Querido diário,
pedidos de namoros são coisas difíceis, mas ainda bem que não fui eu que fiz o nosso.
(sério)
A coisa com Jaebum foi de um beijo meio bobinho a beijos mais sérios e mais frequentes. Eu não estava reclamando, ele certamente não estava também e as coisas iam bem. Não tinha admitido que gostava dele ainda, isso era algo muito complicado para alguém inseguro fazer de repente se um longo e esquisito plano de ação, entretanto eu acho que era claro que eu sentia algo pela forma quase idiota que o encarava fazer qualquer coisa. Até mesmo meus professores já tinham percebido, afinal tudo que eu fazia agora envolvia o tema romance: casais apaixonados, corações, sentimentos explodindo pra todo lado. Eu estava apaixonado, era óbvio. Me cuidando mais, tentando parecer mais apresentável todos os dias, sorrindo bobo do nada. Oh, deuses, como eu estava apaixonado.
Meus amigos faziam comentários, meus pais soltavam risinhos quando eu falava sobre, todo mundo parecia tão envolvido quanto eu. Mas Jaebum ainda não sabia. Eu sei, diário, ele deveria ter sido o primeiro a saber, até porque se algum relacionamento for existir, vai ser entre eu e ele, só que eu não consegui, sabe? Não deu, não ia. Toda vez que olhava para ele, as palavras paravam na boca e dali não saíam por nada — nem mesmo quando, em uma festa que estávamos, eu vomitei aquela bebida horrível que tinham me dado para experimentar. Parecia um desafio muito difícil admitir a Jaebum que eu gostava dele, e talvez isso se desse porque, bem, na minha concepção, tinha muito mais peixe no mar para ele pescar.
Essa foi muito ruim? Se sim, não me diga, diário (não que você possa, de qualquer forma, mas só... Só não me diz, ok?).
Mas eu seguia vivendo, beijando e pensando quando iria tomar coragem na cara e admitir que, caramba, como eu gostava daquele cara. Cada momento com ele, cada nova coisa que eu descobria, as risadas, os beijos de esquimó, os abraços e cafés para lá e pra cá, tudo com Jaebum era realmente bom, saudável e promissor. Mesmo no começo, quando ainda era estranho fazer algo a mais que beijar, era perfeito e me fazia feliz, então conforme as coisas iam evoluindo eu apenas sentia a necessidade de gritar ao mundo inteiro o quão contente eu estava; a coragem, entretanto, não encontrei nem no fundo de um copo de cerveja, o que era no mínimo triste levando em conta que eu sempre bebi para cometer as loucuras que já queria realizar faz tempo.
— Hyung, você está aqui comigo na terra? — Senti seu corpo se chocar contra o meu ao que ele sentou-se ao meu lado, o que me fez despertar.
Jaebum andava mais bonito do que o normal, ou talvez fossem meus olhos, mas, enfim, eu ainda suspirava terrivelmente por ele, sem me conter ou tentar fingir que não estava o fazendo, afinal não tinha mais porque tentar esconder, ele já tinha percebido. Então, quando o bonitão chegou e sentou ao meu lado, tudo que eu fiz foi sorrir sem graça e desejar amassá-lo dentro dos meus punhos. Um pouco agressivo, eu sei, mas é que coisas adoráveis despertam esse lado violento meu. Há um nome para isso, é tipo uma doença ou algo assim, eu não me lembro exatamente qual, entretanto Mark comentou comigo uma vez depois de eu ter mordido o braço dele de repente porquê, bem, Mark também era adorável.
— Só estava, sabe, pensando em trabalhos e coisas chatas. — Sorri sem graça a ele, que riu.
— Você anda avoado, hyung. — Jaebum retirou alguns fios de cabelo do meu rosto com carinho. — Estresse?
— Um pouco. — Não menti, eu estava estressado carregando todos esses sentimentos em silêncio. — Mas vai passar.
Ele me fitou por alguns segundos, então maneou o corpo para cima do meu e beijou minha bochecha, logo seguindo até os lábios em uma série de beijinhos rápidos, me fazendo rir. Ele era bobo, extremamente bobo, e o pior que eu ficava igualzinho a ele.
— Vai ficar tudo bem. — Jaebum garantiu, sorrindo de lado. — Onde é sua próxima aula?
