Conhecendo

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Um bom tempo se passou, no ponto de vista do chinês; rápido demais, pois já estavam na metade do outro ano. Dentre esse tempo conseguiu um emprego, sendo obrigado a conversar com o pessoal da LTM para mudar seus dias de prática aos finais de semanas, dos quais ficaram livres. E desde então seus dias ficaram corridos e sem muita diferença, se resumindo em acordar, comer, trabalhar, banho, comer e dormir. Adentrou um ciclo monótono do qual lhe causou, no mesmo tempo, cansaço e sorrisos. Fez bastante amizades fáceis, o que tornou o ambiente menos desgastante e auxiliou em seu rendimento.

Por conta de seu tempo livre encurtar, pouco tempo tivera com Mark. No início aquilo lhe chateou, incomodou e até mesmo chegara a pedir desculpas ao rapaz, mas diria que agora se acostumou com o fato, não se incomodando tanto, por cretinamente ter na mente que o mais velho não ligaria tanto para si. Acabou chegando nessas conclusões por nunca ter ganho um olhar chateado, uma palavra que mostrasse carência; foram sempre expressões indiferentes e os movimentos leves de seus ombros que subiam e desciam com um "tudo bem".

Contudo, era completamente o contrário do que ele pensava. O problema seria que Mark não queria dar o braço a torcer com aqueles sentimentos.

Apesar de ter consciência do que sentiu quando recebera a notícia do horário apertado do amigo, não queria crer no mesmo. Não assumiria que uma decepção foi lhe consumindo a cada dia que não trocara mais do que cumprimentos com o mais novo, que sua companhia lhe fazia falta, que queria aquele ser um pouco mais para lhe distrair.

Sem as palhaçadas de Jackson sua vida tem gradativamente voltado ao nível pacato.

E por mais que o visse nos finais de semana, percebia que seus laços estavam fracos. Ambos estavam distantes, sem mais com a quantia de assuntos que tinham antigamente, e de fato aquela coisa frustrava o de cabelos tingidos.

Depois que Yugyeom foi embora aquele dia, ele pensou muito no que ele disse. E quando se diz muito, é muito mesmo. Ele se intitulava hétero – considerando que aquele episódio fosse apenas uma fase comum de um adolescente com hormônios à flor da pele –, e ficar com Jackson realmente não estava em seus conceitos. Apesar de não haver empecilhos, achava que não estava apaixonado ao ponto de dar uma chance àquele incerto.

À medida que molhava sua dama da noite, alguns flashes surgiam em sua cabeça. Dentre eles um, que especificava o momento que a Hyun lhe pediu para que cuidasse da planta, e outro do qual já estava rodeado de conhecidos e certos desconhecidos em um velório. Seu maior desejo era esquecer daquelas cenas dolorosas que apareciam vez ou outra e ter uma paz duradoura.

Suspirou pesado, pousando o copo que utilizara para regar a planta no chão, e estacionou onde estava. Seu interior estava composto de um misto de egoísmo, irritação, e compreensão. Ele entendia como ninguém das responsabilidades que o loiro era dono, só que não sabia que ficaria daquela forma por passar menos tempo com o mesmo. Sua sala pedia por uma segunda pessoa, e por reconhecer que o mais novo precisava de descanso, não podia dá-la esse gosto. Poderia conversar com ele, entretanto um de seus maiores defeitos o impediam; o orgulho.

Mark Tuan sempre foi orgulhoso naquelas situações, por mais que ansiasse negar. Correr atrás nunca foi algo fácil para ele, e pensando nisso se perguntava de que maneira permanecia com amigos até os dias de hoje. Eles deveriam ter uma grande paciência consigo.

— Ah! Que droga... — ele gritou sozinho. Teria um treco em alguns segundos por tanto tédio.

Vivenciava um domingo de tempo fresco, fato que o fez cogitar a hipótese de sair um pouco (nem que fosse para dar uma volta ao redor do quarteirão), resolvendo em pouco tempo acatá-la. Verdadeiramente surtaria se continuasse no mais matador silêncio. Dentro do quarto, pôs uma roupa apresentável e rumou para fora do vinte e seis.

Aroma do Passado | marksonOnde histórias criam vida. Descubra agora