Querido diário,
você não vai acreditar! Im Jaebum aproximou-se de mim hoje! Foi totalmente do nada, eu estava tomando meu café nas mesinhas de fora da minha cafeteria favorita no campus, pegando um pouco de sol para não parecer um morto vivo, aproveitando o tempo livre para terminar algumas anotações, quando ele de repente chegou, me cumprimentou com um sorriso e perguntando se poderia sentar-se comigo. Sendo o bom pateta que eu sou, gaguejei um pouco ao responder, entretanto logo o deixei se acomodar na cadeira de ferro a minha frente. Jaebum ficava muito mais bonito assim a luz do sol, com a luz quente o beijando a pele.
Bem que eu poderia estar beijando ele também, não é, diário? Mas meu conto de fadas não estava se desenvolvendo o tão rápido quanto eu gostaria.
— Hyung, você sempre fica aqui esse horário? — Ele questionou, cruzando as pernas, me fitando.
Eu não sabia o que era, diário, mas Jaebum tinha um charme próprio. Era uma mistura de mistério, sensualidade e, por mais doido que isso soasse, fofura. Ele me encarava com seus olhos afiados como se pudesse me ler por inteiro, contudo tinha um sorriso e postura de um adolescente descobrindo coisas sobre seu livro favorito ou qualquer coisa bonitinha do tipo. Às vezes eu me perguntava se o que eu pensava saber sobre Jaebum era mesmo algo relacionado com a realidade ou fruto de expectativas que eu montei dele; com tantos boatos, informações mal explicadas e fofocas, eu certamente tinha uma visão própria dele que talvez sequer tivesse uma relação com ele realmente era.
E não que eu ficasse decepcionado ou com as expectativas frustradas cada vez que ele agia de certa forma e me surpreendia, diário, é que era estranho. Nós estamos sempre montando imagens de pessoas, imaginando como elas devem ser, como as coisas irão acontecer, e acabamos nos esquecendo que nada disso é do nosso controle. Eu não ficava decepcionado ao saber que ele gostava mais de gatos do que de cachorros, mas certamente essa informação causava certo impacto em mim por ser algo que eu não esperava dele, e para ser sincero de forma alguma Jaebum precisava — ou deveria — atender minhas presunções, mas isso certamente alterava, mesmo que de forma ligeira, minha forma de interagir com ele. Presumir, algo comum, sempre foi um hobbie feito para nos frustrar.
Eu ouvi muito sobre sua personalidade fria, sobre como ele não era de se importar com pessoas desconhecidas muito além do comum, e isso sempre me deixou um pouco hesitante sobre sua pessoa. Mas agora ouvindo-o, vendo seu sorriso e notando o quanto ele parecia interessado sobre mim, tal faceta maldosa sua foi derrubada. Uma expectativa dele que eu criei e felizmente Jaebum não atendia, algo que estava acontecendo bastante enquanto eu descobria mais sobre ele.
— Hum, não todos os dias. — fechei meu caderno. — Geralmente é quando eu tenho um tempo livre de verdade.
— De verdade? — Jaebum franziu o cenho.
— É. Como hoje, por exemplo: eu tenho essas anotações para terminar, mas não precisava fazê-las hoje. Como tenho tempo livre, vim para cá terminá-las. Você sempre vai me ver aqui fazendo algo, mas apenas quando eu estou com tempo de sobra... Fez sentido? — Perguntei confuso, fazendo-o rir.
— Sim, hyung, fez sentido. — sorriu. — Eu estou te atrapalhando? Se esse for o caso, posso ficar quieto...
— De forma alguma. — sorri de volta a Jaebum, que pareceu contente. — E você? Sempre por aqui quando tem tempo livre ou apenas parou para comer algo?
— Eu parei porque vi você, hyung. Vim dizer um oi.
Eu quase não consegui conter o gritinho de felicidade, diário. Quase.
— Você é muito simpático, hum. A gente mal se conhece e você tem essa consideração por mim.
Jaebum sorriu um pouco tímido, mas não perdeu a postura. Pelo contrário, ele apenas fez se ajeitar na cadeira, mostrando conforto, então me fitou por alguns segundos antes de continuar a falar.
— Hyung, você está se fazendo de bobo para mim, não é? — Ele perguntou um pouco mais baixo, maneando a cabeça.
Franzi o cenho, genuinamente confuso com suas palavras.
— Não, Jaebum. Por que eu... Não entendi bem o que você quis dizer.
Ele me fitou novamente por mais alguns segundos, seu sorriso beirava diversão e apesar de eu não estar entendendo quase porcaria nenhuma do que Jaebum estivesse dizendo, não consegui conter o sorrisinho que escapou em meus lábios, o que talvez possa ter passado a impressão a ele que eu estava mentindo — o que não era verdade, afinal minha mente ainda tentava processar porque diabos ele estava achando que eu estava me fazendo de bobo. Jaebum ajeitou novamente o corpo na cadeira, então suspirou ao que de repente o som da notificação de uma mensagem em seu celular cortou sua fala completamente antes dela sequer ter sido iniciada. Em uma olhada rápida, ele fez uma careta e voltou a guardá-lo no bolso.
— Hyung, me desculpa, eu tenho que correr até o laboratório. — resmungou, levantando-se um pouco frustrado. — Nós podemos terminar essa conversa outro dia?
— Eu adoraria! Não entendi de verdade o que diabos você quis dizer agora há pouco, então continuar o papo outro dia me ajudaria a compreender essa pergunta melhor. — fui sincero, fazendo-o rir. — Pode ir, Jaebum-ah. Espero que você resolva o que quer que te fez ter essa expressão de ódio no rosto.
Ele sorriu, assentindo.
— Obrigado. Espero te encontrar outra vez aqui. — Acenou, começando a andar rapidamente até o bloco de exatas.
Eu o vi encolher até sumir de vez de minha vista, logo permiti um suspiro escapar. Eis uma coisa engraçada, diário: Jaebum parecia ser um péssimo mentiroso, mas tinha certa facilidade em guiar as pessoas para longe do assunto principal, usando isso ao seu favor. Eu acho que mesmo que perguntasse diretamente outro dia o que ele quis dizer sobre eu estar fingindo, ainda sim não conseguiria sua resposta sincera e sim um bando de palavras enroladas e criptografadas. Tinha perdido a chance de realmente saber o significado do que ele tinha dito, mas não negava que estava feliz em pelo menos ter passado certo tempo na companhia dele. Você entende, não é? Quando seu crush se convida para sentar, conversa com você e é tão gentil, não é como se uma pequena confusão rapidamente tirasse essa sensação de felicidade.
Ai ai, diário. Será que eu sou um pouco trouxa por ele?
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Querido Diário
FanfictionÉ o século XXI, mas Youngjae ainda usa diários por achá-los mais confiáveis que as notas do seu celular. Naquele diário em especifico, ele narrou o primeiro encontro com Im Jaebum, o calouro que estava lhe roubando suspiros diariamente.