— Hum... — Com uma careta, tirei meu telefone e chequei os horários. — Na sala B do meu bloco, por quê?
Jaebum se levantou, estendendo a mão para mim.
— Vamos, eu vou te acompanhar até a sala.
Segurar as mãos era novo para nós. Com as bochechas queimando, eu entrelacei meus dedos nos dele e nós seguimos até a sala. A todo momento, quase como se fosse uma criança que acaba de ganhar o presente perfeito de natal, eu sorria bobinho e tentava evitar fitá-lo, porque caso contrário sabia que iria ficar corando a todo momento. Jaebum também era todo sorrisos, o que me deixava ainda mais contente. Era um bom momento para eu me confessar, não é, diário? O momento perfeito, eu diria, mas o meu medo de estragar tudo que tínhamos falou mais alto novamente, então eu permaneci quieto aproveitando do calor de sua mão, sentindo nuvens debaixo dos pés e contando estrelas na minha visão. Estar apaixonado, apesar de estressante em alguns momentos, era divertido.
Quando chegamos na porta de minha sala, Jaebum não soltou minha mão. Na realidade, apesar disso ter me feito franzir o cenho, ele adentrou-a e me puxou junto com um risinho. O modelo auditório revelava um enorme espaço que sempre estava limpo, portanto os detalhes em vermelho para todo lado nos balões, pétalas e algumas outras coisinhas certamente foram notados por mim, que não estava acostumado com aquilo. Além disso, no quadro, bem grande como um aviso, estavam as palavras que eu queria dizê-lo a todo momento. Eu gosto de você. Não, não só isso. Eu estou apaixonado por você, Choi Youngjae. Meu coração não estava batendo naquele momento, parecia que eu estava existindo. Jaebum gostava de mim. Jaebum gostava de mim.
Ele não só gostava de mim, ele estava apaixonado.
Im Jaebum, apaixonado por mim.
Apaixonado.
E mais abaixo, um pouco menor porque a confissão ocupava quase todo espaço, estavam as palavras que eu tanto sonhava dizer ou ouvir dele: namora comigo?
— É meio bobo, hyung, mas eu... Eu sou um romântico incorrigível. — Ele riu, apertando minha mão de leve, esperando uma resposta.
Na minha cabeça muita coisa acontecia, meus divertidamente estavam atacados. A felicidade estava pulando, gritando, liberando muita endorfina. Eu me sentia elétrico, capaz de correr duas maratonas, completamente vidrado. O coração agora batendo, alto, gigantesco na minha cabeça, e a mente só pensava em uma coisa: diga sim, diga sim, diga sim, diga sim. E eu disse sim, baixo, fraquinho, porque ainda era irreal ser pedido em namoro por Jaebum, o cara que há alguns meses atrás eu admirava de longe com medo que percebesse minha presença. No começo, acho que ele não ouviu bem minha resposta, então franziu o cenho e inclinou o corpo para perto. Foi aí que explodi.
— Sim! — gritei, abraçando-o, fazendo Jaebum tomar um susto. — Nossa, sim! Aceito muito, como eu aceito.
Jaebum riu, me abraçando de volta.
— Eu estou tentando te dizer que estou apaixonado faz tanto tempo. — murmurei, envergonhado.
— Eu percebi, hyung, você não é sutil. — Ele me deu um selinho. — Não se preocupe, eu estou aqui para te impulsionar quando você precisar.
Com um sorriso todo bobo, todo derretido, eu apenas assenti, me deixando beijá-lo novamente, e novamente, e mais uma vezinha, mais umazinha... Você já entendeu.
E foi assim, diário, que eu comecei a namorar Im Jaebum. O resto, bem, o resto é só coisinhas bobas de namorados.
(Eu estou namorando, eu posso dizer isso! Na-mo-ran-do! E meu namorado, isso mesmo, na-mo-ra-do, é Im Jaebum. Ai, diário, como eu estou feliz.)

VOCÊ ESTÁ LENDO
Querido Diário
FanfictionÉ o século XXI, mas Youngjae ainda usa diários por achá-los mais confiáveis que as notas do seu celular. Naquele diário em especifico, ele narrou o primeiro encontro com Im Jaebum, o calouro que estava lhe roubando suspiros diariamente.