capitulo 2

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Eu fiquei um bom tempo parada olhando para aquele estranho atrás do vidro. Eu não conseguia entender, como eles conseguiram prender o cara errado e como eles chegaram até ele?!
-Policial Mitchell, como que vocês acharam esse cara?
-Com base nas provas. -Ele me olhou atordoado. -Eu e meu parceiro trabalhamos arduamente para podermos solucionar esse crime.
-Desculpe falar isso, Mitchell. Mas seu parceiro te fez prender a pessoa errada. Esse não é o assassino.
-Como assim não é ele, Kat? -Grita Mell. Ô menina escandalosa.
-Não é ele, ué. Eu saberia se fosse! –Digo a olhando e logo volto meu olhar para o policial bonitão.
-Me perdoe, senhorita. Mas ele foi encontrado com a arma do crime e com os sapatos que ele usou no dia do assassinato. -Ele fica tão fofo quando está nervoso. Foca, Kathelen!
-Interrogue ele. Sei que vocês já fizeram isso. Mas interrogue de novo. Diz que eu falei que ele não era o assassino. -Espero que isso dê certo. -Depois você me liga e me fala o que aconteceu. Tudo bem?
-Sim, claro. –Diz com as sobrancelhas franzidas, confuso. -Desculpe, senhorita. Vocês já podem ir.
Puxo a Mell pelo braço, que ainda estava babando pelo policial.
-Cuidado para não escorregar na sua baba, Mell. -Falo assim que saímos da delegacia. Não consigo segurar a gargalhada.
-Pode rir a vontade. -Ela falou fazendo biquinho. -Você baba pelo seu nerd fofo e eu não digo nada.
-Ai, nerd fofo! Tanto tempo que não o vejo. -Desde a noite do crime que eu não apareço na faculdade. Vou acabar levando uma bomba nesse semestre. -Beijos Mell. Se acontecer algo, eu te ligo.
-Ta bom, nega. Qualquer coisa me grita também. -Ela fala piscando o olho para mim enquanto eu me aproximava da minha casa.
-Pode deixar.
Entro em casa e fico pensando. Como foi que eles prenderam a pessoa errada?! Eles não são tão burros assim. Por que o parceiro do Mitchell o levou até esse sujeito?! Com que provas?! O assassino não ia ser tão idiota de deixar digital na arma.
Pois bem. Se eles não vão resolver isso, eu vou.
Abro a porta do antigo escritório de meu pai e começo a procurar algo que possa me servir de pista. Abro as gavetas, tento mexer no computador dele, verifico as pastas e nada. Direciono-me para a estante dele, cheio de livros e agendas. Depois de tanto ficar olhando para a estante enorme na minha frente, finalmente pego uma agenda que chamou minha atenção, era a única que estava no lugar errado. Como se meu pai não quisesse que alguém achasse, ou justamente o contrário. Não sei dizer, só sei que ela estava no lugar errado, e foi ela mesmo que resolvi pegar.
Sentei-me na antiga cadeira do papai, e abri a agenda. Tinha muitos números de telefone de muita gente que eu não conhecia. Alguns tinham anotações, por exemplo ANDERSON “nunca, em hipótese alguma ligar”. Era engraçado, como se ele esperasse que alguém encontrasse a agenda. Fui passando as paginas até que uma me chamou atenção, pois estava com o meu nome escrito, DETETIVE PARTICULAR  “Kat, se algo acontecer comigo, ligue para este número. Você vai estar sozinha, mas ele irá te ajudar. Se identifique como joia preciosa que ele vai saber que é você.” Foi aí que eu entendi, não era para qualquer um achar a agenda. Era para eu achar. Papai deixou ela ali para mim.
Fui pegar meu celular correndo, que tinha deixado no sofá e disquei o número que estava na agenda. Papai confiava em mim para resolver isso. E eu vou resolver.
-Alô. -Logo no primeiro toque uma voz muito familiar atendeu a chamada, mas eu não conseguia me lembrar de quem era aquela voz.
