Missão Suicida

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Japão, 08:30 AM

— Tenho uma missão para você, agente Hawks.  — disse Enji, sério, assim que ouviu a porta do seu escritório ser fechada. Sabia que era ele sem nem olhar. 

— Missão dada é missão cumprida — disse o subordinado, dando uma piscadela enquanto sorria para Chisaki, que estava em pé perto da porta, observando as costas do chefe antes de encarar o recém chegado. 

— Se fosse você, tirava esse sorriso idiota do rosto, é uma missão quase suicida, e o fracasso resulta em demissão — resmungou Chisaki, a última palavra soando em um tom perigoso e ameaçador. 

Keigo se segurou para não engolir em seco; sabia bem o que demissão significava: morte. Ninguém era demitido da U.A, grande corporação de inteligência japonesa. Uma vez contratada, a pessoa só se se desvinculava dos serviços com um atestado de óbito e uma morte inexplicável, a qual os parentes próximos diriam ser mais uma fatalidade — isso se o agente tivesse parentes próximos. Trabalhar espiando nações e roubando informações era algo importante o suficiente para ser também uma ameaça, afinal. 

— Mas Hawks não vai falhar, não é? — indagou Enji, dando as costas a visão da cidade de Musutafu, que se revelava através da grande parede de vidro de seu escritório, para enfim encarar os olhos atentos de seu subordinado. 

O enorme prédio era apenas uma fachada, onde as pessoas acreditavam serem tratados negócios acerca de moda, revistas e futilidades do tipo. De fato, o mundo acreditava que Enji era um grande estilista, atrás apenas de Toshinori, o melhor do país. Era um ótimo disfarce e lhe dava muito dinheiro, então, Enji não se incomodava muito em parecer um boneco de luxo quando era na verdade o maior espião em potencial no Japão. 

 — Nunca falhei, não vai ser agora que isso vai acontecer — respondeu Keigo, sorrindo de forma convencida. Havia demorado quase um minuto para responder, mas isso era só um detalhe, claro. 

— Espero que sim — rebateu Enji, a voz dura ecoando no escritório. — Chisaki, prepare o equipamento, ele de madrugada. 

— Tem certeza de ele pode usar aquela coisa? — indagou o agente "galinha" (apelido carinhoso dado por Keigo, devido a enorme máscara mecânica em formato de bico que Chisaki utilizava). Parecia desconfiado e desgostoso de entregar o que quer que fosse para Hawks. 

— Ele é o melhor pra usar aquela coisa, se ele não pode, ninguém além de mim poderia — retorquiu o homem enorme, de forma ríspida. — Vá preparar tudo, Chisaki, seus serviços não são mais necessários aqui. Certifique-se de que a jaqueta esteja impecável para o uso. 

Galinha saiu do escritório, lançando um olhar raivoso ao colega, que respondeu com um sorrisinho de escárnio. Mas, assim que a porta se fechou atrás dele, Keigo endireitou a postura, tornando-se sério e atento. 

— Qual é a missão, senhor? 

— Resgate. Os EUA roubou algo que era nosso, e preciso que isso seja recuperado o quanto antes.

— Certo. E onde exatamente está esse algo? E do que estamos falando? Armas poderosas, alguma tecnologia revolucionária, algo pequeno ou grande? — Indagou Hawks, adquirindo postura de agente sério. 

— Área 51, nenhuma das possibilidades levantadas, grande e que possui vida própria — respondeu Enji, sem querer entrar em detalhes.

— Área 51? É sério? — Hawks arregalou os olhos, abismado. De repente, suicida parecia um termo bem adequado para classificar a missão. 

— Pareço estar brincando? — retorquiu Enji, visivelmente irritado. 

— Não, desculpe, senhor — Keigo se retratou como pôde, tentando manter-se impassível enquanto era analisado. 

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