Invadindo a Área 51

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Andando pelas ruas de Las Vegas, Hawks observava as horas no relógio; eram 21h36min no fuso horário do país, e o agente sorriu, satisfeito. 

A primeira parte do plano havia transcorrido com sucesso. No avião da agência, Hawks tinha partido do Japão às três da manhã, demorando cerca de duas horas e trinta minutos para atravessar o Oriente, num avião tecnológico que voava numa velocidade três vezes maior que o comum, possibilitando assim que ele reduzisse as horas de vôo (que normalmente levavam cerca de dez ou onze horas). Dessa forma, havia chegado ao aeroporto de North, em Las Vegas, 04h30min no fuso horário japonês. Os cálculos haviam sido perfeitos. 

Durante a próxima meia hora, só precisava fingir que era um "japa" milionário, ansioso por curtir uma noite hardcore de jogos na cidade maravilha dos EUA. Encontraria um bêbado qualquer em algum cassino, daria seus documentos falsos e um cartão Black com todo dinheiro que o desgraçado pudesse gastar, com a única condição de que o fizesse com o nome que constava nos documentos (Izumi Takiro). Isso tudo para ter um bom disfarce, pois o bêbado agiria como se fosse ele, com os documentos que Hawks tinha dado no aeroporto. A partir daí, podia enfim começar a parte divertida da missão. 

Essa segunda etapa não foi nada difícil de cumprir. Hawks havia entrado no primeiro táxi que avistara e ordenado o rumo para Bellagio Cassino, um dos melhores da cidade. 

Depois, entrou, bebeu uns drinks e se pôs a circular. Beijou uns homens e garotas (fazia parte do disfarce, claro), jogou algumas partidas de Poker e fez um amigo. Não foi difícil convencer esse homem a sair dali, em busca de algo maior — uma noitada no Caesars Palace, o cassino mais conhecido do mundo. 

A partir de então, tudo tinha ocorrido com uma facilidade quase sem graça; entregou o cartão, a senha e os documentos e deu algumas instruções. O bêbado ficou tão eufórico que não se importou em fazer perguntas, apenas saiu tropeçando nos próprios pés, murmurando seu novo nome temporário — o qual lhe permitiria até dar uns golpes, se tivesse sorte. Hawks observou do outro lado da rua, vendo o homem sumir na entrada do Caesars. Sorriu com satisfação para si mesmo. 

Tendo o cuidado de fugir da vista das câmeras, Hawks caminhou lentamente, a procura de algum beco escuro e deserto para se esconder e poder então desativar o sistema de camuflagem das suas asas. Sinceramente, às vezes o agente ficava assombrado com os equipamentos da agência, principalmente quando eles provinham da empresa de Mei Hatsume, um gênio naquela área. Pareciam de outro mundo. 

Demorou algum tempo até que ele encontrasse um lugar obscuro e sombrio naquela região, podia dizer que havia andado a esmo por pelo menos meia hora. Consultando o relógio, se surpreendeu ao notar que já passava das 23h30min. A hora havia realmente voado desde que desembarcara no Bellagio. Finalmente, Hawks observou um beco escuro e vazio, que possuía um terrível odor de urina humana, fezes de gato e lixo. 

De fato, havia tudo aquilo espalhado aqui e acolá nos recantos do local, mas o agente ignorou. Aquele não era seu foco. Somente quando estava no fundo do beco, certo de que ninguém o veria, Hawks se permitiu reativar suas asas, fazendo com que elas aparecessem sem ruído algum. Após se alongar, verificar mais uma vez os arredores e inspirar fundo, ele se permitiu alçar vôo, agachando-se como se fosse dar um salto, para dar impulso. Uma vez no ar, sentiu as asas abrirem para que pudesse subir, cada vez mais rápido. Logo, estava acima dos prédios que cercavam a ruela estreita e fétida, e já podia planar mais calmamente, avaliando o mundo abaixo para decidir qual rumo devia tomar. 

Primeiro, subiu o mais alto que pôde, ficando acima das nuvens que encobriam o céu. Por sorte, a noite estava nublada o suficiente para facilitar seu trabalho. Enfim se permitiu planar levemente, a brisa acariciando seu rosto. O equipamento lhe protegia do frio causado pela altitude, de modo que Hawks estava completamente confortável, fazendo aquilo que mais amava: voar. E fazer isso com um par de asas era muito mais fascinante do que estar dentro de um avião, claro. 

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