-É... -Eu estava nervosa. -Boa tarde.
-Boa. Pode me dizer quem está falando? -Como essa voz era tão familiar
-É... –Hesito por alguns segundos. -Quem está falando é a joia preciosa.
Eu fiquei nervosa. Não sabia se estava falando com alguém que quer o meu mal ou com quem vai me ajudar. Ele também ficou nervoso, estava demorando muito pra falar, tanto que eu virei o celular para mim para ver se a ligação não tinha caído.
-Oi. Ainda está ai? -Era para eu ficar muda, não ele.
-Claro, só estou surpreso que tenha demorado tanto tempo para ligar. Pensei que não fosse mais querer resolver o crime.
-Como você sabe que é isso que eu quero? -Ô sujeitinho ignorante. Reviro os olhos. Como queria que ele me visse fazendo isso.
-É para isso que está me ligando não é mesmo?! Então esteja sozinha em casa a noite. Mais ou menos às 19h horas eu chego aí e poderemos conversar.
-Mas como eu vou saber que vai ser você na porta?
-Pergunta inteligente. -Ele me achou inteligente. Mas não posso esquecer que ele é um ignorante. -Nosso código vai ser o mesmo, joia preciosa. Quando eu disser isso você irá saber que sou eu. Mas te peço para estar sozinha. Ninguém pode saber disso.
-Tudo bem. Se meu pai confiava em você, eu irei confiar também. Até mais tarde.
-Até.
Fico com uma sensação estranha depois que desligo o celular, como se alguém estivesse me observando, como se algo quisesse me atacar. Estranho. Eu tenho que descobrir por que mataram o meu pai, isso não tem sentido. Quem eles acham quem meu pai matou? Pelo menos vou ter um detetive que vai me ajudar a descobrir. Um detetive que eu não conheço, mas que tem uma voz muito familiar. Por que eu não consigo me lembrar de quem é a voz? Ou eu apenas estou confundindo as vozes das pessoas, o que vai provar que eu estou maluca.
Já eram cinco e meia quando saí do escritório. Resolvi tomar um banho e preparar algo para a gente comer enquanto estivermos conversando. Vai ser legal, vai ser tranquilo. Espero. E eu tenho que escolher uma roupa que simboliza isso, a tranquilidade. Escolho uma blusa regata apertada e um short jeans folgado. Penso em colocar meu tênis, mas preferi ficar de chinelo mesmo.
Fui para a cozinha preparar aqueles biscoitos caseiros. Os meus ficam deliciosos, ninguém nunca disse que não gostou. É uma receita bem fácil, mas que todos amam. Acho que vou fazer um cafezinho e um suco de laranja, não sei do que esse detetive gosta. Enquanto eu tirava os biscoitos do forno, a campainha toca. Olho o relógio assustada. Pelo menos esse detetive era pontual.
-Já vai! –Grito meio atolada. Estava tentando tirar o avental, mas como não consegui, resolvi ir assim mesmo abrir a porta.
-Olha só, ele é pontu... -Abro a porta e me assusto com quem eu vejo. Quem estava parado na minha porta é o Ethan, meu nerd fofo. Ele estava lindo todo de preto, nunca o tinha visto assim. Mas eu não esperava que um dia ele fosse bater na minha porta, sem contar que ele não sabe onde eu moro.
-Ah... Boa noite Ethan. Tudo bem? O que está fazendo aqui? –Pergunto confusa com a sua aparição. Mesmo depois de muito tempo sem vê-lo, ele me fazia sentir as mesmas coisas.
-Estou bem. -Essa voz... Onde foi que eu ouvi mesmo?!
-Então, o que está fazendo aqui? –Pergunto ainda querendo saber como ele descobriu onde eu morava. Ele riu, um sorrisinho fofo e meio tímido. Ô homem lindo.
-Eu vim para conversarmos, joia preciosa.
Ele disse joia preciosa. O meu código com o det... Peraí, a voz! Era a voz dele no celular, era dele que eu queria lembrar. É isso.
Ethan é o detetive particular.

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