Freya - Ragnarok

Capítulo 16

Os dias se passavam lentos e desanimados, o calor aumentou muito durante o dia 1° e dia 2 de Abril.

Dia 1°

— Você ainda precisa ir no psicólogo? — perguntou Josy.
— Não, senhora, não tenho mais aqueles sonhos.
— Que bom, Dr. Sanderson é muito bom. Você tem que ir pra escola agora, seu pai vai te deixar.
— Tá bom, já vou indo então. — dei um beijo em sua bochecha e saí.

A escola, que era tão grande, parecia estar minúscula. Eu estava entediada ali, na verdade não queria estar ali.

— Professor, posso ir no banheiro? — perguntei.
— Pode sim.
— Obrigada.

Tinha alguém chorando, eu pude ouvir logo ao entrar.

— Oi, meu nome é Freya, se você precisar de algo...
— Freya? Eu preciso de você, ainda bem que você apareceu. — nesse momento eu entendi o querer de ir no banheiro do nada.
— Venha aqui fora, posso te ajudar. — a garota saiu do banheiro com os olhos inchados e vermelhos. — O que aconteceu, meu amor? Por que você está assim?
— Meu nome é Sara e eu gosto de um garoto mas ele não tá nem aí pra mim. — disse enquanto lágrimas escorriam de seus olhos. Mas é sério que os humanos se humilham tanto assim por amor?
— Olha, Sara, se ele não gosta de você vá embora, não há necessidade de ficar chorando assim.
— Vi ele beijando outra garota, isso partiu meu coração, Freya.
— Ele sabe dos seus sentimentos, não é mesmo?
— Sabe.
— Viu, vá embora, chorar não vai fazer ele se apaixonar loucamente por você.
— O que você quer dizer com "vá embora"?
— Quero dizer que você deve esquecer dele, parar de gostar, e eu sei que não é fácil, mas você consegue. O amor deve ser aproveitado.
— Eu tento, todo dia eu tento, mas eu não consigo.
— Me dê sua mão.

Suas mãos eram delicadas e geladas, o que me deu leves arrepios.
Vi que o garoto iria machucar ela, e não faltava muito pra isso acontecer.

— Ele vai te machucar, te machucar muito e você vai ficar muito mal. Eu posso te ajudar se deixar eu entrar na sua mente.
— Entrar na minha mente? Ah, tá bom.
— Certo.

A mente de Sara estava totalmente corrompida, consegui sentir a dor de seu coração partido. O nome do garoto era Marcos, e ela estava apaixonada, completamente louca por ele. Apaguei de sua memória o fato dela ter visto ele beijando outra, e também tirei ele de sua cabeça, ela não estaria mais apaixonada depois do que eu fiz.

— Acorde. — susurrei em seu ouvido.
— Oi?
— Me responda uma coisa, quem é Marcos?
— Um garoto idiota da minha sala. Por que?
— Curiosidade...
— Tá bom. Ah, e obrigada pela ajuda, finalmente a dor de cabeça parou.
— Não há de que.

Sua mente estava totalmente limpa e forte, ela não lembrava mais de ter sofrido tanto por amor.

Dia 2

Aquele poderia ser meu último dia, eu não sabia se morreria em combate, não sabia se iria conseguir salvar Midgard, então ajudei todas as pessoas que pude.
Quando cheguei na escola senti energias que nunca havia sentido antes, eram energias de pessoas apaixonadas, pessoas de coração partido, acho que isso tudo fazia parte de ser deusa do amor.

— Diretora, preciso falar com a senhora. — disse entrando na sala.
— Diga.
— Preciso da sala de conselhos para alunos hoje.
— Mas a Senhora Melanie está lá, e ela é a psicóloga.
— Amorosa também?
— Sim, todo dia alunos vão nela.
— Não está dando certo, senhora.
— Quem é você pra dizer algo sobre amor? Cresce primeiro, arranja um namorado, parta seu coração e tome o lugar dela.
— Você não pode falar isso pra mim.
— Então não me incomode, e não, a sala não será sua.
— Se não aceita por bem, aceitará por mal.

Dei um toque em sua testa convencendo ela de deixar eu ficar com a sala durante aquele dia.

— Caros alunos de San José High School, eu, Freya Jeong, do 2° ano, ficarei responsável pela sala de conselhos hoje. — falei no microfone que tinha na diretoria.

Do lado de fora da sala tinha um fila enorme, havia mais meninas do que meninos, acho que elas são mais "frágeis" em relação a amor.
Tinha gente de todo tipo, tentando superar ex, tentando conquistar alguém. Usei telepatia em alguns, dei conselho pra outros, foi bem divertido, menos o caso da Anna, quase não consigo entrar em sua mente por conta de seu bloqueio emocional.

— Oi. — disse ela na porta.
— Olá, entre e sente, por favor.
— Tá bom.
— Qual seu problema?
— Bloqueio emocional. Tive um namorado no 7° ano, ele foi o único garoto que amei, mas partiu meu coração, desde então nunca mais consegui sentir amor por alguém, ficar sério e muito menos tentar construir algo, sinto que não sou suficiente, que nada nunca vai dar certo pra mim.
— Caramba, 4 anos sem sentir amor por alguém em específico é preocupante. Você não deve se sentir assim, se for pra se sentir insuficiente que seja de ser demais pra alguém, você é incrível.
— Não consigo enxergar isso.
— Certo, deixe-me entrar em sua mente?
— Isso é possível?
— Se você deixar.
— Tudo bem. — ela me olhou tão estranho que deve ter pensado que eu era louca.

Sua mente estava limpa, limpa de uma forma ruim, não havia ninguém e nem nada por ali. Convencer ela de que ela era capaz de amar de novo não foi nada fácil, tinha muitas barreiras.

— Acorde.
— Ai, que vontade de viver um romance. — disse rindo.
— Sabe quem também quer?
— Quem, quem?
— O Lucas, do 3°, ele me disse que gosta de você, mas você não consegue gostar dele.
— Minha nossa, preciso ir atrás dele. Obrigada, Freya.

Foi um dia agitado, muitos alunos vieram até mim, mandei a Senhora Melanie pra casa, ela disse que já não aguentava mais aturar todas aquelas pessoas diariamente.
As 11:00 fechei a porta da sala, consegui ajudar todos. Os corredores estavam cheios de casais e de pessoas conversando, nunca vi a escola tão animada, o amor literalmente estava no ar.

— Lá vem ela. — gritou um menino aleatório.
— Freya! Foi ela que me ajudou. — disse Sabrina Carter.
— Todos agradecendo ela em 3...2...1.
— Obrigada, Freya Jeong do 2° ano.

Fiquei emocionada ao saber que tinha ajudado a escola toda, foi muito gratificante.

— Ei. — um menino me parou.
— Olá.
— Vai ter uma festa na casa do Mike, namorado da Sabrina e você tem que comparecer.
— Eu?
— Sim, você. Vai ou não?
— Sim.

Festas do ensino médio, cheias de adolescentes bêbados e drogados, mas não era motivo pra eu não ir e esquecer do que estava por vir.