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Como tarefa a minha escrava, dei-lhe uma ordem: escrever um conto sobre o seu ponto de vista, eis o resultado:
Uma tarde nublada, um hotel insuspeito na Gávea, dois corpos em brasa e um segredo. Uma fórmula lasciva perfeita...
Não sabia exatamente para onde íamos. Rafael, minha perdição com nome de anjo, apenas tinha dito que deveríamos celebrar nosso encontro em um lugar diferente e que eu não iria me arrepender. Como todas as propostas dele, impossível declinar diante daquele sorriso de canto cheio de charme e malícia, convidando-me para algum paraíso paralelo secreto.
Sabia que pegávamos um metrô sentido à Gávea, mas ele me disse que teria de andar mais vinte minutos. Entre ladeiras e esquinas, Rafael me conduzia pela mão, sempre quente, como todo o resto do seu corpo, que com frequência derretia o meu, nesse momento frio pela brisa gelada do inverno e pela ansiedade do que estava por vir.
Pela breve caminhada, minhas meias pretas sete oitavos já estavam deslizando as rendas por minhas pernas que transpiravam, quando avistamos um moinho em cima de uma construção antiga, mas aparentemente bem cuidada. Moinho do Leste, foi onde entramos por uma portinhola de vidro e Rafael pediu as chaves do quarto 18, juntamente com um balde de Heineken.
Pelos motéis em que já estivemos, e foram vários, dos mais variados valores, detalhes e fetiches, aquilo me parecia comum demais para uma promessa de brasa, fogo e prazer. Mas a impressão mudou de repente, depois de subirmos alguns degraus em carpete e meu doce algoz girar a maçaneta do quarto vermelho, convidando-me para entrar com um beijo intenso de perder o ar e uma apalpada de leve em minha bunda.
Eu o apelidei de quarto vermelho por ter visto referência de algo assim em um livro, mas aquilo ultrapassava em muito minha imaginação. No centro do quarto, havia uma cama retangular coberta de cetim vermelho escarlate onde repousavam quatro correntes que partiam do nada e terminavam em algemas prateadas, cheias de promessas nefastas. Nas paredes vermelhas luxuriantes, havia detalhes em madeira esculturada por toda a extensão, mas o que mais me chamou a atenção foi um enorme X cravado na parede, com algemas nas quatro pontas, fazendo imaginar quão contorcida é preciso estar para se encaixar ali. Do lado esquerdo um cavalete de dominação que, ao mesmo tempo em que provocava medo, deixava minha calcinha molhada só de imaginar o que poderia fazer ali. O quarto vermelho não tinha janelas, mas apenas pequenas grades altas, pintadas de preto, de onde pendiam chicotes, palmatórias e coleiras. Sob uma mesa de canto, repousava uma caixa dourada aberta, que revelava vibradores, plugs e pregadores de mamilos.
Só de observar tudo aquilo meu corpo já se encheu de ansiedade e tesão. Ia sobre o quarto quando Rafael colocou o dedo em meus lábios, em sinal de silêncio e com a voz mais sedutora do Olimpo sussurrou em meu ouvido:
- De agora em diante, sou seu Dono e senhor, sou seu mestre e você é minha escrava, minha cadela obediente que vai fazer tudo o que eu disser e pedir permissão para qualquer movimento, inclusive para gozar, entendeu?
Aquilo me fez estremecer todo o corpo e só consegui responder um frágil "Sim, senhor!" Vendo seu sorriso de satisfação e seu olhar lascivo me comer com os olhos antes de me fazer ajoelhar na cama acetinada.
Rafael é um homem fascinante, em todo o seu esplendor de quase dois metros de altura, magnificamente bem distribuídos em seus braços fortes, seu abdômen rígido e pernas habilidosas que se entrelaçam em meu corpo como a chama e o calor. Seu maravilhoso rosto é encoberto por uma barba densa, mas macia, que encobre um retangular maxilar dando um ar de mistério e desejo. De feição predominantemente séria, seus olhos castanho-havana transmitem mistério e aventura e são tão convidativos quanto um absinto no qual desejo me inebriar a noite toda.
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Dom Rafael - Confissões De Um Sado.
Short StoryContos eróticos narrados pelo ponto de vista de um Sado. Histórias de dominação e submissão.