Butterflies

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P.O.V Bianca

Verão de 2011. Eu já tinha por volta de meus 17 anos. Desde o acampamento, eu não parei de conversar com Rafaella um dia que fosse, e nos tornamos inseparáveis, mesmo que estivéssemos longe. Eu contei sobre ela para Mari e Flay, que não gostaram muito na época e acharam que eu estava as trocando, mas não era nada disso! E, depois de um tempo, elas até viraram amigas também. Não poderia dizer que estamos um quarteto, mas era bom que minhas três melhores amigas nesse mundo fossem próximas, assim evitariamos qualquer tipo de briga.

Com a chegada das férias, meu pai havia prometido que eu poderia viajar com Rafaella, coisa que eu já estava pedindo para ele há um tempão, e ele foi vencido pelo cansaço. Durante esses quatro anos, ele já havia conhecido Rafaella e sua família em uma das poucas vezes que viajamos para jantar lá, ou quando ele me deixava lá nos fins de semana para que passassemos juntas. Então, já havia uma certa relação de confiança entre meu pai e os pais dela, que me tratavam como uma terceira filha. Havia Renato também! E, meu Deus, eu detestava crianças! Mas Renato era uma exceção. Era divertido quando nos juntavamos para aprontar com Rafa, ela ficava doida por isso!

Agora, já crescidas, não brincávamos tanto quanto antes. Tínhamos outros interesses, como os estudos, a moda e garotos. Esse último só por parte de Rafaella, pois eu não possuía qualquer interesse que fosse em meninos. Eu não sei, talvez não houvesse chegado a hora ainda, ou eu somente não gostava... A última opção tornou-se mais valida com a chegada dos 17 anos.

Enquanto Rafaella já havia passado por alguns relacionamentos — que particularmente não me agradaram em nada —, eu estava descobrindo sentimentos nunca antes vividos. E, estranhamente, pela pessoa que era mais próxima de mim. Sim, a própria Kalimann.

Eu achava que só estava confusa sobre isso, pois além de ser a única pessoa com quem eu me relacionava socialmente — tirando Giselly, que nunca largou do meu pé —, Rafa também era uma das poucas pessoas que me tratavam com um carinho imenso, mas isso derivado da nossa grande amizade. Então talvez eu só estivesse confundindo as coisas.

Era o que eu pensava! Mas só pensava mesmo.

No momento, meu pai estava me levando para o aeroporto. Eu e Rafaella iríamos passar um tempo na praia, coisa de duas semanas ou mais, apenas nós duas e aquele bom e velho Ubongo. Nós nunca nos cansavamos daquele jogo, e até ensinamos Renato a jogar. Mas, voltando para o foco, eu estava estranhamente nervosa por passar aquele tempo com ela a sós. Isso nem faz sentido, pois somos melhores amigas, mas desde que comecei a questionar meus sentimentos por ela, eu me sentia estranha por estar perto dela sem ninguém por perto. Não de uma forma ruim, eu adorava, mas ficava agitada e tímida! E era vergonhoso, pois já passamos da fase de nos constrangermos com pequenos atos.

Me despedir de meu pai era sempre terrível. Mas, graças a Deus e ao amadurecimento, eu não me agarrava mais as suas pernas e fazia um escândalo para não ir para qualquer lugar que fosse. Mesmo que estivesse prestes a fazer isso agora. Nós nos abraçamos e ele disse para eu tomar cuidado, e não dar atenção para nenhum garoto pervertido que estivesse por lá, o que era completamente controverso aos seus discursos diários sobre eu precisar de um namorado que me tirasse de casa para ver a luz do sol. Rafaella já fazia isso! O que ele queria mais? Mas eu sabia o que aquilo queria dizer.

Nem em sonho meu pai admitiria que eu me relacionasse com uma garota, seja lá quem fosse, e ele nem mesmo desconfiava que eu pudesse sentir atração por meninas e não por meninos. E, caso ele desconfiasse, preferia não entrar no assunto. O meu medo era que sim, eu gostasse de garotas e sim, estivesse apaixonada por Rafaella. Pois eu sabia que não, ele não apoiaria isso de jeito nenhum e pior, decidisse me afastar dela por causa disso. Então, ele nunca saberia por mim.

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