotógrafo de coração mole. Mas ele não esperava que os seres superiores colocassem em seu caminho um ser que pareci...