O beijo do pintor.

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Rejeitada.

    Foi assim que me senti após o acontecido, como uma adolescente atraída por um cara mais velho e com grandes riscos de problemas. Continuei a tratar Jiyong normalmente e prosseguimos com sua ajuda em meu quadro, mas minha falta de habilidade em esconder minhas emoções dele e seu jeito observador o faziam perceber claramente minha chateação.

    Se ele estava atraído por mim assim como eu estava por ele, o que pude perceber em sua relutância quando estávamos tão próximos, por que simplesmente se afastava de mim?

    Será que havia algo de errado comigo?

    Será que ele me achava infantil ou sem graça?

    Ele realmente queria evitar que prejudicássemos a construção dessa amizade caso me magoasse?

    Talvez ele já tivesse conhecido alguém e não queria me magoar mais, afinal Jiyong era extremamente bonito, charmoso e chamava a atenção pelos lugares que passava pelo simples andar.

Com seu estilo peculiar de se vestir, cada dia em um estilo diferente e abusando de roupas que pareciam ter sido feitas para ele, Jiyong também era um homem de bom gosto e muito cheiroso por sinal, pude confirmar isso no dia anterior quando senti o calor de seu corpo. Com seus olhos castanhos de águia, observava tudo de forma cautelosa, um homem considerado misterioso, algo que atraía facilmente as pessoas para ele. Era bem possível que Jiyong possa ter conhecido alguém de seu interesse nesse um mês que chegou aqui.

    Todos esses questionamentos me frustravam. Nunca havia tentado ser a pessoa que investia até conhecer o pintor, não sabia como era ser rejeitada por alguém nesse sentido, ainda mais por alguém como Jiyong que optava por utilizar poucas palavras.

    No dia seguinte acordei com uma mensagem simples do mesmo, um simples "Espero que esteja tudo bem entre nós, Daisy." que preferi não responder naquele instante. Seu jeito doce ao me tratar me fazia sentir como uma pétala de flor, mas eu estava com raiva dele agora.

    Com o decorrer do domingo daquela primavera, Catherine parecia ficar mais ansiosa e nervosa conforme as horas passavam. Ela já havia feito seu cabelo, me obrigou a pintar suas unhas, foi a casa de massagem e disse estar evitando comer pois sentia que ia vomitar de nervoso.

    Sim, minha mãe havia voltado a ser uma jovem apaixonada e eu estava achando extremamente fofo.

— Mãe, se acalme, você estará linda. Se ele marcou esse jantar é porque já está bem apaixonado por você, não sei porquê está nervosa desse jeito.

— Flora, você não entende. Faz muito tempo que não sinto essas coisas. – Ela suspira levemente e senta ao meu lado no sofá. — Quando ele está perto de mim sinto meu estômago embrulhar e parece que não consigo respirar direito, quando estamos conversando e ele tem aqueles olhos enormes em mim através dos óculos parece que perco o compasso das coisas e falo coisas bobas. Me sinto como se tivesse voltado aos meus vinte anos!

    Sorrio com suas palavras. A liberdade que minha mãe sente em dizer como se sente em relação aos sentimentos dela como mulher me faziam agradecer a amizade que temos. Às vezes essa amizade me trazia momentos em que ela contava sobre sua vida sexual detalhadamente demais para o meu interesse, mas nada é perfeito nessa vida.

— É o que se sente quando está apaixonada. Não é irônico que você escreva sobre isso há anos e mesmo assim se surpreenda pelos sentimentos à flor da sua própria pele? Todos esperam que escritores saibam lidar bem com suas emoções, como gurus ou algo assim.

— Bem, só porque você estuda arte não quer dizer que saiba pintar, né?

    E isso fazia todo sentido.

Singular - Kwon JiyongOnde histórias criam vida. Descubra agora